Ontem, senti uma solidariedade muito grande com quem faltou ao seu trabalho pela simples razão de que o não tem.
15 comentários:
Anónimo
disse...
Muitos serviços públicos, nomeadamente o pessoal dos consulados, fizeram greve. Sei muito bem que para os responsáveis diplomáticos pode não ser fácil enfrentar uma greve dos seus funcionários; sei muito bem que para os utentes que eventualmente chegam aos serviços e deparam com uma greve também pode não ser muito agradável; mas o que também sei é que as greves são quase sempre um grito de desespero... E contra o desespero dos desesperados o que podemos fazer? Decerto algo mais do que a nossa compreensão. Teremos de procurar o que fazer para que não haja desespero e, em consequencia, greve! José Barros
É em ocasiões como estas, que você acaba inevitavelmente por revelar aquele seu lado reaccionário. Não é nem a primeira, nem a segunda, nem terceira vez, nem será a última. Esse seu “esquerdismo” é de fachada, meu caro. Há muito que se percebeu. Um anónimo respondeu-lhe mutio bem, à letra: “foi também por esses, que muitíssimos faltram ao trabalho, tendo-o”. Também faltei, por estas razões. O governo tem idêntica posição, mas quanto a eles já sabemos o que pensam – pelo que fazem (ou, melhor, desfazem).
Caro Anónimo das 14.18: eu sei que as terminologias caricaturais facilitam a vida a quem teima em encaixar as coisas de acordo com os seus estereótipos, tipo "gavetas" ideologicas. Julgo poder dizer-lhe que isso, em si, deriva de um "mecanicismo" residual, que lhe induziu o modelo maniqueísta de que ainda se não libertou. Agora já é tarde... em particular para compreender quem apenas pensa (bem ou mal) pela sua cabeça e, de há muito, se "está nas tintas" para o modo como os outros o avaliam.
Caro Anónimo das 11.06: a legitimidade desta greve é indiscutível. Falo como antigo funcionário do Estado. Não foram poucas as vezes em que por aqui denunciei os ataques à Função Pública, oficialmente diabolizada como a "mãe" de todos os males pátrios. Mas o discurso sindical, talvez compreensivelmente, é mais defensivo e corporativo, na tentativa de proteger quem tem emprego, do que "altruista" e solidárii com quem o não tem.
Caro José Barros: como funcionário diplomático, defrontei-me muitas vezes com embaixadas em que o pessoal tinha aderido a movimentos de greve. Nunca, da minha parte, fiz o menor gesto para evitar (ou, sequer, condicionar a vontade) que cada trabalhador exercesse os direitos legítimos que lhe assistiam. Como democrata, lutei antes do 25 de abril pelo direito à greve. Só me faltava não o respeitar. No entanto, numa ou noutra dessas ocasiões, considerei que as razões que motivavam os movimentos de greve eram menos sólidas. Faz parte dos nossos direitos poder, com liberdade, apreciar a legitimidade do exercício, pelos outros, dos respetivos direitos. O mundo do "cada um sabe de si" não é o meu.
Um pouco tardiamente, desgostoso pelo seu comentário, os Funcionários perderam um dia de salário (percebe-se melhor). É muito feio que aos grevistas se tente opor os desempregados (ou aos velhos os novos, ou aos FP os do privado). Uns e outros estão do mesmo lado. Se dissesse que a greve é, nos dias de hoje, um meio pouco eficaz de contestação, sem dúvida. Mas este tipo de comentários é perigoso e, sim, tem muito a ver com questões ideológicas (e eu, também, estou-me nas tintas para como os outros me avaliam).
Vejo com prazer que o Senhor Embaixador tem bom senso: os trabalhadores podem ser despedidos a qualquer momento, portanto não têm nada que fazer greves (há sempre esfomeados à espera de um emprego) nem têm nada que estragar a nossa competitividade com salários e segurança social superiores aos do Bangladesh. Muito bem, conte sempre com a minha solidariedade.
Caro António Nunes: eu julgo ter sido muito claro: 1. Não contesto a legitimidade desta greve. Quem fez greve sabe por que a fez e tem um inalienável direito a fazê-la. Nem por um segundo me passou pela cabeça considerá-la "inoportuna" ou coisa similar. 2. Julgo ser um sentimento natural ter uma maior solidariedade com quem não tem emprego do que com quem, tendo embora o seu emprego sob ameaça, ainda por ora o vai tendo e vai recebendo ao fim do mês. Isto não é ideologia, é apenas bom-senso.
15 comentários:
Muitos serviços públicos, nomeadamente o pessoal dos consulados, fizeram greve.
Sei muito bem que para os responsáveis diplomáticos pode não ser fácil enfrentar uma greve dos seus funcionários; sei muito bem que para os utentes que eventualmente chegam aos serviços e deparam com uma greve também pode não ser muito agradável; mas o que também sei é que as greves são quase sempre um grito de desespero...
E contra o desespero dos desesperados o que podemos fazer? Decerto algo mais do que a nossa compreensão.
Teremos de procurar o que fazer para que não haja desespero e, em consequencia, greve!
José Barros
Acho que uma das modificações prementes a fazer pelos Sindicatos é começarem a preocupar-se também com quem não tem emprego.
Bom final de semana.
Foi também por esses que muitíssimos outros faltaram ao trabalho, tendo-o.
Percebe-se o que quer dizer, mas não é o que está escrito…
É em ocasiões como estas, que você acaba inevitavelmente por revelar aquele seu lado reaccionário. Não é nem a primeira, nem a segunda, nem terceira vez, nem será a última. Esse seu “esquerdismo” é de fachada, meu caro. Há muito que se percebeu. Um anónimo respondeu-lhe mutio bem, à letra: “foi também por esses, que muitíssimos faltram ao trabalho, tendo-o”. Também faltei, por estas razões. O governo tem idêntica posição, mas quanto a eles já sabemos o que pensam – pelo que fazem (ou, melhor, desfazem).
É dar-lhes, nessa malandragem! Muito bem!
a) Henrique de Menezes Vasconcellos (Vinhais)
Caro Anónimo das 14.18: eu sei que as terminologias caricaturais facilitam a vida a quem teima em encaixar as coisas de acordo com os seus estereótipos, tipo "gavetas" ideologicas. Julgo poder dizer-lhe que isso, em si, deriva de um "mecanicismo" residual, que lhe induziu o modelo maniqueísta de que ainda se não libertou. Agora já é tarde... em particular para compreender quem apenas pensa (bem ou mal) pela sua cabeça e, de há muito, se "está nas tintas" para o modo como os outros o avaliam.
Caro Anónimo das 11.36: não entendo porquê, mas tirei uma vírgula que por lá tinha inadvertidamente deixado, para tentar que se perceba melhor.
Caro Anónimo das 11.06: a legitimidade desta greve é indiscutível. Falo como antigo funcionário do Estado. Não foram poucas as vezes em que por aqui denunciei os ataques à Função Pública, oficialmente diabolizada como a "mãe" de todos os males pátrios. Mas o discurso sindical, talvez compreensivelmente, é mais defensivo e corporativo, na tentativa de proteger quem tem emprego, do que "altruista" e solidárii com quem o não tem.
Cara São: tem toda a razão.
Caro José Barros: como funcionário diplomático, defrontei-me muitas vezes com embaixadas em que o pessoal tinha aderido a movimentos de greve. Nunca, da minha parte, fiz o menor gesto para evitar (ou, sequer, condicionar a vontade) que cada trabalhador exercesse os direitos legítimos que lhe assistiam. Como democrata, lutei antes do 25 de abril pelo direito à greve. Só me faltava não o respeitar. No entanto, numa ou noutra dessas ocasiões, considerei que as razões que motivavam os movimentos de greve eram menos sólidas. Faz parte dos nossos direitos poder, com liberdade, apreciar a legitimidade do exercício, pelos outros, dos respetivos direitos. O mundo do "cada um sabe de si" não é o meu.
Um pouco tardiamente, desgostoso pelo seu comentário, os Funcionários perderam um dia de salário (percebe-se melhor). É muito feio que aos grevistas se tente opor os desempregados (ou aos velhos os novos, ou aos FP os do privado). Uns e outros estão do mesmo lado. Se dissesse que a greve é, nos dias de hoje, um meio pouco eficaz de contestação, sem dúvida. Mas este tipo de comentários é perigoso e, sim, tem muito a ver com questões ideológicas (e eu, também, estou-me nas tintas para como os outros me avaliam).
António Nunes
Vejo com prazer que o Senhor Embaixador tem bom senso: os trabalhadores podem ser despedidos a qualquer momento, portanto não têm nada que fazer greves (há sempre esfomeados à espera de um emprego) nem têm nada que estragar a nossa competitividade com salários e segurança social superiores aos do Bangladesh. Muito bem, conte sempre com a minha solidariedade.
a) Henrique de Menezes Vasconcellos (Vinhais)
Parece que toda a gente se esqueceu dos postulados da greve.
Cultivam-se as falácias.
Os objetivos atingidos estão à vista.
Brandos costumes mas não ezageremos.
Guilherme.
Caro António Nunes: eu julgo ter sido muito claro:
1. Não contesto a legitimidade desta greve. Quem fez greve sabe por que a fez e tem um inalienável direito a fazê-la. Nem por um segundo me passou pela cabeça considerá-la "inoportuna" ou coisa similar.
2. Julgo ser um sentimento natural ter uma maior solidariedade com quem não tem emprego do que com quem, tendo embora o seu emprego sob ameaça, ainda por ora o vai tendo e vai recebendo ao fim do mês. Isto não é ideologia, é apenas bom-senso.
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