No dia 12 de julho, há precisamente duas semanas, ainda antes da reunião dos ministros europeus das Finanças, escrevi por aqui isto:
"A minha leitura (...) leva-me a concluir, depois do "eurogrupo" (ministros das Finanças dos países do euro) de ontem, que o Ecofin (ministros das Finanças de toda a UE) irá propor sanções (o facto de ser anunciado que será "por unanimidade", exceto o próprio país em causa, significa que Portugal votará a favor de sanções à Espanha e vice-versa) que caberá depois à Comissão decidir no detalhe.
Porque Portugal e Espanha não são masoquistas, quer-me parecer que o "deal" passa por aprovar o princípio das sanções e ter a garantia (já negociada com a Comissão) de que essas sanções serão iguais "a zero".
Fica salva a "honra do convento" e, na prática, as sanções são teóricas e sem incidência orçamental. Os países mais radicais ganham a aplicação do princípio e os "faltosos" a não punição efetiva.
Uma hipótese que sempre me pareceu implausível, no atual contexto (Brexit) seria uma "linha dura" no Ecofin reclamar sanções efetivas, obrigando à "recolha" de votos para conseguir uma minoria de bloqueio. Nem os tempos estão para isso, nem o "mood" da Comissão dava garantias de que esta pudesse "obedecer" substantivamente a um conselho de ministros "severo" (mesmo com "instruções" de Berlim).
Aliás, as conclusões do colégio de comissários de há dias já apontavam no sentido da Comissão não querer o "odioso" de propor as sanções: o Ecofin que as decida politicamente e a Comissão lá estará para as definir (previamente deixando claro que serão igual "a zero"). A Comissão passará, por esta vez, a "bom da fita".
(...) Mas posso estar completamente enganado e acabar por não ser nada disto que escrevi. Logo veremos."
Não estava.