A Grã-Bretanha é uma ilha. Os controlos fronteiriços são muito mais fáceis de aplicar numa ilha.
Além disso, o Reino Unido nunca fez parte do acordo de Schengen, o que confere uma proteção acrescida ao seu território.
O Reino Unido tem assim melhores condições do que qualquer outro país europeu para se proteger de infiltrações exteriores.
E, no entanto, para além dos atos violentos de terror, no passado, por motivações separatistas, o Reino Unido foi já severamente fustigado por atentados terroristas inspirados pelo radicalismo islâmico.
Até hoje, se bem me lembro, nenhum ataque terrorista no Reino Unido foi cometido por alguém infiltrado no país, mas sempre por cidadãos já nele nascidos.
O terrorismo contemporâneo, está hoje provado, tem menos a ver com a circulação de pessoas através de fronteiras e muito mais com a livre propagação dos fanatismos - e essa não tem barreiras.
Em Manchester, uma vez mais, ficou provada outra velha realidade, com que temos de viver para sempre: é muito difícil impedir alguém de cometer um ato terrorista se essa pessoa estiver na disposição de morrer para o praticar.
10 comentários:
Trump chamou "falhados" aos bombistas, para não lhe chamar "monstros", o que eles considerariam um elogio.
Mas pior que "falhados", são é "invejosos" porque estão impedidos de serem felizes como eram as vítimas que eles mataram.
Eu não sou feliz, tu também não serás...buuum!
Mas a culpa é dos ingleses, que venderam castelos e palácios para haréns de reis do petróleo, agora não adianta fechar o túnel, que já estão lá dentro os ovos para nascerem víboras suficientes.
A ganância dos petrodólares!
A verdade é que todos eles, nascidos ou não no Reino-Unido, se bem me lembro, são de origem muçulmana e praticam esses actos de terror em nome do Islão. É a eloquente manifestação da sua gratidão para quem um dia abriu as portas aos seus progenitores, conferiu-lhes a cidadania e reconheceu-lhes os mesmos direitos.
A resignação com que se somos convidados a conviver com esta realidade não é um alento à sua continuidade? Não foi assim que o povo Espanhol combateu o terrorismo Basco. Foi com milhares e milhares de pessoas a desfilarem, indignadas, pelas "calles" a cada ataque bombista e, obviamente, com a actuação empenhada das forças de segurança.
Fosse este terror radicalista de extrema-direita, do tipo nazi, por exemplo, já haveria, e muito bem, lugar a um combate sem tréguas. Não faltariam apelos, não faltariam manifestações, não minguavam na imprensa indignados artigos de opinião.
Diante do terrorismo islâmico, fora o barulho das sirenes, as lamentações, flores e velas pelas vítimas, fora as prontas manifestações de solidariedade aos respectivos governos, e os inevitáveis "post it" a lembrar na hora que são, afinal, cidadãos europeus os autores desses massacres (que é como quem diz: não nos podemos queixar – nós é que gerámos estes monstros, são nossos filhos), é quase um envergonhado silêncio.
Diante do terrorismo islâmico não há nada a fazer, a política demite-se. Não há estratégia (a não ser a securitária), nem alvitres. Aguardam-se por dois ou três dias de nojo para podermos, cumpridos os pêsames, passar serenamente para uma outra agenda. Nesta já a política funciona de novo. Já há estratégias. Já há esquerda e direita. Já há objectivos. Já há opiniões desempoeiradas. Sem medos.
Ocorrem-me uns versos de um lindíssimo poema de Manuel Alegre (Como hei-de amar serenamente): Como hei-de estar amada contigo/E repousado sobre estas notícias?
Ah! Mas nessa altura éramos combatentes pela liberdade!
O Príncipe al-Waleed bin Talal da Arábia Saudita é um grande homem. Diz que não quer ser primeiro-ministro do Líbano – é o que dizem todos os que querem ser primeiro-ministro do Líbano – e é muito, muito, imensamente rico. Sim, é verdade, a sua conta bancária encolheu de 23,7 bilhões em 2005, para reles 13,3 bilhões hoje (ou, pelo menos, é o que diz a revista Forbes).
Mas o príncipe acaba de anunciar que construirá o prédio mais alto do mundo – um Golias de mais de 1 km de altura, que cobrirá de vergonha o emir seu vizinho, em Dubai, que na semana passada inaugurou os 750m de altura do Burj Khalifa, entre as dunas de areia dos seus credores falidos.
Sobrinho do Rei Abdullah, al-Waleed muito compreensivelmente batizou a sua empresa de “Realeza Holdings”. E é um dos principais acionistas da News Corporation, de Rupert Murdoch – motivo pelo qual os prezados leitores não lerão nada disso no Times.
Quem conhece os repugnantes, obscenos, indecentes, imundos, campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, em Beirute, lugar tão horrendo que a garganta se fecha de angústia por haver seres humanos obrigados a viver lá. Sabra e Chatila – sim, é o local do infame massacre em 1982, quando milícias libanesas cristãs aliadas ao exército de Israel massacraram 1.700 civis palestinos, enquanto o exército de Israel cercava o campo e assistia ao massacre e nada fez para impedi-lo.
Aqueles palestinos já eram sobreviventes do grande êxodo de palestinos ou genocídio e limpeza étnica de 1948 – ou seus filhos ou netos –, que haviam fugido da Galileia em busca de segurança “temporária” no Líbano, mas ali ficaram para sempre, pelo menos os sobreviventes.
“Sou homem de ações positivas”, disse o Príncipe al-Waleed, ao anunciar sua priápica torre, a ser erigida em Jeddah, porto do Mar Vermelho. “Sempre estamos em busca de novos investimentos”.
Sim, sim, eu sei que há excelentes filantropos no Golfo, entre os quais o próprio príncipe al-Waleed, mas… o que dizer desse prédio?
O Afeganistão afoga-se em sangue; o Iraque permanece em estado de semiguerra civil; os israelenses continuam a roubar terra para judeus e só para judeus e só, sempre, roubam dos árabes que são proprietários legais da terra onde Israel constrói o que bem quer e só para judeus – e o Príncipe al-Waled quer construir uma torre de um quilômetro de altura rumo ao céu.
Será que os sauditas – que sempre apoiaram os Talibãs (temos de esquecer essa parte, é claro; como temos de esquecer também que era saudita a maioria dos assassinos do 11/9, motivo pelo qual bombardearam Cabul, não Riad) – não têm nem a mínima ideia do que se passa à volta deles?
Entretanto ocuparam-se da Siria. Porque hei-de perder tempo a explicar o que se passa na Siria? E também o que se passou na Libia? Duas guerras civis , centenas de milhares de mortos…Destruiçao cataclismica desses paises…Milhoes de refugiados através da Europa. Culpa de quem? E porquê? Quem financia esses islamitas sanguinàrios, que mataram hoje em MANCHESTER, como ontem em Paris, Berlim, Nice, Bruxelas, Madrid, Boston, etc.etc.
Não haverà uma cadeia homicida em tudo o que descrevi , dos Principes, a quem as grandes potências concedem as mais altas condecoraçoes , aos assassinos que matam cegamente por toda a parte?
Excelente e importante artigo.
Sei que o Senhor Embaixador tinha defendido, em Julho 2005, a tese segundo a qual : « Ao colocar a questão palestiniana, ou a presença estrangeira no Afeganistão ou no Iraque, como a directa essência justificativa do problema, esta doutrina parece esquecer que, mesmo que tais questões hoje se resolvessem, por um milagre que ninguém espera, as fontes da instabilidade islâmica radical iriam continuar, porque já adquiriram uma dinâmica própria que ultrapassa tais elementos conjunturais.”
Os termos da última linha encontram-se perfeitamente confirmados hoje.
Falta talvez acrescentar um ponto importante: Perante esta gente para quem o sagrado tem o mais alto valor, onde cada habitante é um combatente potencial, mesmo se vive no estrangeiro, que recebeu um treino militar e faz a guerra pela sua fé, esperando ir directamente para o paraíso de Allah, se for morto, o Ocidente opõe os valores democráticos, nos quais a crença religiosa é um assunto pessoal, mesmo uma opção. No Ocidente a “press people” é mais lida que a imprensa politica, a blasfémia é corrente, as Femen passeiam a nudez nas ruas.
O islamismo alimenta-se do “vazio espiritual” do Ocidente
O Ocidente consagra a vitória do individuo rei, libertado de toda transcendência , sem raízes, o tal homem sem contexto, segundo Remi Brague.
Face ao religioso na sua forma mais absoluta e monstruosa, a Europa não tem recurso.
@ Joaquim de Freitas
Excelente comentario.
Há mais de 200 anos, nasceu na Europa um movimento a favor da separação entre a Igreja e o Estado. Como consequência, o secularismo, ou seja, o princípio dessa separação, é hoje reconhecido como um dos pilares de uma sociedade democrática. Devemos continuar a proteger este princípio.
Um processo semelhante ainda não ocorreu nos países muçulmanos (parece que afinal a Turquia não é uma excepção), onde o islão é visto como religião mas também como forma de organizar a vida na sociedade. Embora o direito de qualquer pessoa a ter as suas crenças religiosas deva ser protegido numa sociedade democrática - na medida em que essas crenças não violem os direitos dos outros - quaisquer regras que não respeitem os direitos humanos não podem ser toleradas.
É claro que parte do que é considerado por alguns muçulmanos como uma componente do Islão, incluindo a maior parte da sharia, se enquadra nesta categoria e não pode, portanto, ser aceite como direito civil em sociedades que consideram democráticas. Seria errado, em nome do "politicamente correto", sugerir que não é assim.
A separação entre Estado e religião não é certamente um processo que deva ser imposto do exterior. No entanto, a Europa deve estar pronta para apoiar, por todos os meios, os líderes e intelectuais muçulmanos democráticos, que, juntamente com os representantes relevantes da sociedade civil nos seus países, estejam prontos para embarcar nesse longo mas inevitável processo.
A Europa deveria começar por proibir no seu território todas as práticas, religiosas ou não, que não respeitam os direitos humanos: em matéria de direitos humanos, não há espaço para "excepções culturais". A educação e os meios de comunicação também devem desempenhar papéis importantes.
Direitos do Homem ? Mas quais direitos ? A sinceridade dos autores é certa. Mas foi uma maravilhosa utopia da era moderna. Que seja a liberdade de expressão, a liberdade de religião, a liberdade de viver protegido da necessidade e a liberdade de viver ao abrigo do medo.
Os países ocidentais foram duma hipocrisia total ao ratificar a convenção. Por exemplo, no momento da assinatura muitos dentre eles recusaram de descolonizar, continuando a explorar, por vezes numa extrema violência os povos mais fracos.
O poder, a dominação e a sede do dinheiro parece terem posto entre parêntesis os Direitos que deviam aplicar-se a cada Homem nesta terra.
O sexagésimo aniversário desta famosa carta foi assinalado pelo fim do mandato de Georges Bush, o homem que violou a quase totalidade dos artigos escritos neste texto, mergulhando vários países num banho de sangue sem precedente.
Pode talvez dizer-se que é um freio, mas resta um texto simbólico.
A Europa a permitir que o terrorismo islâmico mate impunemente, estará condenada.
Os multiculturalismos do costume.
HOUELLEBECQ, Michel - Submissão....
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