Em 1 de Setembro de 1969, um grupo de militares chefiados por Mouammar Kadafhi tomava o poder na Líbia.
Em 1 de Setembro de 2011, a comunidade internacional acolheu, em Paris, os novos dirigentes líbios, numa Conferência onde ecoaram todas as boas vontades para ajudar o novo regime a consagrar um futuro de paz e democracia para o seu povo.
Portugal, que chefia nas Nações Unidas o "comité de sanções" que ajudou a isolar o regime de Kadafhi e que, no respetivo Conselho de Segurança, deu o seu apoio à resolução 1973, esteve presente nesta Conferência através do chefe do seu governo e do chefe da sua diplomacia. Somos um país com uma ativa política mediterrânica, com uma forte presença económica na Líbia desde há várias décadas e pensamos que a continuidade empenhada nesses laços bilaterais é a melhor forma de, à nossa maneira, contribuirmos para o regresso à normalidade do país.
A nova revolução líbia está praticamente concluída. Agora, é preciso reconstruir o Estado, num país onde o peso tribal e as tensões históricas entre a Tripolitânia e a Cirenaica colocam algumas interrogações. A Líbia não tem grande população, tem uma relativa homogeneidade étnica e religiosa, dispõe de quadros técnicos preparados e, o que é fundamental para ancorar qualquer processo de desenvolvimento, possui importantes recursos naturais. É decisivo que, sobre as feridas de uma guerra que foi muito violenta, se afirme rapidamente uma vontade de reconciliação e de pacificação interna, sob a égide dos novos dirigentes. Recorde-se que a mobilização da comunidade internacional foi feita com o único objetivo de criar condições para uma Líbia democrática e tolerante.
O rápido termo da violência no país, assente num processo intenso de desarmamento e desmobilização dos combatentes, é a chave para o sucesso da nova Líbia. A Europa, que esteve no centro da ação militar que muito contribuiu para a vitória dos rebeldes líbios, não pode dar-se ao luxo de assistir a que um novo ciclo de violência e morte se suceda a esta aplaudida revolução. A Líbia não deve converter-se no Iraque da Europa.
O rápido termo da violência no país, assente num processo intenso de desarmamento e desmobilização dos combatentes, é a chave para o sucesso da nova Líbia. A Europa, que esteve no centro da ação militar que muito contribuiu para a vitória dos rebeldes líbios, não pode dar-se ao luxo de assistir a que um novo ciclo de violência e morte se suceda a esta aplaudida revolução. A Líbia não deve converter-se no Iraque da Europa.
14 comentários:
sr embaixador
se me permite incomoda-lo
li recentemente que todo este processo podia ter sido abreviado se khadaffi nao tivesse tido um mandado de captura por parte do tpi, que o tera encurralado.
vale mais dar abrigo a um ditador terminando um conflito com menos danos, menos mortos, etc?
ou antes seguir a letra a justica internacional acabando por causar maior destruicao e sofrimento?
pareceu-me um interessante paradoxo
bem haja
em particular para os libios
Cara Anónimo da 01.01: vamos por partes.
1. a movimentações populares que, na Líbia, clamavam por uma "primavera" democrática idêntica às que tinham ocorrido na Tunísia e Egito, Kadafhi respondeu com repressão militar sangrenta.
2. A comunidade internacional, num consenso bem raro, que contou mesmo com a abstenção de alguns países que se supunha que iria ter alguma complacência com Kadafhi, aprovou nas Nações Unidas a Resolução 1973.
3. À luz dessa Resolução, uma coligação militar internacional decidiu dar proteção à revolta popular líbia, que parecia prestes a ser esmagada. (Pode discutir-se se, neste caso, a ação militar respeitou em absoluto a letra daquilo que a Resolução lhe permitia).
4. Kadafhi teve mais do que tempo, no início do processo, de enveredar pela via do diálogo. Não o fez e, ao invés, foi pela via da repressão, como o testemunham os crimes de que hoje há provas insofismáveis em Tripoli.
5. É no quadro formal aberto pela Resolução mas, em especial, pelo seu comportamento inaceitável, que se abre o processo no TPI
Dizer que foi a ameaça do TPI que levou à deriva louca de Kadafhi é muito sofisticado.
Tenho grandes dúvidas sobre a frase:
"...o que é fundamental para ancorar qualquer processo de desenvolvimento, possui importantes recursos naturais."
Eu substituiria o "importantes" por "alguns". A Líbia parece-me ser um dos exemplos do mal que faz ter grande abundância de recursos naturais.
Quem julgará os atos humanos é Deus, por hora vamos agradecendo por ainda não estarmos no lider mundial único.
Abraço
Mas que Khadaffi pediu, isto ficou claro...rs
caro sr.embaixador
nao me leve mal
nao quero nem por em causa
que khadaffi é desde ha muito um louco sanguinario.
a pergunta que fiz é genuina e pode ser feita em outras ocasioes.
é so isso
se nao era favoravel ao derrube de khadaffi nao foi pelo personagem em causa, mas pela instabilidade que isso poderia criar na regiao.
nao tenho nenhuma adoracao especial pela castafiore de tripoli
bem haja
Perdi o fair play
para homens maus de tão maus, doentes? Que tomam o poder de todos só para si por estupro da liberdade, que são assassinos a soldo do seu egocentrismo.
(deveria haver um juri internacional que depois de aconselhado técnicamente os obrigasse a ser imputáveis e a fazer a medicação antiterrorista, ou então a fazê-los exercer os impulsos sadomasoquistas sobre si próprios)... Afinal são tão simples mortais
Perdoe-me, mas a diplomacia da diplomacia às vezes é tão laissez faire...Por falta de resolução das resoluções, vejam-se as impunidades
Caro Anónimo da 01.55: privilegiar a estabilidade à democracia foi aquilo que os países ocidentais fizeram, na Guerra Fria, ao conservar Salazar no poder, para não arriscar uma evolução em Portugal que viesse a provar-se desfavorável aos seus interesses.
Para que um povo se sinta bem, não são as regras da política que estão em causa, são as competências, bom-senso e responsabilidade de quem as executa.
Esse trabalho não será fácil, ainda é uma incógnita se o governo de transição, consegue na reconstrução do país a mesma unidade que teve em relação a derrubar o regime.
"... a mobilização da comunidade internacional foi feita com o único objetivo de criar condições para uma Líbia democrática e tolerante"
Assim seja!
bom dia sr embaixador
entao ainda ha meses dancavamos valsas de paz, amor... e talvez algo mais... com o tirano sicrano!
de facto tambem estou curioso para saber o que vai ser dos khadaffistas no pos khadaffi e ate que ponto sera necessario criar os tais dois estados da tripolitania cirenaica.
é dar tempo ao tempo
bem haja
Concordo com a ressalva do "colega" Amarante, a abundância de recursos naturais tem gerado mais problemas do que soluções. Alguns notáveis exemplos: Venezuela, Angola, Serra Leoa, Congo,....
Depois de ler isto:
A Secretária de Estado americana Hillary Clinton anunciou um aumento sem precedentes dos recursos públicos para o controlo e a redução da população nos países em vias de desenvolvimento, que passarão a fazer “parte essencial da política externa dos EUA”. Desde meados da década de ’70, quando o Secretário de Estado Henry Kissinger redigiu o famigerado documento secreto NSSM 200 sobre o controlo populacional e o colocou, em segredo, na agenda da política externa dos EUA, o controlo da natalidade e a redução secreta da população tornaram-se num objectivo importante da política eugénica dos Estados Unidos.
A Secretária de Estado americana Hillary Clinton anunciou um novo programa que, segundo as suas declarações, passará a ser a peça central da política externa dos EUA. O novo programa chama-se Global Health Initiative (Iniciativa para a Saúde Mundial). Será generosamente financiado, numa altura em que o governo se está a afundar em dívidas. Segundo a senhora Clinton, nos próximos 6 anos, os Estados Unidos vão gastar 48 mil milhões de euros em programas de práticas contraceptivas e para melhorar o “planeamento familiar”, em todo o mundo. Por outras palavras, a eugenia e o controlo da população são o novo cerne da política externa dos EUA. (...)
Além disso, a senhora Clinton anunciou um novo Global Health Initiative para os EUA que designou como sendo o ponto fulcral da política externa do país. Com isto, serão disponibilizados, nos próximos 6 anos, 63 mil milhões de dólares, provenientes do dinheiro dos contribuintes americanos, para promover o aborto, a esterilização e o “planeamento familiar”,em todo o mundo. Devido à eficácia de cerca de 35 anos de apoio americano às medidas de controlo populacional da ONU e dos milhões de dólares de subsídios – existe o perigo para a humanidade, não de uma “explosão démica” (da qual os advogados eugénicos como o Príncipe Filipe de Inglaterra tanto gostam de falar), mas sim de um declínio da população mundial.
A redução da população nos países em vias de desenvolvimento não faz apenas parte da política externa dos Estados Unidos. De acordo com o relatório anual de 2008, o UNFPA recebeu os seus recursos principalmente de governos europeus. Do total de US$ 845.000.000.
118 milhões foram doados pelos Países Baixos, 67 milhões pela Suécia, 62 milhões pela Noruega, 54 milhões pela Dinamarca, 53 milhões pela Grã-Bretanha, 52 milhões pela Espanha e 10 milhões pelo Luxemburgo. A Comissão Europeia contribuiu com 36 milhões de dólares.
Em Maio de 2009, Bill Gates, Ted Turner da CNN, Warren Buffett e demais “bilionários” seleccionados, encontraram-se na casa nova-iorquina de David Rockefeller, presidente do Rockefeller University, para fundar um clube que chamaram The Good Club (O Clube Bom), segundo a melhor forma orweliana. Nesta ocasião, alegadamente, só falaram sobre a maneira como seria possível reduzir a população mundial, ao longo das próximas décadas. Parece que o Departamento de Estado da senhora Clinton já se encontra nos bastidores.
AGORA SOBRE A LÍBIA e neste contexto:
Bombas e mísseis utilizadas pelos americanos, britânicos e franceses no combate ao regime de Kadaffi continham urânio empobrecido, substância altamente contaminante e responsável por fetos e bébés defeituosos, leucemia, etc. Fonte.
Entidades interessadas na reconstrução da Líbia por ordem alfabética.
São mesmo muitas... e as de sempre.
Será isto mentira sr. Embaixador? Caso não seja... teremos o"Iraque europeu".
A Líbia, a África e a Nova Ordem Mundial
– Carta aberta aos povos da África e do mundo
"Carta assinada por mais de 200 africanos eminentes, incluindo Jesse Duarte, membro executivo nacional do African National Congress (ANC), o analista político Willie Esterhuyse da Universidade de Stellenbosch, o antigo ministro da inteligência Ronnie Kasrils, o jurista Christine Qunta, o antigo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Aziz Pahad, o antigo ministro na presidência Essop Pahad, Sam Moyo do African Institute for Agrarian Studies, o porta-voz do ex-presidente Thabo Mbeki, Mukoni Ratshitanga e o poeta Wally Serote". – Concerned Africans Criticise Nato , 24/Agosto/2011
Ainda no Público: Americanos e britânicos cooperaram estreitamente nos anos 2000 com os serviços secretos do coronel Khadafi, tendo a CIA entregado prisioneiros ao regime líbio para interrogatório
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