Era uma morena sardenta, que um dia alguém trouxe para o cinema novo que, por cá e em boa hora, tinha sido aprendido na Cinemateca de Paris, olhando o neorealismo italiano e a "nouvelle vague" francesa, vendo os americanos que importava ver, lendo os Cahiers e discutindo no Vává. Tinha no olhar uma rebeldia melancólica, um "mal de vivre" que ia bem com uma geração em transição, do rock à guerra colonial, pides pelas esquinas, muitos copos e alguma esperança.
Maria Cabral morreu, dizem, com 75 anos. Em Paris, como se deve morrer. Para mim, desculpem lá, ela terá sempre aqueles 20 anos.
Maria Cabral morreu, dizem, com 75 anos. Em Paris, como se deve morrer. Para mim, desculpem lá, ela terá sempre aqueles 20 anos.
3 comentários:
Bonito texto,meu caro Francisco.
Recordar os anos do "Vává", do "Montecarlo", do "Monumental", da "Mexicana"...Como eram diferentes aqueles tempos!...
Lamento o desaparecimento de Maria Cabral. "O Cerco" e outros filmes ficaram-me para sempre na memoria. As sardas, ao que dizem ate eram posticas, mas nao garanto porque que nao estive presente nas filmagens. Viu o filme de Alain Tanner "No man's land" (1985) - co-producao de Channel 4? Maria Cabral era agente de policia francesa e, se nao me engano, aparece no poster de um dos festivais onde o filme foi a concurso.
Cumprimentos
F Crabtree
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