Com a morte de Baptista-Bastos, o facho do porte do "papillon" passa, entre nós, a ser mais reduzido.
Na primeira linha, estarão João Carlos Espada, Nicolau Santos, Rui Vieira Nery, Francisco George e Miguel Esteves Cardoso (pelo menos, no passado), atendendo a que o professor Fernando Pádua tem sido pouco visto.
No Ministério dos Negócios Estrangeiros, o "papillon" tem uma certa tradição. Usava-o, em permanência, o desaparecido embaixador Humberto Morgado, figura referencial que, por muitos anos, foi diretor-geral da Administração. O ar algo aristocrático de Morgado escondia a sua sabida ligação, durante a ditadura, ao "Socorro Vermelho", uma estrutura dependente do PCP, em especial dedicada a apoiar as famílias dos presos políticos.
Mas Morgado deixou os seus seguidores. João de Vallera, hoje o "Mr. Brexit" das Necessidades, depois de ter deixado a chefia da embaixada em Londres, usa o laço intermitentemente (ontem, num almoço comigo, tinha-o trocado por uma bela gravata). Já o meu sucessor em Paris, José Filipe Moraes Cabral, não dispensa nunca o adereço, que funciona já como a sua "imagem de marca". Resta-me a dúvida sobre outro colega que, no passado, era regular portador de vistosos "papillons": Paulo Tiago Jerónimo da Silva. Já o não vejo há muito, pelo que não sei se ainda segue esse hábito. Ah! E o Luís Barreiros, outro embaixador, também é useiro e vezeiro no laço.
O laço, sejamos claros, nunca ameaçou a preponderância esmagadora da gravata. Porquê? Talvez porque muito o veem como um adereço "light", menos formal, um tanto excêntrico. Nunca esquecerei que o antigo ministro dos Negócios Estrangeiro da Áustria, Wolfgang Schussel, a partir do dia em que passou a ser primeiro-ministro do seu país, largou o laço e engravatou-se para sempre. Sinal de mudança de estatuto? A gravata consagrou o "upgrading".
A verdade é que, no meu caso, sempre que "me deu na veneta" de usar laço, foi em ocasiões bastante "soltas", pouco formais, ciente de que quem me conhece notaria e estranharia a mudança de registo "pescoçal". Daí a minha admiração sincera por quem usa o "papillon" em todas as ocasiões.
7 comentários:
A França pátria da Elegância? Seja, mas não me lembro ver ninguém de laço.
O nosso colega, o afável embaixador Luís Barreiros, também o usa. É mais um. Mas, como refere, estão ou na disponiblidade (no activo), ou quase a ir para lá. A ser assim, um dia destes, já ninguém o usará. É pena. Ou estarei enganado?
Sempre achei que os cavalheiros podem ser umas boas prendas, o laço nalguns é mesmo uma mera redundância...
Vale o que vale mas gosto mais de gravata, o laço faz-me sempre lembrar os petizes nos casamentos de calçãozinho e o lacinho a rematar...
"O laço" ,(um deles...), que nos aperta:
"Toda a dívida pública de médio e longo prazo contraída junto de bancos e fundos de investimento que o actual governo do PS tem de pagar até final da legislatura foi herdada do executivo, também PS, liderado por José Sócrates, que esteve no poder entre início de 2005 e 2011.
As responsabilidades são significativas e ascendem actualmente a 23,5 mil milhões de euros (em OT ou Obrigações do Tesouro), que terão de ser reembolsados até meados de 2019, indica a agência que gera a dívida pública (IGCP), tutelada pelo Ministério das Finanças, de Mário Centeno. https://www.dinheirovivo.pt/ "
experimentei mas não me vi bem, não há como uma bela gravata com um bom nó, com ruga no vertice
Nó de gravata deve ser sempre sem ruga no vértice. É um modernismo de "Tio", que começou aqui há uma ou duas décadas. O verdadeiro nó de gravta é sem ruga (no vértice). Ponto. Lamento, mas é. É um pouccocomo palermce d se usar a camisa aberta em dois botões, ou por fora das calças. São modernismos de "Tios" benzocas.
O laço não é, necessariamente, menos formal. Lembremo-nos do laço da casaca, do "smoking" ou, até, do fraque (excluindo o "plastron" que não é propriamente um laço). Quanto ao vinco, há uma infinidade de nós que os ingleses, mestres na indumentária formal masculina, adoptaram ("four in hand", "half Windsor", "full Windsor", etc.) e que preconizam o vinco já no século XIX. Tudo isto aprendi com meu Pai, que hoje teria 123 anos!
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