sábado, setembro 24, 2011

José Niza (1938-2011)

Que venha o sol o vinho e as flores
Marés, canções de todas as cores
Guerras esquecidas por amores;

Que venham já trazendo abraços

Vistam sorrisos de palhaços
Esqueçam tristezas e cansaços;

Que tragam todos os festejos

E ninguém se esqueça de beijos
Que tragam pendas de alegria
E a festa dure até ser dia;

Que não se privem nas despesas

Afastem todas as tristezas
Pão vinho e rosas sobre as mesas;
Que tragam cobertores ou mantas
E o vinho escorra p'las gargantas
E a festa dure até às tantas;

Que venham todos de vontade

Sem se lembrarem de saudade
Venham os novos e os velhos
Mas que nenhum me dê conselhos!

Que venham todos de vontade

Sem se lembrarem de saudade
Venham os novos e os velhos
Mas que nenhum me dê conselhos! 

Na morte de José Niza, um homem solidário e sonhador, aqui fica, em homenagem, a sua "Festa da vida", a letra que construiu para a canção, com música de José Calvário, com que Carlos Mendes ganhou o Festival RTP da Canção, em 1972.

7 comentários:

Teresa disse...

Para mim a melhor de todas as canções que levámos à Eurovisão.

Falei dela e das minhas memórias de infância do festival, que suponho sejam muito parecidas com as de toda a gente, aqui;

http://gotaderantanplan.blogspot.com/2008/04/euroviso-os-vencidos-que-foram.html

José Calvário já tinha partido. Agora foi José Niza. Triste.

Helena Oneto disse...

Da vontade de cantar esta "Festa da vida" todos em coro! não da?

Anónimo disse...

A "Festa da vida" é a canção que me vem à memória quando recordo o Festival RTP da Canção, talvez por ter sido a canção vencedora de um dos primeiros a que assisti. A letra é lindíssima, tal como é "E depois do Adeus".

São portugueses como o José Niza que dão dignidade ao nosso país.

Isabel BP

Helena Sacadura Cabral disse...

Tem toda a razão minha querida Helena O.

Julia Macias-Valet disse...

Profundamente

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.

No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes

Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

*

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.

Manuel Bandeira

Caro senhor embaixador, so lhe posso responder a este seu post, com este magnifico Profundamente.

Viver fora do pais é também isto
é correr um dia o risco...

Sim Helena cantemos todos em coro !

Isabel Seixas disse...

Há homens que se fazem história e nós sabemos que não morrem.
Até porque escreveram a festa da vida.

EGR disse...

Ainda que com algum atraso não quero deixar de me associar,quer ao post,quer aos comentários feitos sobre o desaparecimento de José Niza.
E permitam-me que destaque a ideia de JuliaMacias-Valet ao oferecer-nos a trancrição de tão belo poema.

25 de novembro