Há muito que havia quem previsse que, cedo ou tarde, a globalização (ou mundialização, como dizem os franceses) da internet poderia ser fortemente ameaçada. Vários países condicionam já o acesso dos seus internautas ao espaço global, intervindo nos respectivos servidores. Um "corte de relações" total não ocorreu ainda, mas a actual crise entre a Google e China já não surpreende ninguém.
A "net" é um meio complexo, passível de distorções e fonte de muitos equívocos. Mas, por cima de tudo isso, ela criou um espaço ímpar de comunicação, de intercâmbio e de divulgação do conhecimento. Julgo que isso é incontestável. Sem a menor dúvida, há dois tempos históricos na comunicação universal: antes e depois da internet.
A diplomacia tem as suas regras e a "realpolitik" também. Por isso, apenas digo que, para mim, o direito ao usufruto da internet é hoje uma das liberdades fundamentais que nos compete proteger.
9 comentários:
Aqui há uns anos, quando a Net dava os primeiros passos, sobretudo em Portugal e era por conseguinte desconhecida de muitos, cabia-me a mim, na então Direcção de Serviços da América do Norte, representar o MNE em reuniões com os norte-americanos da Embaixada em Lisboa e representantes da Fundação Lusa-Americana, a fim de discutir, entre outras questões a atribuição de bolsas. Num determinado dia, a certa altura, uma representante americana pergunta-me: “tem Internet? Faz uso dela já?” Fiquei algo perplexo com a pergunta. Tinha ouvido uma referência qualquer à Net, mas não fazia a menor ideia ainda no que consistia em termos exactos. E foi com uma desculpa muito trapalhona que lhe respondi. Ela riu-se, percebeu muito bem que eu estava “a Leste” do assunto, mas não disse mais nada e a reunião prosseguiu (recordo-me de na ocasião termos “chumbado” um dos pretendentes a uma das bolsas em causa e que, anos passados, ocupa hoje um lugar de S.E. ; coisas da vida!). E, actualmente, funciono com a Net e o computador como se o fizesse há anos. E sou totalmente dependente d ambos! A rapidez com que nos tempos modernos as coisas evoluem é absolutamente extraordinário!
Adido de Embaixada
PS: para quem é de outra geração, como a minha, é quase como recordar quando os nossos pais e avós nos levavam até ao aeroporto só para ver os aviões a aterrar e a levantar voo. Alguém imagina semelhante coisa hoje?
Senhor Embaixador
Rogo a VªExª por melhor utilização de passível.
Passível- Susceptível de sensações, jamais para o singelo susceptível.
Desculpe o meu atrevimento
J. Arnaldo D.R.
jarnaldodr@gmail.com
Subscrevo...
Isabel Seixas
(breve nota ao exclentíssimo senhor adido, por mão do generoso anfitrião)
Ir ao aeroporto ver os aviões? Sim, ainda sucede... :)
E verr os barcos atracarem; e partirem...
A vertigem do presente, já tão mesclado com o futuro, não faz desvanecer o passado de onde chegamos.
Este é a herança primeva, a matriz, o cerne de quem conseguimos hoje, quase por milagre, ser.
Não existirem coisas,ferramentas, possibilidades ou novidades era, como é e será, uma circunstância que o espírito e o génio sempre ultrapassarão.
Na verdade, podemos viver com muito pouco. Com quase nada.
Iludimo-nos, simplemente, com o brilho maravilhoso de todas estas "janelas" inauditas ontem e que amanhã serão memória, também elas.
Esquecemos - tantas vezes - o essencial.
E o essencial já sabemos...
:)
Todos sabemos.
Cuidado para o não esquecermos.
Apenas algumas datas que mudaram o mundo (da comunicaçao e nao so):
Em 1972 Robert Kahn inventou a palavra "internet".
Em 1998 Larry Page et Sergey Brin criam a empresa Google, a qual se deu como missao : organisar a informaçao à escala mundial e torna-la universalmente acessivel e util.
Nessa mesma altura Al Gore baptizou (ou batizou ?) esta mega rede de contactos à distância como "As auto-estradas da informaçao".
E depois de tanto caminho percorrido e de se circular em auto-estradas quem é que tem vontade de voltar a andar por "caminhos de cabras" ?
Dependente da Net, eu? Claro, óbvio, certo - que sim. Também me lembro de - quando o DN se informatizava - ter dito que já não eram coisas para a minha idade e que iria pedir a reforma.
E foi o meu filho mais velho que me disse que não pensasse nisso e que ele me ia metre os computadores na cabeça, assim a modos de como dizia o nosso Raul Soldado: meu filho, quer queiras, quer não, vais ser bombeiro voluntário.
Hoje, passo sem o cigarro, velho companheiro de desoras, sem a cafeína da bica e por aí fora - mas não passo sem a Internet. Pelos vistos, a RPC quer que os seus cibernautas passem. É a democracia informática a la Pequim. Ou Beijing.
Caro José Arnaldo: Cheguei a uma idade em que já me é dado, não apenas ter dúvidas, mas igualmente assumi-las. Por isso, como tive dúvidas, fui ver - embora, infelizmente, não tenha comigo todos os meus dicionários, deste o Moraes ao Cândido de Figueiredo, do Lello ao Torrinha, além de outros).
E o que também encontrei, para além do que referiu, para o "passível"? O seguinte:
1. "susceptível de ter sofrimentos, sujeito a sofrer" (Porto Editora);
2. "que fica sujeito a" (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, José Pedro Machado);
3."que pode sofrer certos efeitos", tal como em "passível de multa" (Novo Dicionário Aurélio);
4. sinónimo de "susceptível" (Dicionário da Língua Portuguesa, Academia das Ciências de Lisboa)
Se considerasse ter errado corrigiria, pode crer. Mas, de qualquer forma, fico muito grato pela atenção à minha escrita.
FSC - 1 : JA - 0
Eu diria mais:
Dicionário Houaiss de Sinónimos e Antónimos - Passível: apto, capaz, sujeito, susceptível
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa - Passível: susceptível de experimentar boas ou más sensações ou de ser objecto de certas acções
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