O documento sobre a Reconfiguração da Banca em Portugal, que subscrevi com outras 50 pessoas, fala por si. Não me compete interpretá-lo, sendo apenas proprietário das razões pessoais por que a ele aderi.
Considero que o texto faz um apelo necessário à assunção de responsabilidades, seja no âmbito dos atores políticos, seja no domínio da ação do regulador, seja na imperatividade da articulação virtuosa entre ambos. O momento do surgimento do texto pareceu-me adequado, porquanto os dias que a banca portuguesa atravessa são o que são e aproximam-se, neste domínio, decisões da maior relevância estratégica para o país.
Da parte do chefe do Estado, houve já sinais claros de atenção e preocupação com a crescente concentração da sede do poder bancário em Portugal, o que me pareceu muito positivo. Também o primeiro-ministro assinalou o seu desconforto com os constrangimentos europeus colocados às necessidades de capitalização do principal banco público, nomeadamente limitativos do exercício dos deveres de responsabilidade solidária que lhe são exigidos.
Incomoda-me que, da parte do Governador do Banco de Portugal, não tenham emergido, até agora, mais do que uns murmúrios ligeiros sobre a atitude das instituições europeias, em sede de comissão parlamentar, a propósito da saga Banif. É sabido que a parcimónia nas palavras é geralmente tida como a virtude idiossincrática maior da rua do Ouro. Mas, porque «o regulador nacional não é uma mera delegação do BCE», gostava que o presidente do banco que leva o nome do meu país, alguém que co-gere em Frankfurt uma fatia decisiva da nossa soberania, no seio de um processo atípico em que Portugal serve de «cobaia» no laboratório de uma União Bancária que, não por acaso, alguns se recusam a deixar completar, ecoasse em público as razōes do país que representa.
O dr. Carlos Costa fala, em geral, em tom baixo. O país ficar-lhe-ia grato se, por uma vez, exprimisse as graves preocupações nacionais, alto e bom som - quer o BCE ou a Comissão europeia gostem ou não. Lamento ter de dizer isto, mas, a título exclusivamente pessoal, se acaso entende que não tem condições para o fazer, então talvez fosse seu dever criar as condições naturais para que alguém o possa vir a fazer em seu lugar.
(Artigo que hoje publico no "Diário de Notícias")
8 comentários:
A ultima vez que o BP, se imiscuiu nos assuntos que dizem respeito aos banqueiros e governo , ficamos anos a pagar as medidas do sr Constancio; será que é isso que advogam? é que a fiscalização eficaz nem sequer foi feita, ou tentado pelos sr Constancio, como pelo sr Costa.
E que diz o ex-governador do Banco de Portugal, e actual Vice-Presidente do Banco Central Europei, de seu nome Victor Constâncio sobre tudo isto?
Sim... Por que continua a ter muitas culpas no cartório e não se pode fingir "virgem ofendida". Também o quero ouvir alto e bom som!
"criar as condições naturais"
O Francisco está a querer dizer que ele se deve deixar adoecer com uma doença mortal?
Caro Senhor Embaixador:
Certamente que anda atento ao «perfume» neoliberal que anda no ar, e que podemos detectar por um indicador muito fiável, na medida em que é uma caixa de ressonância das ditectrizes que povoam os decisores que se reclamam dessa área (de que o anterior governo Passos/Portas era o magarefe de serviço, que fazia sangue com grande insensibilidade e até parecia que com gosto).
Para esse sector de pensamento esse problema não existe, pois a existir colidiria com a completa e sacrossanta liberdade de circulação que advogam em todas as áreas.
Quando alguém lhes refere tal assunto rematam logo com os exemplos dos bancos nacionais que estoiraram.
Não, Luís Lavoura, o que "O Francisco" estará a querer dizer é que se deve, então, demitir-se, naturalmente...
O Vitor Constância foi das maiores aberrações que Portugal produziu. Claramente é o grande exemplo de como pessoas que demonstram incapacidade chegam a grandes cargos. Felicito o reaparecimento do nosso amigo edmundo com boina ou não.
Prefiro outros manifestos. Tipo este http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2016/05/eles-ainda-chegam-la.html
Senhor Embaixador
Independentemente do fundo da questão, lamento que o texto (pelo menos na versão que encontrei na «internet») tenha muitos erros ortográficos...
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