sábado, janeiro 14, 2017

Armstrong-Jones e Margarida


Leio agora que morreu Anthony Armstrong-Jones. Muitos não saberão quem é, pelo que talvez valha a pena começar por dizer que foi um excelente fotógrafo, em especial como retratista. Por quase duas décadas, período em que se tornaria mais conhecido, foi casado com a princesa Margarida, irmã da raínha Isabel II.

Lembro-me bem do tempo em que os amores da princesa Margarida eram, entre nós e não só, objeto de elevado interesse mediático e social. Nos anos 50, o mundo emocionou-se com o facto de ter sido recusada, pelo governo e pela igreja anglicana, autorização para o seu casamento com um oficial da Royal Air Force, o major Peter Townsend, por este ser divorciado. Recordo conversas ouvidas na infância, em que as pessoas se dividiam muito sobre o assunto.

Armstrong-Jones terá sido, assim, para a princesa, um "second best". O casamento durou 18 anos e Margarida, ainda durante e depois disso, viria a ter uma vida sentimental bem agitada, "to say the least".

Só a vi ao vivo uma vez, menos de uma década antes da sua morte. Foi num jantar, na embaixada de Portugal em Londres, em 1993, durante a visita de Estado de Mário Soares ao Reino Unido, onde esteve presente com a rainha. Não lhe dei muita atenção, a qual, posso confessar agora, estava concentrada em Diana...

Mas lembro-me bem de um episódio, semanas antes, quando escolhíamos, com o "caterer", as bebidas a oferecer a anteceder a refeição (durante e após esta, as bebidas foram portuguesas). Ele sugeriu champanhe, bebida preferida de Isabel II. Aceitámos a sugestão e ouvimo-lo então repetir, em voz alta, enquanto tomava nota: "So it will be champagne... and "Famous Grouse" for princess Margareth". Estive quase tentado em pedir um para mim!

Comecei a escrever sobre Armstrong-Jones - ou Tony como lhe chamava a "popular press" ou Lord Snowdon (depois de "feito" assim pela raínha) como era referido pelos "quality papers" - e acabei a falar nos conhecidos pecadilhos etílicos da princesa.

É assim de justiça, para equilibrar a atenção, publicar uma excelente fotografia de Margarida tirada pelo seu marido.

4 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Por acaso, eu, foi Peter Towsend que conheci, um pouco, porque fomos companheiros de viagem durante um voo da British Airways entre Nairobi e Londres. Completamente diferente do Tony, o herói da RAF tinha um certo charme que compreendo tenha agradado à Margarida. Tive o privilégio de falar com ele, sentado ao seu lado, dos tempos do “Blitz Krieg” sobre Londres, na qual se comportou heroicamente.
Quando penso nas “aventuras” amorosas do sobrinho e herdeiro da Coroa, acho que não teve sorte de ter vivido nessa época. Mas conseguiu viver a sua vida, como escreve …. Tant mieux !


Anónimo disse...

A foto é tão boa que transforma Margarida na Audrey Hepburn.

Um abraço

JPGarcia

Francisco Seixas da Costa disse...

É verdade, João Pedro! Forte abraço

Anónimo disse...

A história ainda é mais deliciosa. Numa das derradeiras reuniões preparatórias em Buckingham um alto funcionário do protocolo, pelo lado inglês, da Visita de Estado, passou discretamente a um jovem diplomata português um cartão com o imponente en-tête vermelho do Lord Chamberlain's Office onde se lia "HRH Princess Margareth only drinks Famous Grouse". Ainda devo ter o cartão nalgum caixote...

Abraço

J.

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