quinta-feira, junho 20, 2013

Fenianos

Conheci ontem o embaixador irlandês em Portugal. Com o espírito jovial de "mediterrânico" do Norte que é típico dos seus concidadãos, falou-me, com entusiasmo, da ideia de fazer um guia com uma espécie de "percurso irlandês" de Lisboa, por forma a evidenciar aos portugueses a importância das relações entre os dois países. Trata-se de um apaixonado pela História e tem vindo a coletar imensa informação sobre o tema.

A meio da conversa, perguntei-lhe: "Já visitou o Clube Fenianos, no Porto?". Nunca tinha ouvido falar. Expliquei-lhe que, desde 1904, existe no Porto uma agremiação que, tanto quanto se sabe, deriva de entidades similares brasileiras (estas últimas, aparentemente, influenciadas pelos Estados Unidos), criadas ainda no século XIX, que tinham como objetivo a recolha de ajuda financeira para os revolucionários católicos irlandeses, que lutavam pela sua independência dos ingleses. De certa forma, como já tenho lembrado a amigos portuenses, o popular "Fenianos" tem uma raiz (pelo menos) etimológica que o liga ao famoso "Sinn Féin", o partido da da Irlanda do Norte que, durante muito anos, esteve por detrás do violento IRA. 

No historial do pacífico clube portuense de hoje, constam já poucos vestígios dessa origem. Na "Sapataria Fenianos", que fica no rés-do-chão, apenas sabem dizer que o nome se deve ao clube. Talvez, numa próxima visita ao Porto, o simpático embaixador irlandês venha a comprar por lá um par de sapatos, em honra da memória da instituição.

4 comentários:

Anónimo disse...

e entre muitas coisas terao publicado um opusculo advogando pelo casamento das telefonistas...

os bons velhos tempos do dr azar


saudacoes

patricio branco disse...

coisas curiosas,e a propósito, lembro me da antiga embaixada da irlanda em lisboa, num edificio da calçada da estrela, frente ao muro lateral da residencia do presidente do conselho, distribuia um bonito e elegante boletim de noticias em papel fino amarelo, em português, até mandava para casa pelo correio tipo assinatura.
pois creio que há por aí em lisboa uma igraja (católica) irlandesa, o interessante romance de carlos matos ferraz "a mulher do legionário" situa-a ali por s. paulo, zona do cais do sodré, mas isso é no romance nos anos 30-40. os curas eram chamados pelos vizinhos da zona os conorres devido ao apelido o'connor que alguns tinham.
tambem há os falsos pubs irlandeses decorados com um kit de materiais fornecidos a quem adere à franquia para abrir um, servem guiness, claro, e têm jogos de dardos.
uma boa peça irlandesa clássica acaba de passar no teatro d. maria, o playboy do mundo ocidental, encenada por jorge silva melo/artistas unidos.
a sapataria dos fenianos etá boa, o embaixador gostou de saber, e do clube.

Fernando Frazão disse...

Boa tarde

A primeira vez que estive em Dublin , dirigi-me ao Departamento de Turismo de modo a adquirir um guia da cidade.
Já conhecia vários pontos imperdíveis mas, o resto da cidade, era para mim um mistério. Encontrei, para além de vário material interessantíssimo um opúsculo que dava pelo nome de "Dublin by the pubs" com um roteiro dos mais típicos pubs da cidade que, para meu espanto eram associados a um músico ou agrupamento de música irlandesa. Assim fiquei a saber onde podia, com alguma sorte, encontrar os Dubliners, os Chiftains, Sinnead o' Connor, elementos dos U2, e por aí fora,a cantar e a tocar para além de me ser indicado o que "eles" consideram ser o mais velho "pub" do mundo: O mítico Brazen Head.
Eu que sou um fã da música celta aderi logo.
Fiquei a saber que, neste departamento, Dublin é bem mais que o Temple Bar e a coisa revelou-se profíqua.
Serve esta prosa para sugerir que, para além do percurso irlandês em Lisboa, se faça um roteiro, especialmente dirigido aos nossos amigos "mediterrânicos do norte" (bela classificação) com o título "Lisbon by the Tascas".
Garanto sucesso absoluto.
Cumprimentos

J Silva Pereira disse...

Exmo. Sr.,

Pessoa Amiga, conhecedora da circunstância de que faço parte dos actuais Corpos Sociais do Clube Fenianos Portuenses, deu-me notícia deste postal.

É uma honra para o nosso Clube merecer tal referência por parte de V. Exa.. Faço tenção de levar o assunto à próxima reunião de Direcção e, caso V. Exa. me permita, relatar-lhe-ei, posteriormente, o que decidirmos em agradecimento, bem o como o resultado do muito provável contacto com a Embaixada da
Irlanda.

Apresento a V. Exa. os meus melhores cumprimentos.
J. Silva Pereira

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...