Gosto dos nomes dos "novos países" que a NATO acaba de criar para os seus jogos táticos na guerra cibernética: Berília e Crimsónia.
Sempre achei graça a estes Estados fictícios, desde a Bordúria e a Sildávia em que Hergé fez circular Tintin. Aliás, é vulgar esquecer que a série não ficou por aqui. Hergé inventou também El-Khemed, San Theodoros e Nuevo Rico.
Nestas ficções geográficas, há três áreas tradicionalmente "privilegiadas": os Balcãs, a América Central e o mundo árabe, com alguma África à mistura. De certo modo, isso correspondia ao "mistério" e menor conhecimento existente sobre essas geografias. A literatura e o cinema estão cheios desses reais imaginários e, entre eles, há nomes deliciosos, na sua sonoridade e inventiva.
Há uns anos, numa livraria em Paris, deparei-me com o suprassumo editorial dessa fabulação: entre uma série de guias sobre vários países, surgia um dedicado à Molvânia, um Estado não existente. Trazia referências às suas tradições, usos, figuras da história e literatura, tudo com imensas fotografias e até endereços de restaurantes. Nunca me perdoei não ter comprado esse guia de ficção turística, que espero que venha a ser atualizado com a necessária regularidade, porque a imaginação também se renova.
Na altura, pensei que Lutenblag, a popular e ao que dizem deslumbrante capital da Molvânia, seria o destino diplomático adequado, por inócuo e inofensivo para os interesses do Estado, para dois ou três colegas com os quais me cruzei ao longo da minha carreira profissional e cuja afeição ao trabalho apenas era compatível com a colocação em postos imaginários. Ah! E que, naturalmente, mereciam ser pagos na respetiva moeda local, porque "isto não é o da Joana"...