quinta-feira, março 09, 2017

Assembleia da República


Assisti ontem a um dos debates parlamentares mais tristes de que tenho memória - e tenho alguma. A acrimónia que atravessou a sala não honrou a democracia portuguesa. Já sei que cada um terá a sua leitura sobre quem são os "únicos culpados" (e prevejo, também tristemente, que nalguns comentários emergirá o maniqueísmo clubista da paróquia), mas isso não é para aqui chamado, porque o que importa é que o cidadão politicamente menos mobilizado terá ganho uma razão mais para alimentar a imagem degradada que tem da nossa classe política.

17 comentários:

soudocontra disse...

Então o Sr. Embaixador(é assim, não é?) não separa o bem do mal? Tudo é mau na Assembleia? Só o sr. é que é dos bons? O que é que o António Costa fez de mal? O que é que o escroque ao serviço do PSD e da direita mais fascizante pós 25Abr74 fez de bem? Não deixe tudo no mesmo saco, sr. Embaixador, isso, além de lhe ficar mal, influencia negativamente quem não pôde assistir ao debate! Não esperava isso de si, mas tá bem, todos temos defeitos.
MCTorres

Anónimo disse...

É muito triste constatar que o local onde se devia discutir com mais elevação desce a nível que já nem é admissível na peixaria... Como ontem indiciava um cartoon, estão mais ao nível da "Casa dos Segredos". Depois admiram-se com a abstenção, a radicalização...

Ana S.

Anónimo disse...

Resquícios salazarentos
Fernando Neves

A JOGATANA disse...

Costa é a surpresa...para todos, de A a Z!

Prognósticos só no fim do jogo...e serão mesmo muito mais surpreendentes do que imaginamos.

Cuidado!

Anónimo disse...

A bancada da extrema-direita, o seu líder e outros responsáveis (PSD, designadamente)deu um triste espectáculo ontem na A.R. Passos, passados que estão mais de ano e meio de governação da esquerda, ainda não conseguiu aceitar essa situação. Como ninguém o quer para trabalhar no sector privado por ali fica, na A.R a fazer figuras como as que lhe vimos e ouvimos, ontem.

Jorge Silva disse...

De facto é triste ver os deputados a fazer certas figuras. Imagino uma sala de aula onde os alunos se atirassem para cima das mesas batendo furiosamente com os punhos e os pés na mobília. Provavelmente seriam expulsos da sala. Será que o Presidente da Assembleia não poderia fazer o mesmo?

Anónimo disse...

Sr. Embaixador, dar mais razão a uns do que a outros não é "maniqueismo clubista". Ou ninguém tomaria partido por nada. Já temos suficientes patrícios senadores na República.

Anónimo disse...

Uma leitura possível é a de que Coelho é um político à prova de bala, para todas as estações. Cá para mim é daqueles que a chamada pose de estado só emerge quando governante. Na oposição é o que se vê. Não abona e não abunda.

Anónimo disse...

Alguem tem o link para o video ?

Anónimo disse...

Nunca assistiram a certos debates, com insultos muito mais graves, no parlamento britânico, o chamado berço da democracia, calculo. Senhor embaixador, tenha paciência...

Anónimo disse...

"Não esperava isso de si"

ahahahha seu brincalhao, eu também nao esperava isso de ti manuel custodio!

Abraço e cumprimentos a felismina

AV disse...

Não é de agora. Lembro-me de acusações explícitas de x ou y mentir e de outros exemplos de linguagem e tom deploráveis em legislaturas anteriores. Já é tempo de haver regras explícitas sobre que se pode dizer e fazer no Parlamento, como acontece noutros países. Há padrões de comportamento que devem estar enraizados na cultura das instituições, dispensando regras formais, mas se isso não acontece, é tempo de instituir regras.
Devo dizer em relação ao comentário das 19.59 que o parlamento britânico é precisamente um dos casos em que existe uma regulamentação sobre o que se pode dizer ou não explicitamente. Por exemplo, não se pode dizer que x mente. Já o uso criativo que fazem de eufemismos, de barulho de claque, etc, é uma outra história ...

Anónimo disse...

Essa memoriazinha do Senhor Embaixador está em baixa. Então se ainda agora mais abaixo o recordei de que "o PREC, com o seu histórico ataque às instituições" foi o pão nosso de cada dia com os ataques do Governo PSD/CDS-PP ao tribunal constitucional continua a recuperar aqui a insensatez PRECiana da esquerda?

Anónimo disse...

E isto é o que se vê!
Não imagino sequer do que não se vê! Apesar de conhecer algumas coisas bem piores a envolver lobis!

Mas o Salazar é que é o culpado! Isso não há dúvida!

Anónimo disse...

Ana Vasconcelos, alguns exemplos:
"You're a miserable pipsqueak of a man."
"dimwit"
"Dodgy Dave."
"stupid, sanctimonious dwarf"
"She is a bounder, a liar, a deceiver, a cheat and a crook."
Ou o famoso “your mum”
Ou os muitos insultos ao presidente Trump.
Alguns, não os mais suaves, foram mandados do front bench, a nata da nata.
Suponho que ache criativo, porque está em inglês e é santificado pelas vetustas paredes da Câmara dos Comuns. Pela mesma razão, as pateadas terão por lá uma ressonância diferente, serão mais chiques, “chique a valer”, como diria o bom do Dâmaso Salcede, e aqui sinal de crianças mal-educadas. Ora, eu acho que somos muito bem-educados e usamos de muito mais cautela e eufemismos. O que vi há uns dias foram sobretudo jogos florais: “vossa excelência ofendeu-me”, “não, não, vossa excelência é que me ofendeu”, “não admito que me diga isso”, etc, etc. É preciso beber cinco cafés seguidos para isto entusiasmar alguém.
O que se aproxima mais de algumas coisas que já ouvi em parlamentos com mais patine, foram alguns debates parlamentares na época de 74/75 (isto só para relembrar o que foi, de facto, o PREC).

AV disse...

Anónimo das 14.45: E se continuar a ouvir as gravações, ouvirá o speaker a intervir e dizer o usual 'Order! I must ask the honourable gentleman to withdraw the term I think he used', seguido pela usual retração 'Mr Speaker, I'll withdraw it'. Se a retração não acontecer, há consequências. A retração é o mínimo. Um dos exemplos que cita deu lugar a um pedido de desculpas público e outro a uma suspensão do Parlamento.
O resto do seu comentário, é a sua opinião, a que tem direito, não a minha.

Anónimo disse...

Ana, terá oportunidade de verificar que o withdraw nem sempre acontece. Por outro lado, essa é uma mera fórmula protocolar que não apaga o insulto, como é óbvio. O debate politico em Inglaterra, dentro e fora do parlamento, tem uma acrimónia que está longe das meias tintas no caso português. Porque é que isso acontece? Porque, ao contrário do que se passa neste país com menos cultura democrática e debate politico livre a aberto, ninguém pensa em ver os políticos como crianças de escola e a ninguém ocorre que os políticos se devam comportar como crianças numa sala de aula diante de um professor, como aqui.

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