A propósito de uma confusão sobre a nacionalidade de uma senhora, durante um jantar no Brasil, que há dois dias aqui referi, vou contar uma história que acho curiosa, que também me ocorreu, nesses nossos primeiros dias de Brasília.
O conselheiro social da embaixada e a sua mulher haviam decidido convidar-nos para conhecer, em sua casa, vários portugueses que ocupavam lugares destacados na vida política, económica e social da capital brasileira. Foram dois simpáticos jantares, que permitiram ficar a conhecer um conjunto muito interessante de personalidades, que viram a revelar-se essenciais para o meu trabalho futuro.
Uma dessas figuras era um engenheiro português, altamente colocado na administração brasileira. Na conversa ao jantar, que tinha de ser dividida com os restantes convidados, dei-me conta, a certa altura, que ele nascera no Porto e que era engenheiro eletrotécnico. Ora eu fora, em 1966/68, um efémero estudante de engenharia eletrotécnica, precisamente na universidade do Porto. Em que ano tinha ele entrado para a faculdade? Em 1966...
Tinham passado quase 40 anos, mas a curiosidade fez-nos remexer memórias, que viémos a constatatar que, em vários casos, eram comuns. Ambos tínhamos tido aulas de Química Geral com o Vasco Teixeira, de Matemáticas Gerais com o Arala Chaves, e aí por diante! Depois, vieram à baila alguns episódios, passados na Unicepe, no "Piolho" ou no bar do "Centro" (Universitário do Porto). Ambos havíamos estado nos mesmos locais, nos mesmos dias, lembrando as mesmas coisas, com pormenores. Os nomes de amigos comuns vieram à conversa. Por outro cruzamento de referências, também a probabilidade de termos feito algumas tardes de estudo juntos se tornou plausível (no meu caso, sem um grande sucesso académico, o que me conduziu à sensata decisão de mudar de curso). Mas nem eu me lembrava concretamente dele, nem ele de mim. Mas esse foi o começo de uma bela amizade.
O Manuel Lousada, que às vezes lê este blogue, lembrar-se-á desse momento em que nos (re)encontrámos, e que, depois disso, muitas vezes repetimos, nomeadamente no Porto (onde é que havia de ser!). Tudo graças à simpática e acolhedora iniciativa, também muito profissional, da Anabela e do Joaquim do Rosário. Aqui fica um abraço para todos eles, lembrando esses magníficos tempos de Brasília.
3 comentários:
Creio que, para todos quantos por lá passámos nessa época, haverá sempre um tempo antes e outro depois de Brasília.
JR
"Esses magníficos tempos em Brasília", aconteceram pela coincidência de pessoas, espaço e tempo. Por isso, passados anos, estão presentes nas nossas memórias, também afectivas.
Muito obrigada pelas gentis palavras.
Anabela do Rosário
Um dos desejos mais profundos do ser humano é o de ser reconhecido...
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