domingo, agosto 18, 2013

Espiolhices

É muito curiosa a atitude de "espanto" de alguns poderes europeus quando confrontados com a "evidência" da espionagem americana no seio das suas estruturas diplomáticas ou no âmbito das comunicações à escala global. Pressionados pelas opiniões públicas ou por alguns políticos mais vocais, as chancelarias afetadas reagiram com "indignação" a esta intrusão, a qual, na generalidade dos comentários, se afigura contrastante com "as excelentes relações de cooperação e amizade" existentes entre os EUA e esses Estados.

O que mais me surpreende nas reações em face destas "revelações" é que a opinião publicada ainda lhes confira alguma importância. É que só uma grande ingenuidade pode fazer crer que se tratou de uma "surpresa" para alguém que os EUA andem a espiolhar os seus aliados. Há pilhas de livros que provam que, desde sempre, Washington sempre fez isso com regularidade. Mas também é mais do que óbvio que outros países, com maior ou menor sucesso, tentam a todo o custo obter informação classificada alheia e que, sem ser necessário dizê-lo, este jogo "do gato e do rato" é uma rotina vetusta nas áreas da "intelligence" internacional. Surpresa para alguém? Não brinquem...

O caricato de toda esta história foi a suposta "espionagem" detetada na representação da União Europeia em Washington. A menos que Langley possa estar interessado em conhecer os comentários pessoais que João Vale de Almeida e a sua equipa façam dos seus interlocutores americanos, é uma evidência que, em quaisquer matérias de natureza substantiva, os EUA não necessitarão de espiar a delegação europeia, tendo, com toda a certeza, amigos fiéis e relações privilegiadas dentro da União que, quando necessário, de bom grado lhes darão tudo quanto precisarem saber da vida interna da Europa.  

9 comentários:

patricio branco disse...

bem explicado. aliás há seculos que a espionagem e a espiolhice existem, cada época com os seus meios humanos e tecnicos, vamos de facto agora escandalizar-nos!! e actualmente não só a espionagem dos eua, mas de qualquer grande potencia, asiatica ou europeia, ou da maioria dos paises.
afinal preocupa me menos essa espionagem americana que a portuguesa de algum membro de lojas não sei quê que serviria era interesses particulares
país que se preze espia, uns por boas, outros por más razões...

Joaquim de Freitas disse...

Sr. Embaixador : Podemos minimizar a importância do "crime" duma potência "amiga" pelo facto que ela conhece ou pode obter toda a informação que a "espionagem" industrializada da CIA lhe proporciona.
Mas creio que se trata antes de constatar a extensão do "crime" em questão e de tomar as medidas possíveis de protecção da nossa economia. Porque não se trata somente de política mas sobretudo de economia.

A política mundial caracteriza-se pela promoção do liberalismo. A China e os USA ilustram a mesma consagração mercantil do materialismo. Esta convergência paradoxal manifesta-se na aliança do PPE e do PSE que apoiam a Comissão Durão Barroso e o mesmo liberalismo na Europa.

O Sr. Embaixador conhece as palavras de Talleyrand : "Os financeiros só fazem bem os seus negócios quando o Estado os faz mal". O projecto actual de acordo transatlântico entre a UE e os EU é uma perfeita ilustração da primazia da economia sobre o direito publico e, por ricochete, sobre os direitos do homem nos quais o refluxo do direito social é notório.

Snowden, revelou a mecânica da regressão do império do direito perante a dominação da finança,e a optimização do lucro, que é agora o único objetivo. Não é só o facto de espionar os amigos, porque não há amigos a este nível. Ora a obrigação duma sociedade é de assegurar o bem estar geral, e não o duma pequena parte da sua população.

As acções dos EU permitem de se pôr algumas questões sobre a sua pretendida defesa das virtudes democráticas. Snowden trouxe-nos uma prova suplementar à longa lista dos contra exemplos conhecidos pelo mundo inteiro.

Quando a administração americana pretende inculpar Snowden por ter divulgado práticas contrarias aos direitos do Homem, sem temer o ridículo, ela esquece que ele espionou em benefício exclusivo da administração dos EU !

Quando ela acusa Snowden de dissipação dos segredos, ela esquece que ela mesmo divulgou a identidade de um dos seus agentes na "affaire" Plame-Wilson! Snowden não divulgou o nome de nenhum agente.

Esta justiça americana, que lançou o "impeachment" contra um presidente que mentiu a propósito duma felação na Casa Branca , e não inculpou outro presidente responsável da morte de milhares de "boys" numa guerra lançada sobre uma mentira colossal!

Este é o contexto no qual se produz a violação grave dos direitos do homem pela administração americana, que Snowden revelou, e que põe a questão dum crime de Estado em direito publico internacional.
Trata-se da violação "industrial" de todos os cidadãos da Comunidade Internacional. Ora os EU assinaram a Convenção de Viena de 1987, que impõe aos Estados de aplicar os tratados de boa fé. A organização industrial da CIA prova que é antes a "má fé" que caracteriza esta política deliberada dos EU.

Snowden reivindica o estatuto de defensor dos Direitos do Homem. Creio que todos os cidadãos do mundo devem reagir para que este estatuto lhe seja concedido. Mesmo se todos sabemos, e o Sr. Embaixador tem razao, que o mundo inteiro já conhecia desde há muito a falsidade dos Americanos nas relações com os seus amigos e aliados. Não reagir consiste a dar-lhes razão.

A UE teria aqui uma boa oportunidade de afirmar a sua consciência do direito em comparação à aparência superficial que lhe dá o comportamento dos EU. Se houvesse em Bruxelas alguém suficientemente independente e corajoso para o afirmar. Mas não é o "barman" da cimeira dos Açores que o fará!

Helena Sacadura Cabral disse...

É por estas e por outras que o futuro tão apregoado acordo UE e EU me parece tão falacioso...

Anónimo disse...

Na guerra de África quem dava a conhecer as gravações espiadas a Salazar? De quem eram os barco que intersectavam mensagens?
Tudo isto tem grandes barbas. Como se preserva um poder? Pois.

Anónimo disse...

bastara um cafezinho com o patrao, o ex maiosta, pneu michelin


bh

Helena Oneto disse...

Caro Joaquim De Freitas, subscrevo, uma vez mais, o seu comentario!

Anónimo disse...

Cara HSC, esse acordo vai existir porque todos necessitam desta "collection" dos EUA

Como diz Friedman, a manutenção de um império impõe a adopção de certas e determinadas técnicas

Anónimo disse...

nao vejo porque tenhamos que nos preocupar, caro embaixador, nos temos a ASN, sabia?

A agencia nacional de seguranca; dirigida pelo poderoso eficiente e bicefalo (ergo quatro orelhas... ) paulo coelho .


paulo coelho o homem que de forma unica inspira confianca ao povo portugues, como o tao bem sabem todas as agencias internacionais.

paulo coelho o lipoaspirador das gorduras do estado. paulo coelho aquele que assegurou e assegura o dia a dia de todos os portugueses.

viva paulo coelho.

e claro, viva o ASN! essa grande instituicao que transformou (para melhor) todo o portugal.
e no fundo que diz ASN, diz paulo coelho, porque o ASN é paulo coelho e paulo coelho é o ASN!


bom vou dar de comer ao cao...


boa noite

Joaquim de Freitas disse...

Chère Madame Helena Oneto : Muito obrigado.

Sem duvida, é sempre agradàvel de saber que alguém compartilha de certas ideias .

Segunda feira

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