quinta-feira, junho 27, 2013

Brasil

Há uns tempos, contei (ler aqui) a minha primeira conversa com o presidente Lula, a propósito do futebol. Lembrei-me ontem dessa conversa, ao ver-me "torcer" com entusiasmo pelo Brasil, no jogo com o Uruguai. E recordei, em especial, uma realidade que os portugueses tendem a esquecer. É que se é natural, em muitos deles, a propensão para apoiarem o Brasil - e a presença de Felipão à frente do "escrete" ajuda muito a esta vontade -, não devem, contudo, esperar uma automática retribuição por parte dos nossos amigos brasileiros.

Há alguns "Brasis" que muito pouco têm a ver com Portugal, país com o qual apenas partilham (alguma) língua. Há muito brasileiro, de origem alemã, italiana, árabe ou outra, que nunca teve um antepassado português, que não tem primos por cá, pelo que não foi educado a ter uma afetividade especial por um país do qual só lhe recordam que chegaram Cabral e, no início do século XIX, uma bizarra corte.

Quem não perceber esta eterna assimetria nunca entenderá a relação luso-brasileira. Quem, em Portugal, gosta do Brasil, tem de saber viver com esta realidade.

14 comentários:

Alcipe disse...

E há muito brasileiro de origem portuguesa que acha "chic a valer" não gostar de Portugal e suspira por uma perdida colonização holandesa, olhando talvez para o sucesso do Suriname...

Anónimo disse...

Eu acredito, muito, que a minha Pátria é a minha língua! (mas não sei porquê)

patricio branco disse...

não sei por quem torcerão os brasileiros num jogo portugal-argentina, p ex. ou num portugal alemanha, p ex.
tambem não vale a pena estar a desculpá los de antemão se não gritam por postugal.
cada país, independentemente da lingua e historia tem o seu entorno geografico, os seus vizinhos de que gosta ou não, etc, felizmente que isso não consta de nenhum acordo que não seria cumprido: brasileiros têm de torcer por portugal e os portugueses o brasil.
que é afinal, neste presente, portugal para o brasil?
creio que menos do que portugal para cabo verde, angola ou s tomé...

Anónimo disse...

E há muitos brasileiros de origem autóctone... que também "descobriram" que havia outros povos com lógicas expansionistas.
José Barros

Anónimo disse...

Ontem, ao jantar, em seis, quatro torciam contra o Brasil.

mrvadaz disse...

Tenho exactamente a mesma percepção dos cabo-verdianos em relação aos portugueses.

Eu que, desde que me lembro, sou portista e sempre apoiei a selecção portuguesa, quando cheguei cá, deparei-me com colegas da faculdade que me perguntam: Cabo Verde tem muitas cobras? Muitos leões? Quantas tribos existem lá? Existem prédios em Cabo Verde?

Como dizemos, o mundo é bemba!

Anónimo disse...

Antes de 18 de junho de 2013, ser amigo ou compartilhar momentos festivos com o Lula era grande prestigio e honra.
Hoje o sapo barbudo está acuado e escondido, não deu sinal de vida, mesmo vendo a derrocada fatal de sua cria, não dei o olhar de sua (des)graça.
Mesmo os 80% de seguidores, segundo um instituto de pesquisa de aluguer,
já enfiaram suas bandeiras no saco e tiraram a estrela vermelha do peito.
Todos tem sua hora, a dele demorou, mas, chegou.
"Libertas que sera tamen."

Anónimo disse...

Se fosse apenas dos de origem alemã, italiana, árabe ou outra...
Quero recordar-lhe Angela Dutra de Menezes que, no seu livro "O português que nos pariu", escreve: "Antepassado português é como carro a álcool. Todo o mundo tem um." É da maioria deste "todo o mundo"- acredite - que se não deve esperar retribuição.
JR

patricio branco disse...

lendo o comentarios das 13,31 e o das 15,03, na verdade as noticias que têm aparecido sobre o filho de lula da silva, aliás desde os dias finais da presidencia dele, mas sobretudo agora, levam-nos a ver que não foi esse presidente que terminou com o favoritismo, corrupção e nepotismo no brasil, isto alem dos tremendos mensalões, etc.
e que para o brasil portugal é cada vez menos ou não é nada, tambem assim parece ser, mas as coisas são assim, não vamos reclamar, a amizade não se mendiga...
por isso, insisto, tambem não há que tentar explica los ou justifica los, tudo bem e legitimo da parte de lá...

patricio branco disse...

bien intéressant o comentário das 10:58...fácil portanto de perceber as dezenas ou centenas de milhares de turistas de praia brasileiros em curaçau, aruba, bonaire, suriname e st marteen
ai como era boa a colonização holandeza, ali por fortaleza...
mas tambem os há por toda a europa, verdade seja dita, dessa classe média que quintuplicou em 15 anos...

Carlos Fonseca disse...

"Torço" pelo Brasil desde o Mundial de 1962 (1966 não conta). No Mundial de 1970, então, foi o máximo.

Mas não gosto de ver ganhar as equipas que apoio, quando são levadas ao colo pelos árbitros, como aconteceu no jogo com a Itália.

Portugalredecouvertes disse...

pelo que tenho lido, foram os índios que ajudaram os portugueses a vencer a guerra contra os holandês, e os expulsaram
também li que seria porque os holandês só viam o dinheiro, enquanto que os portugueses tinham muitas festas que partilhavam com eles.

roulette betclic disse...

Essa é exactamente a ideia que eu tenho desta "relação luso-brasileira". Não imagino o povo brasileiro a torcer pela equipa portuguesa, como acontece no sentido inverso, assim como no Brasil não se recebe a cultura portuguesa como acontece em Portugal com a música, as novelas... É de facto, uma relação "assimétrica". Nada a fazer.

Anónimo disse...

Brasileiros falam da colonização holandesa teria sido melhor ao Brasil
que a Portuguesa?
Será?
Só Olhar a África do Sul, lastima holandesa.
Todos os colonizadores olham sua colônia como lugar de exploração e dinheiro fácil. Não foi diferente com os espanhóis, franceses, italianos, portugueses, menos os ingleses na América, que vieram para morar e arranjar um lugar melhor para viver.
Podemos constatar também na Austrália, Canadá e USA.

Do Brasil.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...