O cenário era o pátio do palácio do Eliseu, sede da Presidência da República francesa. O primeiro-ministro português falava ontem aos jornalistas, após um dia de recepção calorosa por parte do presidente Nicolas Sarkozy, sublinhado em vários momentos públicos.
A certa altura, um jornalista português, vindo expressamente de Lisboa para cobrir a deslocação, perguntou: "O senhor primeiro-ministro tem uma muito boa relação com o presidente da República francesa. Não gostaria de ter também uma boa relação com o presidente da República em Portugal?".
Ando há muitos anos na vida diplomática, considero-me um observador atento da vida política e mediática internacional. Porém, devo dizer, nunca tinha visto nada igual.
20 comentários:
Foi uma pergunta pertinente e nao inpertinente.Alias os portugueses dao-se melhor com os estrangeiros do que entre si.
É deselegante, provocatório e mal-educado. Infelizmente, há uma doença que corroe o jornalismo português e já infectou uma boa parte dos seus profissionais: a convicção de que, para afirmarem independência, tse tem que ser desrespeituoso, insultuoso e ter ideias feitas.
Esse é o tipo de pergunta que o "jornalista" traz engatilhado, por iniciativa sua os dos chefes.
Pobres...
importante é apenas saber se Sócrates tem melhores relações com o presidente francês ou com o português... o resto, são panadinhos de salmão entrincheirados entre duas folhinhas de hortelã e uma pitada de vinagre de muita qualidade, vínico, claro.
experimentem, vão ver como é bom.
mas se for também possível saber com quem se dá melhor o primeiro ministro português, se com sarkozy ou com cavaco, era fixe.
rita
Isto passou-se há 2 minutos.
Terminou a votação, no Parlamento de Portugal, que universaliza o instituto do casamento, autorizando o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O PM, que quiz solenizar este passo histórico, defendendo pessoalmente a proposta, sai do hemiciclo e profere uma breve declaração sobre a importância deste dia e sobre o que ele representa na História do combate à discriminação.
Avança um rapazola, de microfone em punho qual "cornetto" da Olá, e dispara esta pérola:
"E sobre os números do desemprego, quer dizer alguma coisa?".
É um jornalista.
Chama-se a isto apemas meu jornalismo. O que pensarão os colegas deste "profissional" ? Ninguém se chega à frente ?
E se alguém os censura? "Aqui d'el Rey" que estão a atacar a imprensa livre e democática.
Por essas e por outras: este ex-leitor de jornais portugueses dá-se melhor com os jornalistas estranjeiros do que com os portugueses!
Oscar Carvalho
Pois Senhor Embaixador eu já vi algo parecido. No tempo em que Prof. Cavaco era PM.
Mudam-se os tempos mas...não se mudam as vontades. Nem a educação que agora até é mais abrangente. Dizem. Questão, afinal, apenas de "novas oportunidades"!
Ficamos a saber aqui coisas que nenhum jornalista português noticiou... E JS respondeu o quê?
Se nos abstrairmos de toda a seriedade, presenciar esta questão até poderia ser um daqueles momentos da vida que não tem preço. Mas só sem toda a seriedade.
Enfim, é engolir em seco...
Nao sei se a este tipo de atitude se chama falta de profissionalismo ou falta de educaçao. Mas tenho a certeza que se chama : Falta de Tacto !
Estas questões merecem a resposta-tipo da minha avó às nossas questões consideradas impertinentes: - vá ver se está a chover lá fora! (a avó mantinha uma expressão facial assertiva e um tom de voz que demonstrava mt segurança...)
Quem anda à chuva molha-se. E quem é político não deve esperar contemplações dos jornalistas. Sempre assim foi, sempre assim será. Goste-se, ou não das perguntas (ou impertinências) deles.
Miguel Reis
Se o João Cesar Monteiro fosse vivo, respondia-lhes no seu estilo:
P - "Olhe porque é que fez o filme (o Branca de Neve) assim?"
R - "Olhe, porque não quis fazer assado!"
Albano
Sr. Miguel Reis: "contemplações" ou educação ?
Às vezes sinto-me jornalista e ofendido. Pessoalmente não vejo onde há impertinência na pergunta do Jornalista que o Sr. Embaixador não nomeia... É capaz de haver ironia e às vezes a ironia até pode ser pertinente. Sobretudo quando as palavras ditas a sério perdem o sentido o que acontece muito com certos auditores políticos. O Eça de Queiroz foi mordaz e até intitulou “farpas” alguns textos seus. O que eu não sei é se ele antevia que aqueles textos nunca perderiam actualidade. Mas penso que devemos continuar a utilizar a ironia (mesmo que alguns a sintam como facadas). Ou então sejamos todos sérios.
Oh João Antelmo, essa de introduzir, ainda que ao de leve, o casamento homossexual, pode ser fracturante, como se diz agora e o aqui o Embaixador não gosta de polémicas. Cuidado!
João Forjaz
Senhor José Barros,
A pergunta que é referida no post tem a ironia de um pontapé nas canelas e a pertinência de de um escafandro no deserto do Namibe.
Não é pertinente porque saber se o PM português simpatiza mais com um ou com outro dos seus interlocutores não aquece nem arrefece; não é pertinente porque é provável que, no encontro, tenham sido debatidos alguns temas mais importantes.
E, ironia, francamente...
A ironia e o humor não estão ao alcance de todos. Lembrar o Eça a propósito duma exibição de idiotice, é obra, como diria o próprio.
Um tanto atrasado, não posso deixar passar em claro este tristíssimo episódio. Por algum motivo tenho dito, redito e tridito que hoje não voltaria a fazer jornais. Este é um exemplo, mau, péssimo, entre muitos outros que, infelizmente, por aí se passam.
è realmente uma triste demonstração de que alguns «jornalistas» não prestam. E hoje, infelizmente, são bastantes. Os suficientes para se desacreditarem e desacreditar os outros.
Mas, por que bulas prestariam se NÓS os Portugueses não prestamos? Com muitas e honrosas excepções, obviamente... Sublinho o NÓS, pois também o sou.
lol..acho que foi bom a vinda dele ca.
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