sexta-feira, março 21, 2014

Ainda o "manifesto"

Já aqui disse o que pensava sobre o "manifesto" que propõe a reestruturação da dívida pública portuguesa. É um documento corajoso, deve ser refletido, embora eu me interrogue sobre a sua oportunidade.

Dito isto, achei menos bem o surgimento de outras 74 personalidades estrangeiras em apoio ao documento. Para quê? Para mostrar que também "lá fora" há quem tenha ideias idênticas? Isso era natural. Estou certo que os opositores ao "manifesto", se assim o quisessem, poderiam agregar a opinião de outros tantos "sábios", dizendo precisamente o contrário. Os economistas são como os advogados: há opiniões para todos os gostos.

A importância do "manifesto" era precisamente ser um documento português, reunindo personalidades de valia incontestada, por forma a ser visto "lá fora", pelos nossos credores, como traduzindo uma opinião qualificada nacional, de largo espetro, a qual, dada a expectável evolução da situação política interna, poderá vir a ter consequências na atitude de um futuro governo face ao problema. Querer concitar apoios externos declaratórios para o texto parece-me transparecer uma falta de confiança menos digna da coragem que o ato original revelou. Não havia necessidade...

14 comentários:

Anónimo disse...

"deve ser refletido" ? - deve provocar reflexo?

ou... "deve ser alvo de reflexão"?

Vitor Nobre José disse...

Perspectiva diferente da sua.
Esta "adenda" internacional valoriza o manifesto e devolve alguma da credibilidade que por inépcia politica o documento perdeu.

Anónimo disse...

Quando era criança atirava com pedras para os lagos de água parada só para ver aquelas circunferencias que se formavam a partir do epicentro onde a pedra caía. Mais nada.
Hoje, em Portugal, fala-se, fala-se, fala-se, mas de toda a faladura, e até de manifestações, os efeitos não são diferentes daqueles que as pedrinhas que eu lançava no charco de água provocavam....
José Barros

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Senhor Embaixador,

Como diz o meu amigo Rodrigo :

"Isto do manifesto dos 70 faz lembrar o futebol.
"Personalidades" de direita e de esquerda, nacionais e estrangeiros a explicar como se faz depois de terem feito. É como se o Rui Santos, Manuel Fernandes, António Oliveira e Toni tivessem decidido juntar-se para dizer ao Jorge Jesus como é que o Benfica deve jogar para ganhar o campeonato. E depois disso tudo ainda fossem pedir ao Tim Sherwood para assinar o documento."

Anónimo disse...

Acho muito interessante um comentário de Vitór Bento que disse que só vê as pessoas a dizerem o que os "outros devem fazer" por nós e nunca o que "nós devemos fazer". Versão portuguesa do "ask what you can do for your country, not what your country can do for you"
João Vieira

Anónimo disse...

Duas lamentáveis criaturas, uma o Victor Bento, esse arauto do pior da Direita economico-financeira, cavaquista, e outro o Jesus do Benfica, que fala...penosamente.
Gregório

Anónimo disse...

Para "mandar fazer" existem muitos,incluindo uns cavalheiros que pediram lá fora para pagar obras-de-fachada, scuts, auto estradas, etc,etc.

O circo vai animado, o "público" é que está farto dos mesmos artistas com os mesmos números,que já viram em espectáculos anteriores com muito folclore e arroubos de amor ao próximo !

Alexandre

opjj disse...

Caro Dr. Seixas da Coata, quando a troika cá vem, ouve sempre os partidos,com essas oportunidades não se impuseram? Tão fácil falar por fora!
O meu Pai com mais de 100 anos dizia; não custa nada gastar o que se herdou!
Nenhuma dessas personalidades entrou com algum, antes pelo contrário, lutam para fugir à solidariedade.
Desde criança que ouço dizer; só o pobre ajuda o pobre.
Parece-me que Passos Coelho lentamente nos leva ao verdadeiro socialismo.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Não li o manifesto, até porque não o devia entender, por eu não ser politizado. O que eu sei é que este país precisa de cativar investidores para aqui investirem com algumas garantias. É isso que os políticos da nossa praça teem de fazer para criar mais emprego para a população.

Anónimo disse...



"Segunda levo o manifesto ao meu banco. Vou ver se reestruturo a minha dívida."

" escrito no blog "31 da Armada"

Alexandre

Anónimo disse...

Seixas da Costa que já era contra o anterior Manifesto, vem agora “manifestar-se” contra o segundo Manifesto. Com argumentos que pecam por inteligência, o que é pena. No fundo, temos que olhar para estas duas posições de Seixas da Costa, que se completam, como sendo aquelas que a actual direcção do PS (Seguro) pensa. O mesmo PS/Seguro que se insurge contra a austeridade, mas que se contradiz depois ao apoia-la, como sucedeu recentemente. O que está em causa não é se se é ou não contra a dita austeridade -isso é outra questão, a merecer reflexão e análise (sobre se esta austeridade está ou não a ser mal aplicada, social, politica e economicamente?) - mas afinal o que pensa, na realidade, o PS/Seguro sobre isto. Do Governo já há muito se percebeu o que pensa (em minha opinião mal, mas isso é outra questão). Agora, o que o PS tem vindo a dizer, demogógicamente, ao que se vê hoje, é que é contra, sendo contudo a favor desta austeridade, sobretudo no que respeita a quem a tem de suportar – pensionistas, reformados, funcionários públicos, designadamente. Não suporto o Marco António Costa, mas convenhamos que acertou em cheio quando disse o que disse sobre o PS, desmontando a sua posição sobre esta questão. Isto tudo, no fundo para dizer que Seixas da Costa está no mesmo prato da balança de Marco António Costa, António José Seguro, Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque, etc. Daí não gostar dos tais Manifestos. Ou se calhar, também, no caso do segundo e último Manifesto, por ter contado com a iniciativa de Francisco Louçã, que, como é sabido, não é bem visto pelo aparelho do PS e a sua ala direita, aquela que é candidata a suceder a Passos – se tiver sorte. Aquela que Seixas da Costa prefere. Está no seu direito, porém. Convém é “descodificar” certas posições.
Mário Campos

Um Jeito Manso disse...

Caro Embaixador,

Tantas vezes concordando consigo, vejo-me bem contrária ao que tem escrito sobre o Manifesto.

Sabia-o prudente, Embaixador, mas neste caso não é prudência o que lhe noto. É aquele mal tão português de censurar quem eleve a voz.

Não há boas e más alturas para se defender um País: todas as alturas são boas e só podem pecar por tardias e escassas.

http://umjeitomanso.blogspot.pt/2014/03/o-emprego-ou-desvalorizacao-do-trabalho.html

Desejo-lhe um bom fim de semana, Embaixador.

Isabel Seixas disse...

Subscrevo na integra um Jeito Manso


"Não há boas e más alturas para se defender um País:

todas as alturas são boas e só podem pecar por tardias e escassas."

patricio branco disse...

e venham mais...manifestos... daqui e dali, de cá e de lá, de dentro e de fora, destes e daqueles, etc

Os borregos

Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional franc...