sexta-feira, maio 27, 2011

Van der Saar e o Azevedo

Por compromissos da vida, não vou poder ver em direto a final da "Champions League", hoje à noite. E assim vou perder a despedida de Van der Saar, do Manchester United, que considero um dos melhores guarda-redes de sempre.

O futebol vive muito concentrado em quem pode fazer golos e menos em quem os pode evitar. É claro que um guarda-redes, por regra, não ganha os jogos, mas pode fazer a equipa perdê-los. Que o diga o Benfica de 2010/2011...

O lugar do guarda-redes é o mais ingrato de toda a equipa. Já alguma vez se colocaram na linha de golo, dentro de uma baliza? São 7 metros e 32 de poste a poste, com a trave que as liga a 2 metros e 44 do chão. À frente, a marca dos penaltis é a 11 metros. Parece longe, mas, vista da baliza, é logo ali, podem crer. Repito: se nunca experimentaram, coloquem-se um dia numa baliza, para poderem melhor apreciar a dificuldade do mais ingrato lugar do futebol.

Van der Saar deu-me sempre a ideia de ser o guarda-redes ideal para gerar confiança a uma equipa. Com o ar falsamente "boyish" dado pelos cabelos espetados, de fácies algo angustiado, denotando extrema concentração, vi-o fazer maravilhas perante situações impossíveis. A seleção holandesa e o United devem-lhe muitas horas felizes. 

Mas é claro que Van der Saar não é "o" Azevedo... 

Para quem o não saiba, convém explicar que o Azevedo é algo que faz parte da mitologia do Sporting. Trata-se de um guarda-redes que ganhou foros de lenda, nos tempos em que o clube era vitorioso em campeonatos nacionais, quase com a mesma facilidade com que o Porto agora o faz. Apenas algumas fotografias nos restam do Azevedo (aqui está uma), o qual, um dia, terá mesmo terminado um jogo de braço ao peito! 

Recordo-me que o meu pai, leão sofredor (o tempo tem consagrado a expressão como pleonasmo), durante décadas, quando se falava da qualidade de um qualquer grande guarda-redes do Sporting, de Carlos Gomes a Damas, relatizava sempre: "mas está muito longe de ser o Azevedo...". Eu não tinha argumentos para contrariar, nunca vi jogar o Azevedo, até pela simples razão de que ele terminou a sua carreira um ano antes de eu nascer! Mas, aqui entre nós, acho que o Van der Saar não lhe deve ficar longe. É a melhor homenagem que um sportinguista lhe pode prestar.

19 comentários:

António P. disse...

Boa noite caro Embaixador,
O Azevedo era O Guarda Redes. Também não o vi jogar mas o meu pai e tio, que eram academistas, diziam que como ele nunca houve nenhum.
Quanto aos guarda-redes, não é por acaso que Ferguson insiste que é o lugar chave. Depois de Peter Schmeichel ( também campeão europeu ) tentou, incluindo Barthez, mas só voltou a acertar com Van der Saar, que é um grande keeper, como diria o meu pai.
Agora parece que vai buscar o De Gea ao Atlético Madrid, a ver vamos no que dá.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Meu caro Embaixador,

Só lhe fica bem a comparação.
E quanto ao jogo de logo à noite, sempre pode deixar a gravar...
Já agora poderia dizer que o Sporting de então foi quase como o FCP de hoje e o Benfica de ontem (anos 60). Acauteladas as devidas distâncias!
Não deixava de ser quem é (sportinguista sofredor na versão antiga e cheio de paciência na versão moderna)!
E a comparação ainda lhe ficava melhor! Isto é: tinha um outro rigor "cientifico".
Ass: Um que é do tempo do Costa Pereira, do Cávem, do Neto, do Coluna, do Germano... E já agora do Carvalho, Alexandre Baptista, Hilário, Morais (esse, o tal de Antuérpia).... E também do Américo, Pavão, Custódio Pinto, Hernani, Cubillas...

Francisco Seixas da Costa disse...

É sensível, à vista desarmada, o "rubor" do Anónimo das 2.01. Mas tenha cuidado com as comparações: Costa Pereira? Américo? Carvalho? Daqui a pouco chegamos ao Zé Gato, ao Baía e terminamos no Roberto... As equipas portuguesas tiveram ao seu serviço dois guarda-redes de exceção: Peter Schmeichel e Michel Prud'homme.

ASMO LUNDGREN disse...

pois aqui tamém é mais futeboys

e gentalha sem respeito que aparece nos comícios partidários como diz loução

ide ver futeboys e manifestar-vos de forma ordeira e mansa

de preferência a favor

e se do contra longe da vista e da RTP

a bem da nação em Faro não

sauda sões sucia listas

Lista do pessoal sem cartão de sócio

dos partei ou dos futeboys

só com cartão de fado

ASMO LUNDGREN disse...

um clube custa quantos milhões ?

dá de lucro meio-estádio por ano?

o futebol dá de comer a um milhão de portugueses?

ou só dá de beber?

a cocaína não ficava mais em conta?

Unknown disse...

Eu vi. Eu vi. Eu vi. Tinha acabado de fazer cinco anos, a 20 de Setembro de 1946 e fui com o meu tio e padrinho Armando Antunes (que além disso me ensinou a ser leão... ou seja masoquista) ao Campo Grande ver o Sporting-Benfica em que os nossos se sagrariam campeões, belos tempos.

Foi no dia 17 de Novembro, recordo-o agora com a ajuda da blogosfera, chovia e bem, vim de lá todo ensopado, a minha mãe quase insultou o irmão, mas eu vim regaladinho da costa.

Recordo-me de depois de acabado o jogo, o João Azevedo, de braço ligadurado, me ter dado um autógrafo que ainda creio conservar não sei onde, na capa da revista Sports.

Estou mesmo muito velho, como me disse um dos meus netos quando lhe falava dos telefones de manivela, dos carros eléctricos abertos, dos carros sem cintos de segurança ou dos da bola: o avô é mesmo muito velho.

Pois eu vi, eu vi, eu vi o melhor guarda-redes do Mundo, dizia o meu tio Armando, cabo recém entrado na Aviação Milita ali em Alverca. Coisas que não voltam mais.
Aqui podem encontrar a estória.

Se quiserem, façam o favor de lá ir ver a saga e façam o favor de ser felizes, como diria o nosso Raul Solnado

Jose Martins disse...

Eu vi o Azevedo a defender as redes do Sporting no Porto.
Nem dele já me lembrava..

Como já sou velho!

Guilherme Sanches disse...

E se não tiverem a oportunidade sugerida, experimentem uma baliza de andebol.

Parece pequena, mas naqueles jogos contra o Colégio ou a Escola Industrial, havia guarda-redes que só não deixavam entrar as que iam ao lado.

Exagero meu. Às vezes até faziam uns jogos de recordar, comigo e o Xavier a apoiar desalmadamente atrás da baliza...

Tempos...

Um abraço

V disse...

Ainda o vi jogar em Coimbra contra a Briosa. Académica-1; Sporting-3.
Ao intervalo ganhávamos 1-O. O Bentes apareceu isolado à frente do Azevedo na baliza do lado do lado Norte, parou e perguntou-lhe: "Ó Azevedo, para que lado é que a queres?". Foi para a esquerda.
Na 2ª parte o Jesus Correia, Vasques, Martins (o Peiroteo tinha acabado de retirar-se), Travassos e Albano acabaram com o sonho deste puto de 5 ou 6 anos.
Lembro-me como se fosse ontem, caro Embaixador.
V

Francisco Seixas da Costa disse...

Senhor Guilherme Sanches

Eu sabia que, ao abordar o tema "balizas" corria o sério risco de ver emergir uma insídia desta natureza.

Trata-se uma atoarda inqualificável, que distorce uma insofismável verdade desportiva, a que só a perecente memória do autor (sejamos magnânimos, por se tratar de um "senior")pode servir de alibi.

Para que as ondas da net registem (porque estas coisas ficam no ar e, um dia, a História ou a Wikipedia podem colher versões erradas), a defesa das cores do Liceu Nacional Camilo Castelo Branco, em Vila Real, no idos de 60, no difícil lugar de guarda-redes de andebol, foi assegurada pelo autor deste blogue com um empenhamento acima de qualquer suspeita.

A circunstância (fortuita e despicienda) de a esse vigoroso desiderato não terem, muitas vezes, correspondido resultados de mera expressão numérica (porque essa é apenas uma das dimensões de um jogo, havendo outras que uma análise qualitativa mais fina permitiria decantar)em nada desabonam a excecional "performance" que, em média (e nessa média, se houver objetividade, devem incluir-se os treinos)foi conseguida, praticada e observada (claro, por quem sabe da poda!).

Que fique claro, senhor Guilherme Sanches, só a consideração pela vetustez da sua idade evita que eu trave o meu impulso de recorrer à decisão da justiça, para pôr em pratos limpos os factos. Só isso!

Passe bem!

José disse...

Lembremos o grande Vítor Damas.

A elegância e a qualidade técnica.

Belas tardes e noites na Superior Sul...

Lá está imortalizada a "Baliza."

Anónimo disse...

"leão sofredor (o tempo tem consagrado a expressão como pleonasmo)"in FSC

Humor com requinte...
Isabel Seixas

Anónimo disse...

Meu caro Embaixador,

O objectivo era..."picá-lo".
E, pelos vistos, foi conseguido.
Gostei da expressão "rubor". E da a sua tentativa "esverdiada" de começar no Zé Gato e acabar no...Roberto!
Uma citação, direi, contemporânea! Não estávamos a falar dos tempos modernos. Mas do de antanho, aproveitando o seu exemplo do Azevedo.
Mas sempre direi que apreciei, mais uma vez, a sua perspicácia diplomática. O que, acredite, só lhe fica bem. Sempre entendi - e espero que não diga que esteja errado - a diplomacia - espero que saiba do que falo e não me interprete mal - como a arte da paciência! Todos os dias. Domingos incluidos!...
Ass: o anónimo das 2.01 que o respeita e admira
E o Barça (Vizca Catalunya!) lá ganhou.

Anónimo disse...

Caro Embaixador,

Em devido tempo e a modos de adenda:

Estou de acordo com os exemplos que aponta de dois guarda-redes de excepção que passaram pelo futebol português como o foram Peter Schmeichel e Michel Prud'homme.
Ass: O anónimo das 2.01

Anónimo disse...

Parece que afinal a minha velha, que não liga a futebóis, em miúda ligou:

o azevedo voava
nos relatos que eu ouvia
e em sonhos me imaginava
falcão melro cotovia
que no voo o acompanhava
estuante de energia

bom tempo em que eu era maria-rapaz
foi-se a primavera estou velha incapaz.

ps: capaz porém pra votar
não fico em paz se em casa ficar.

Anónimo disse...

De facto há comentadores que fazem corar...
Que mérito...
Mas o contraditório faz empalidecer
Vivó Sporting

Isabel Seixas

Guilherme Sanches disse...

Ilustre Embaixador

Dei agora de caras, ao rever a matéria publicada, com aquela que será provavelmente a mais extensa réplica a um comentário, publicada nos mais recentes 487 dias, pelo menos.

Obrigado pela atenção, eu não esperava nem mereço tanta, e obrigado também por ter travado o impulso de recorrer à justiça. Poderemos assim resolver este pequeno diferendo de forma mais justa, com mais dignidade e muito maior brevidade.

Reconheço que se calhar fui um pouco além do que a chinela permitia, mas penso que a resposta também terá sido um pouco desproporcional. Será da idade? Poderá ser, mas ainda não perecente, ao contrário de quem, por imunidade diplomática e eventual falta de verba para espelhos julgará que o tempo tem andamento diferente para os outros, a ponto de alterar e inverter a própria diferença etária. Notória, devo acrescentar.

Mas adiante.

Gostei de ler a imodesta referência à forma empenhada - quase heróica, direi mesmo - com que o tal jovem guarda-redes de então defendia as balizas do Liceu. E confirmo que era sempre verdade essa atitude, principalmente na baliza de cima, junto às salas de aula, onde as miúdas se apinhavam para tentar desvendar o que o pudor do fato de treino do guarda-redes ocultava.

Poderiam não ser desportivamente muito conseguidas as defesas, poderia a performance deixar um sabor meio amargo, poderia o resultado ser uma autêntica cabazada, mas ainda hoje eu penso que terão porventura sido perspicazmente perpetuadas, por serem inspiradoras do prato típico que integrava o cardápio das ceias académicas do 1º de Dezembro, cuja matéria-prima, para quem não saiba, era fornecida pelos galinheiros das vizinhas mais descuidadas.

Concordo que seja tudo posto em pratos limpos. Com testemunhas à altura, num sítio agradável, ao fim da tarde, onde valha a pena sujá-los.

Porque isto ainda não vai ficar assim!

Anónimo disse...

Meu caro embaixador,

Já sei o que vai dizer, mas não podia deixar de passar esta efeméride.

Com transcrição em castelhano - que é para ser mais original. Publicado no jornal La Vanguardia, de Barcelona. De hoje.

A vida também se faz destas pequenas coisas.

Ass: o anonimo das 2.01 do outro dia

HACE 50 AÑOS

El Barça pierde en Berna la final de la Copa de Europa
El Benfica de Lisboa se impuso 3 a 2 al Barcelona en la final de la Copa de Europa.

Mário Machado disse...

Dizia um comentarista famoso aqui do Brasil, que o goleiro era um ser tão maldito que onde ele pisava não nascia grama.

Obrigado, António

O dia em que é anunciado um novo governo é a data certa para dizer, alto e bom som, que entendo ter sido um privilégio ter como primeiro-min...