É um livro garantidamente polémico. Tenho muito gosto em apresentá-lo, porque aborda um tema que continua envolvido em alguns mitos/verdades dos quais, talvez não por acaso, a nossa história política contemporânea nunca se libertou.
É um assunto que sempre me interessou. Vivi o tempo decisivo de 1975, como militar. Assisti então a Assembleias do MFA, onde a questão era abordada. De seguida, ainda nesse ano, mas já como diplomata, acompanhei o assunto no Ministério dos Negócios Estrangeiros. A partir de 1982, e por quase quatro anos, estive colocado na nossa embaixada em Luanda, período em que tive a oportunidade de revisitar, com amigos angolanos e portugueses, muito do que por ali se passara sete anos antes. Essa foi também uma oportunidade para tentar perceber o traumatismo dos acontecimentos de 27 de maio de 1977, uma data trágica de clivagem que, embora possa não parecer, tem muito a ver com tudo aquilo que o livro relata. E, sempre como interessado no tema, li muito do que, cá dentro e mesmo lá fora, se publicou sobre o tema do processo de independência de Angola - embora não tivesse tido acesso a uma imensa parte dos documentos que Alexandra Marques agora traz a público, pela primeira vez.
Alexandra Marques é uma jornalista que enveredou, há alguns anos, por um percurso académico na área da historiografia. Felizmente, manteve o registo de escrita da sua profissão anterior, o que confere ao livro um ritmo interessante e ágil. Sem a menor dúvida, aconselho a leitura deste seu trabalho.
Na FNAC do Porto, pelas 18 horas de quinta-feira, dia 27 de junho, lá estarei a falar do livro e, incidentalmente, de Angola, um país que, como hoje se constata, é a única ex-colónia de que Portugal não se tornou independente.
7 comentários:
sim, é verdade que é assim...
Eu estava lá em 1977. Sou contra esta santificação post-mortem do nitismo, tão politicamente correcta agora. Tenho boas razões para pensar (e se quiseres indico-te fontes) que os nitistas não tinham o apoio do PCP (queriam pelo contrário dar lições ao PCP) e foram um joguete ingénuo nas mãos do KGB, que, esse sim, conseguiu dar uma lição e pregar um grande susto ao Agostinho Neto. Se os nitistas tivessem ganho, teriam assassinado tantas pessoas ou mais do que o fez a facção vencedora.
segredos num livro de investigação histórica parece-me termo pouco adequado, um pouco a chamar à curiosidade do publico, portanto à venda. segredos da biblia, segredos do vaticano, dos templarios, etc.
bem sei que deriva de secreto, mas tem outras conotações.
é bom que um livro se venda, mas poderia talvez haver outro termo para segredos, os investigadores que o digam.
boa sessão de apresentação no lançamento no porto, pois.
"Angola, um país que, como hoje se constata, é a única ex-colónia de que Portugal não se tornou independente."
Não se tornou independente poque em Portugal, o PCP e dependentes, aproveitando e envolvendo-se no MFA, travou a democracia em 1975 em Portugal, desviando a atenção dos portugueses continentais para o assunto, martelando sempre "os fascistas brancos de angola contra a libertaçãso dos povos", criando mesmo uma aversão aos chamados "retornados" cuja maioria nunca tinha posto os pés em Portugal.
Destrui-se a "economia fascista" em Portugal em nome de novos ámanhãs cubanos-europeus, que, por ironia foram eliminados pela queda do muro de Berlim.
O livro é essencial para compreender as actividades de presonagens como Rosa Coutinho a enviesar a sua missão.
O livro que já conheço á 2 semanas,deve ser lido pelas novas gerações para aprenderem um período da história da luta pela democracia e lberdade, da qual ainda estamos a pagar a factura.
Aproveito para saudar dois portugueses pós 25 de Abril :
Salgado Zenha e Sá Carneiro
Alexandre
A suposta "doutora" "escritora" meteu os pés pelas mãos neste blogue!!!
http://www.blogger.com/comment.g?blogID=18608464&postID=5424594651807370477
Uma entrada de leoa com uma saída de ursa!!!
tssk tssk
Assisti à chegada da ponte aérea que devolveu os portugueses de Angola a Portugal. Enfim.... na altura não lhes queria estar na pele. Tudo o que se possa escrever sobre este assunto não me fará nunca aceitar como se passou. Mas... eu até nem sou politizado por isso não conto.
Portugal vai continuar a ser "dependente" de Angola enquanto ela absorver uma grande parte dos portugueses que procuram trabalho e também pelos números das nossas exportações para lá.
Malgré tout!
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