sexta-feira, julho 08, 2011

Ainda as agências de notação

Quem estiver interessado pode consultar o artigo que hoje publico no principal diário económico francês sobre o comportamento das agências de notação financeira quanto à economia portuguesa.

O texto foi enviado na tarde de quarta-feira para o jornal. A questão colocada no seu último parágrafo acabou por ser (parcialmente) respondida ontem à tarde pelo Banco Central Europeu. Só nos podemos felicitar.

Leia o artigo (em francês) aqui (ou aqui) ou em português aqui.

A pedido da TSF, comentei o artigo desta forma.

17 comentários:

José Silva Jorge disse...

Sr. Embaixador,
Concordo com tudo o que diz no artigo que publicou, mas o que não percebo é como se pode deixar continuar que as agências de rating credenciadas efectivamente sejam apenas as três conhecidas, cuja propriedade as torna suspeitas no que concerne à sua independência, e que nenhum Estado ou a União Europeia apliquem as regras da concorrência forçando-as a dividir-se (talvez cada uma em duas) e a serem verdadeiramente independentes de operadores de mercado, além de os seus próprios sócios e principais dirigentes serem impedidos de actuar nos mercados. Note-se que isto é ainda mais agravado porque cada entidade ou emissão nos mercados exige duas notas.
José Silva Jorge
josesilvajorge@gmail.com

Anónimo disse...

Claro que gostei do artigo,
principalmente como antídoto.
A piromania é um sintoma severo e frio cuja leviandade pode ser imprevisível...
Isabel Seixas

Carlos Cristo disse...

Caríssimo Francisco,
Belo artigo !!!!!
Parece-me que a União Européia capitaliza os sucessos e nacionaliza os infortúnios,....

Alcipe disse...

Veja o amigo Ronaldo
como esse senhor Trichet
foi remexer o seu saldo
como quem faz crochet!

Juros sobem, ó meine Frau!
Mas descansem, portugueses:
o americano know how
não nos faz largar fregueses...

E assim nas calhas da roda
vai sem rima nem razão
esta economia torta
a brincar com a explosão!

a) Feliciano da Mata

Jose Martins disse...

Senhor Embaixador,
E por que achei de relevo o seu artigo inseri-o, em dois meus blogues.
.
A Google traduziu-o.
.
Há, claro, alguns erros técnicos mas dá para entender.
.
Sem me intrometer nos assuntos diplomáticos, seria bom que outros seus colegas, levassem acções semelhantes nos jornais dos países onde estáo acreditados.
Saudações de Banguecoque
José Martins

patricio branco disse...

Artigo sereno e objectivo. optimo darem espaço ao embaixador de portugal.
possivelmente, eram estas agencias de rating que sobre os produtos do bob madoff ou sobre o banco lehman brothers davam AAA.

Fada do bosque disse...

Sr. Embaixador, colocar um fim a esta malévola dependência? Não, não estão interessados... temos de ver isto de uma perspectiva histórica e a História repete-se. Essa é precisamente a "arma" deles:

Guerra e crise económica

A guerra está inextricavelmente ligada ao empobrecimento do povo, internamente e por todo o mundo. A militarização e a crise económica estão intimamente relacionadas. O fornecimento de bens e serviços essenciais para atender necessidades humanas básicas foi substituído por uma "máquina de matar" orientada para o lucro a apoiar a "Guerra global ao terror" da América. Os pobres são feitos para combater os pobres. Mas a guerra enriquece a classe superior, a qual controla a indústria, os militares, o petróleo e a banca. Numa economia de guerra, a morte é um bom negócio, a pobreza é boa para a sociedade e o poder é bom para os políticos. Os países ocidentais, particularmente os Estados Unidos, gastam centenas de milhares de milhões de dólares por ano para assassinar pessoas inocentes em distantes países empobrecidos, enquanto internamente o povo sofre as disparidades de pobreza, classe, género e racial.

Uma "guerra económica" total que resulta em desemprego, pobreza e doença é executada através do mercado livre. Vidas de povos estão numa queda livre e o seu poder de compra é destruído. Num sentido muito real, os últimos vinte anos de economia global de "livre mercado" terminaram, através da pobreza e da exclusão social, com as vidas de milhões de pessoas.

Ao invés de tratar de impedir a catástrofe social, os governos ocidentais, que servem os interesses das elites económicas, instalaram uma polícia de Estado "Big Brother", com mandato para confrontar e reprimir todas as formas de oposição e discordância social.

A crise económica e social não atingiu de forma alguma o seu clímax e todos os países, incluindo a Grécia e a Islândia, estão em risco. Basta apenas olhar para a escalada da guerra no Médio Oriente e Ásia Central e para as ameaças dos EUA-NATO à China, Rússia e Irão para testemunhar como a guerra e a economia estão intimamente relacionados.
Análise ao livro: A crise económica global. A Grande Depressão do século XXI.
Texto integral Aqui

Fada do bosque disse...

Este vídeo, foi antes do 2º referendo na Irlanda, divulgado pelo blogue Aventar Tratado Bilderberg, ou Tratado de Lisboa. Pena é que não deixassem este Tratado ao escrutínio dos povos... eles lá sabiam porquê.

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro Alcipe
Talentoso este Feliciano da Mata!

EGR disse...

Senhor Embaixador:a análise que faz é,como seria de esperar,correcta pondo a questão no seu verdadeiro amago.
Curioso notar que hoje se assiste a uma espécie de comoção nacional-não se autentica se provocada-face ao sucedido.
Mas,é também interessante relevar, que,vozes autorizdas vinham há muito a assinalar o comportamento "predatório" dessas agencias sem que tal comoção se registasse.e sobretudo sem que se reconhecesse que sem uma resposta concertada na UE o problema não teria solução.
Dentre essas vozes cito,por todos, o Dr.Mário Soares.
Só uma minoria lhe terá dado atenção e a maioria preferiu assentar baterias noutras direcções.
Felizmente parece que as coisas estão a mudar, sendo de subblinhar que até o Senhor Presidente da Republica abandonou a sua habitual postura e manifestou não só indignação como fez votos no sentido de que o acontecido com Portugal possa ser um "detonador"
para a UE.
EGR

Anónimo disse...

Caros Alcipe e Feliciano da Mata,
Aqui a velha diz apreciar o talento mas não aguenta que lhe toquem no seu Fernando Pessoa - e saiu-lhe do baralho palavrão e palavrona que omito como devo:

grande pessoa perdoa
tua autopsicografia
ser usada assim á toa
pra rimar economia

sem sequer te referirem
chamam torta à tua corda
e prá razão explodirem
gira sem calhas de roda

comboio sem coração
mas que falta de respeito
não dou por isto um c...tostão
fernando porra estás feito.

Fada do bosque disse...

Se como podemos ver aqui, a ONU conseguir com que estas agências sejam extintas, o que não acredito, é já um grande passo. Se são agências ligadas à CIA, nunca deveriam poder dizer o que bem lhes apetece, apenas porque sim.

Anónimo disse...

Os senhores não perceberam nada, mas eu é que trabalho no comércio : o que se passa é que vem aí o Quinto Império!

a) Fernando Pessoa

Anónimo disse...

Caro Anónimo das 12:28,
O quinto império é só depois da quinta imperial - com tremoços - para a mesa do canto.
E insista sff com o José Pacheco para que…
"Diga ao Fernando Pessoa que não tenha razão.
Um abraço do camarada amigo

ÁLVARO DE CAMPOS"

Fada do bosque disse...

Alguém quer apostar nisto? ...

Anónimo disse...

Oh! De qualquer forma acho que o Senhor é tenor.
Daí a Tsf(Trautear subtilmente fado)

Isabel Seixas

OCTÁVIO DOS SANTOS disse...

Sinto-me no dever de expressar a minha mais «sincera» «solidariedade» ao Senhor Embaixador Francisco Seixas da Costa. Apenas posso imaginar – e levemente! – o quanto lhe terá custado escrever este artigo.

Não só pelo tema: de facto, é muito difícil, é mesmo trágico, comentar a desqualificação do país natal para a categoria «lixo» - algo que, pensando bem, representa a consequência lógica de cem anos de regime republicano (que «magnífica» maneira de encerrar as comemorações!) e em que predominaram «homens de avental» - logo, habituados a lidar com vários tipos de sujidade. Mas também, e precisamente, pela forma de o escrever: então não é que o Senhor Embaixador, emérito defensor e seguidor do «acordo ortográfico» da língua portuguesa, se vê obrigado a utilizar essa «arcaica», «obsoleta», «ultrapassada» língua francesa, em que abundam as consoantes «mudas», os acentos e ainda as vogais e as consoantes repetidas?

Sim, eu sei, são os «ossos do ofício», os «sacrifícios» que se têm de fazer quando se representa Portugal. Mas, caramba, há coisas que são de mais! Atente-se em algumas das palavras presentes no artigo do Senhor Embaixador, cada qual, acredito, uma autêntica punhalada que desferiu no seu coração luso-tropical: «atteindre», «annoncée», «nouvelles», «objectif», «effets», «accepté», «accord», «européennes», «apparu», «dette», «immédiats», «privées», «étonée», «actuelle», «années», «mettre», «meilleure», «cette», «laquelle», «effort», «ailleurs», «différente», «acteurs», «donnaient», «successives», «apporter», «ponctuelles», «elles», «restructuration», «regrettable». Não faltou até – ignóbil insulto auto-infligido! – essa relíquia secular que é «cacophonie», que, com o seu «ph» (não alcalino), é parente distante das nossas «pharmacia» («pharmacie») e «physica» («physique»), «palavras-parasitas» que os nossos «gloriosos» revolucionários de 1910 não tardaram em exterminar.

Sim, o francês já foi a língua da cultura e da civilização. Agora… é a decadência! Lamentável! Pelo que só ficaria bem ao Dr. Seixas da Costa, ilustre elemento da vanguarda da classe operária… perdão, literária, instruir e iluminar os franceses na urgente tarefa e nobre causa de modernizar a sua língua, tornando-a, como a nossa, mais próxima da oralidade. Poderia até requisitar os serviços do Professor Malaca Casteleiro, que, não duvido, estaria disponível e motivado – por um preço adequado, claro – para viajar e para converter estes novos bárbaros. E, já que ele vai para Paris estudar… «philosophie», o anterior primeiro-ministro, Senhor Pinto de Sousa, decerto não recusaria dar a sua ajuda. Que trio! Obviamente que os gauleses, quais descendentes de Astérix, se ririam nas vossas caras e vos chamariam de loucos, mas isso não deveria ser motivo e pretexto para desanimarem e para desistirem!

25 de novembro