- Porquê? As sondagens, como diz o outro, valem o que valem...
- Não é bem assim! O Costa precisava de conseguir sondagens que apontassem, claramente, para uma maioria absoluta do PS sozinho.
- Acho isso bastante perigoso. Pode dar ideias, lá dentro do PS, de provocar uma crise e ir a eleições. Há uns "talibãs" que pensam assim.
- O Costa nunca se iria arriscar a isso, por várias razões. Desde logo, um PSD derrotado seria um PSD com um novo líder, e isso seria péssimo! O Passos é um "seguro de vida", porque é a cara da "troika" - e convém lembrá-lo por aí todos os dias. Além disso, o PC, humilhado, punha logo as tropas sindicais nas ruas e o Bloco lá ia fraturando pelas suas trincheiras da imprensa benévola que o leva a sério. Com o PS obrigado a ter de cumprir as metas europeias e com uma pressão, conjugada e contraditória, à sua direita e esquerda, seria uma maioria, mesmo que absoluta, sempre muito instável. Eleições, nunca!
- Então a solução será a continuação desta geringonça?
- Mais ou menos, mas o ideal seria ter o PC e o Bloco cada vez mais assustados, com medo de uma "banhada", se acaso se fosse para eleições - desencorajando-os, assim, de provocar uma crise. A flexibilidade dessa esquerda, no futuro imediato, terá de ser garantida por um duplo receio: um recuo eleitoral forte e, quem sabe? (se as coisas acabassem por correr eleitoralmente mal para o PS), o possível regresso da mesma direita que lhe atazanou o eleitorado depois de 2011. Para o PS, é também bom ser visto a titular algumas políticas francamente de esquerda, mesmo que a ala direitista do partido não goste muito e alguns sobrolhos internacioniais se franzam. Aos primeiros pode acenar com as benesses do poder que também a favorece, perante os segundos pode argumentar, discretamente, que esse é o preço, aliás relativamente barato, para ter a possibilidade de aplicar, sem dor nem grandes tensões, as receitas europeias a que não pode fugir. E, finalmente, ao mesmo tempo, vai habituando algum eleitorado, normalmente tentado pelo PC e pelo Bloco, a votar PS. Pronto, aqui tens a resposta sobre a razão por que, na minha opinião, o PS precisaria de muito boas sondagens!
- Mas tu achas que o Costa pensa assim?
- Não sei. Por que é que não lhe perguntas?
4 comentários:
«In a time of deceit telling the truth is a revolutionary act.»
George Orwell
Mas as sondagens ainda valem como indicador do que quer que seja? Tem havido provas disso?
O PSD também achava que o seguro deles era o Seguro. Cada cabeça cada esperança!
João Vieira
O bloco já esgotou há muito.
Já casa, já adopta, já aborta, já concebe, agora quer que o Costa e esta choldra vá à fava!
Há sondagens e sondagens... Sérias eram há uns anos as do gabinete criado e gerido pelo Doutor Pedro Magalhães na Univ. Católica.
Estas, que andam por aí, não são credíveis.
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