Recordo-me bem desses tempos, no auge do cavaquismo, em que, pelo país, os padres recolhiam donativos para dar "um canal à igreja católica". Sei de gente humilde que foi às suas economias buscar dinheiro para concretizar esse sonho de ter uma "Renascença com imagem". Lembro-me de debates sobre a natureza particular que a sua programação iria ter, que se pretendia assente em valores diferentes daqueles que eram seguidos pelos outros canais.
Onde tudo isso vai! A TVI acabou, enfim, por ser o que hoje é, depois de passada "a patacos" a quem deu mais por ela.
Há pouco, ao acompanhar uma ácida "crónica" de Vitor Moura-Pinto no jornal da TVI, satirizando a visita do papa a Fátima, num modelo que nenhuma outra televisão entendeu seguir, perguntei-me o que pensarão hoje alguns dos sacrificados desse tempo, ao constatar os insondáveis caminhos dos senhores em cujas mãos o "canal da igreja" entretanto caiu.
8 comentários:
Está em "boas mãos": Sérgio Figueiredo.
Caro Sérgio. Não duvido. A minha grande questão é saber o que pensarão os católicos que tanto "investiram" na "Quatro" de outro tempo perante ironias (legítimas, claro) como aquela. Eu sou "de outra freguesia" mas não me dispenso de olhar...
Bem me lembro,
A presidente foi a Dona Leonor Beleza e o mano ZÉ-zé,tinha um programa onde fazia entrevistas sem ponta de interesse Aquilo estava mesmo falido em 1998.
José Martins
Insisto, se me permite,num comentário que fiz ontem e que, apesar da sua conhecida e aqui assumida amizade pelo Sérgio Figueiredo, estranho (pelo manifesto e saudável espiríto democrático deste blogue) não ter sido publicado:
"Está em mãos que pagam principescamente a Sérgio Figueiredo para este levianamente (não fora eu avesso a teorias de conspiração usaria um outro adjectivo) ter deitado abaixo o BANIF com manifesto prejuízo para todos contsribuintes."
Caro Manuel do Edmundo Filho. A ERC e uma Comissão Parlamentar concluíram não ter havido a responsabilidade que imputa, pelo que o seu comentário poderia ser considerado calunioso.
Afirmar que "deitou abaixo" não é um sarcasmo, é uma acusação. E ao não confiar nos órgãos de que a legalidade se vale para considerar alguém culpado ou não é colocar-se no terreno do populismo, tipo Correio da Manhã, para quem a convicção é mais importante e prevalece sobre o juízo das instituições
Caro Embaixador, o "deitou abaixo", se não é sarcasmo, é claramente uma força de expressão. É equivalente a ter escrito "contribuiu levianamente para a queda do BANIF, com prejuízo...". Concedo que esta formulação seria mais elegante do que a que usei.
Infelizmente há razões de sobra para não confiar «tout court» "nos órgãos de que a legalidade se vale para considerar alguém culpado". As instituições fazem o seu juízo e eu faço o meu. Muitas vezes coincidem, outras, como desta vez, não. Com uma diferença enorme: o meu juízo (ou no seu entender, convicção) é inconsequente.
Como o Embaixador bem sabe, a acusação por convicção não é só apanágio do Correio da Manhã. É doença de que muitos dos nossos magistrados padecem, muito em particular, os do Ministério Público.
Enviar um comentário