Uma agência de "rating" internacional acaba de baixar a classificação de Portugal, assinalando um aumento de risco em torno da nossa economia, fazendo disparar os juros das obrigações portuguesas.
A publicação deste parecer, na véspera de um leilão de dívida, encarecerá os custos do Estado. Mas, essencialmente, acarreta um peso acrescido no normal processo de endividamento de outras entidades públicas e privadas, cujo respaldo do Estado português surge agora enfraquecido, com garantias mais difíceis de concretizar.
Não importa aqui "chover no molhado" sobre os critérios dessas agências, apenas sendo justo lembrar uma vez mais que o seu atual rigor serve, de certa forma, para compensar o olhar distraído que elas tiveram, durante anos, perante os riscos de muitos produtos financeiros sem credibilidade, que estiveram na origem da atual crise.
A publicação deste parecer, na véspera de um leilão de dívida, encarecerá os custos do Estado. Mas, essencialmente, acarreta um peso acrescido no normal processo de endividamento de outras entidades públicas e privadas, cujo respaldo do Estado português surge agora enfraquecido, com garantias mais difíceis de concretizar.
Não importa aqui "chover no molhado" sobre os critérios dessas agências, apenas sendo justo lembrar uma vez mais que o seu atual rigor serve, de certa forma, para compensar o olhar distraído que elas tiveram, durante anos, perante os riscos de muitos produtos financeiros sem credibilidade, que estiveram na origem da atual crise.
O que agora afeta, na perspetiva dessas agências, a situação portuguesa, não tem em mínima consideração os esforços que as autoridades portuguesas estão a levar a cabo, colocando em prática, com um apoio político maciço e com um imenso sentido de responsabilidade, um programa de um rigor orçamental sem precedentes.
No passado, como foi o caso das intervenções externas nos anos 70 e 80, o nosso país já havia dado mostras de ter capacidade para superar graves crises macroeconómicas. E a disposição corajosa que agora Portugal está a demonstrar é a melhor prova de que tudo faremos, uma vez mais, para superar esta nova situação. Mas nem a serenidade responsável com que o povo português está encarar o esforço que lhe é solicitado parece convencer os "olheiros" das agências de notação da nossa determinação.
Agora tudo se passa como se os rumores em torno de uma possível reestruturação da dívida grega, fruto de uma situação nacional muito específica que todos reconhecem diferente da nossa, tenham necessáriamente que arrastar Portugal para um tratamento idêntico pelos mercados.
Não deixa de ser irónico que, tendo o nosso país acordado com as instituições europeias e com o FMI um pacote de profundas reformas e de cortes drásticos na despesa pública, algumas das quais antecipadas já por nossa decisão autónoma, as agências de notação acabem, afinal, por mostrar-se "mais papistas do que o papa".
Será talvez legítimo pensar que a União Europeia, e, dentro desta, os atores principais que definem as opções de reforço da zona euro, talvez devesse refletir bem no facto de que esta permanente "navegação à vista", com decisões cumulativas "ad hoc", suscitadas em resposta à corrente dos acontecimentos, vai ser o melhor aliado do jogo especulativo dos mercados. Esta política de medidas avulsas acaba, sem a menor dúvida, por tornar muito mais caro agora aquilo que uma atempada decisão, firme e consequente, já poderia ter estancado há muitos meses.
O que se passou nas últimas semanas, com alguma cacofonia contraditória entre a linha política do BCE e as iniciativas em torno dos "heterónimos" criativos com que alguns tentam tratar a ideia de reestruturação da dívida grega, aí está a mostrar os seus indesejáveis frutos.
(este texto serviu-me de "inspiração" para o artigo que, no dia 8.7.11, publiquei nos "Les Echos" - ver mais acima)
(este texto serviu-me de "inspiração" para o artigo que, no dia 8.7.11, publiquei nos "Les Echos" - ver mais acima)
17 comentários:
Parece-me cada vez mais insuportável que o Banco Central Europeu se renda às avaliações feitas pelas incompetentes e religiosas (no sentido de se moverem orientadas pela fé e não pelo que se pode observar no mundo) agências de rating norte-americanas.
"Roma não paga a traidores"
Os Laranjinhas andaram meses a ajudar os especuladores (Moody's incluida) no ataque ao Euro para derrubar o governo.
Agora têm a merecida recompensa...
A propósito de Moody's e recompensa, nem tudo são más notícias:
Anteontem a Moody's cometeu um erro fatal: meteu-se com quem não devia e, parafraseando Jorge Coelho, quem se mete com esses, leva... pela medida grande!!!
Leram aqui em 1ª mão
Não percam os próximos episódios!
Bem, gostei tanto que me desvendasse e mostrasse esta perspetiva, eu já desconfiava mas não sabia com essa sustentabilidade de saberes adquiridos e acumulados.
Boa, obrigada, a Sua clareza e lucidez não Nos deixa tão à mercê(...)Dos especuladores casas de sustos e profetas de terrorismo psicológico social .
Isabel seixas
A actual situação do rating da dívida soberana é uma lição para todos os que nunca pensaram que muito se joga hoje através do Sistema monetário/Financeiro Internacional.
Aquilo que muitos pensam ser os desígnios escondidos destas agências da manipulação, em vésperas de empréstimos à (s) República (s), com o fim de inflacionar os juros dos empréstimos, tem reflexos ainda mais graves nas empresas e no valor accionista destas.
A financeirização da economia global torna-se, assim, modo de tirada de mais valias através do perigo que há muito Adriano Moreira chamava de simultaneidade da informação.
Foi com alguma perplexidade e até alguma raiva que li essa notícia. Pergunto-me, que querem mais, essas Agências? Como aqui, no Post, bem se diz, com medidas acrescidas de austeridade e sacrifícios, um governo empenhado em resolver a situação económica crítica, uma população a aceita-las, que mais se pode pedir a um país em crise?
Realmente, alguma coisa tem de ser feita, um dia, a um nível institucional internacional, para acabar com a influência nefasta destas Agências de “rating” ao serviço do Capital mais sórdido! O que pretendem mais? Que se venda o País a pataco? Ás postas?
Será que não se poderia colocar essas Agências de “rating” num qualquer Tribunal internacional, acusando-as de sabotagem económica para proveito de terceiros (aqueles que irão beneficiar dos juros elevados a cobrar devido à descredibilização da imagem económica e política do país atingido pela desvalorização manipuladora das tais Agências de “rating”), por exemplo? Talvez seja tempo de começar a pensar numa solução dessas. Será, todavia, preciso vontade política e acima de tudo coragem política. Na Europa de hoje, tais qualidades existem? Fica a pergunta.
P.Rufino
Conheço um diplomata que foi confrontado com uma dolorosa interrogação: tendo a Jugoslávia deixado de existir, seria correcto usar a Ordem da Bandeira que, com todo o merecimento, lhe fora conferida pelo Governo de Josip Broz Tito, ainda por cima no grau de Oficial e com Estrela Vermelha?
O dilacerante dilema foi resolvido, a contento do feliz condecorado, por um parecer do Chefe do Protocolo da República da Sérvia: "Pode".
Sr. Embaixador era um bem para toda a Humanidade acabar com as agências de notação. É um favor muito grande, aqueles que através de um clique possam assinar esta PETIÇÃO e quem possuir blogues a possa divulgar. É preciso que não nos tirem os sonhos.
Mais uma vez muito obrigada.
Os Partidos que concordaram assinar o acordo com a tróica, sabiam muito bem que estavam ali 3 cavalos de Tróia...
O que andarão a fazer dois portugueses de nomeada, no topo desta Europa?!
Dr.ª Helena, se clicar no 1º link do meu comentário, está lá a resposta... andam como os outros predadores, à caça. O problema vai surgir para eles, quando acabar o "peixe miúdo", aí, espero que se comam uns aos outros.
A impunidade com que as agências de rating "mais papistas que o Papa" ditam as suas lamentáveis profecias, chegou ao limite do suportável.
Assino e divulgo a petição.
Tenho, cada vez mais, orgulho no meu Embaixador!
Cara Helena SC,
Numa frase curta disse tudo!
Isabel BP
Subscrevo a pergunta de HSC e o comentário de Fada do Bosque.
P.Rufino
Querida Helena Sacadura Cabral,
Pela primeira vez, e talvez ultima, felicito o presidente da Comissão europeia que ousou manifestar-se contra o abuso da prepotência das Agências de rating, nomeadamente a Moody's.
não é propriamente portugal, é a europa ou união europeia que as agencias de rating tentam atingir, entrando pelos calcanhares de aquiles ou flancos moles dessa mesma europa que são portugal e a grécia.
Quando um país perde a credibilidade junto das comunidades portugueses (com atropêlos ao direito à propriedade) que dizer das agências de rating?!... E já agora gostaria de saber se a casa que me foi expropiada "por inquilinos perpétuos" me poderá agora ser devolvida... A Troika fez a exigência mas será que o Governo irá cumprir... Tenho dúvidas e não sou caso único.
Valdemar (Sydney)
Minha querida Helena O.
Só não me solidarizo consigo porque, como diz o nosso povo, o dito presidente "tarde piou".Tanto que podia e devia ter sido feito desde há pelo menos um ano!
Mas quem tal reclamava era "bota abaixo". Agora, nem a bota nos resta. À bon entendeur salut!
Cara Fada
Já assinei e vou ganhar a tarde a solicitar aos meus amigos que façam o mesmo.
Ao menos, que nos reste o direito de mostrar a nossa indignação!
Concordo com o prisma do caro colega comentaddor V, mas deixo aqui uma visão ainda mais alargada sobre o "alheamento" muito proveitoso (para eles) dos nossos políticos.
Altos cargos na UE de portugueses incompetentes, juros que continuam a ser usurários e agiotas, não me parece que o BCE ou a CE queiram resolver a situação... piores que o FMI que é externo à UE... mais papistas que o Papa!
Nada de estranhar portanto, que vamos pelo caminho da Grécia... devíamos tê-la tido por exemplo e devíamos ter visto que nesta Era, em vez de um cavalo de Tróia para os destruir, receberam três... por isso não haverá quem os vença. Havia quem soubesse disso e é essa a parte pérfida e pervertida da questão.
Enviar um comentário