Ao final da tarde de ontem, o centro cultural Gulbenkian proporcionou-nos uma conferência de António Coimbra Martins sobre temática literária, ligada a Lorenzo di Medici e a Luiz de Camões.
Intelectual e académico, António Coimbra Martins viveu grande parte da sua vida em França, onde teve ação destacada nas fileiras da oposição à ditadura portuguesa. A partir de 1965, criou e dirigiu a biblioteca do centro cultural Calouste Gulbenkian - a maior e mais importante existente fora de Portugal, depois da biblioteca do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro. Dirigiu, depois, o próprio centro cultural Gulbenkian (1997-98). Anos antes, havia exercido funções como embaixador português em França (1974-79) e, mais tarde, como ministro da Cultura em Portugal (1983-85).
Ontem, ouvimo-lo, no "seu" centro Gulbenkian, enquanto académico, especular de forma brilhante sobre curiosas coincidências entre aspetos de obras de Médici e de Camões. A quem não é do "ramo", fez imensamente bem ouvir argumentos inteligentes situados em temáticas distantes do nosso quotidiano.
4 comentários:
Coimbra Martins pode ficar na história dos Embaixadores de Portugal em Paris de entre os primeiros que se preocupou, com o devido respeito e muita consideração, da falta de apoios ao movimento associativo dos emigrantes.
É verdade que a emigração queria, e merecia, ver muitas reivindicações satisfeitas e não o conseguiu. Mas houve sempre, pela parte do Embaixador de Portugal, enquanto ele se chamou Coimbra Martins, um cuidado em olhar os emigrantes com respeito e ao dirigir-se a eles no momento da cessação das suas funções de Embaixador, no programa de televisão “Mosaique” acentuou: “Por meu lado, não deixarei de dizer, nem de escrever quanto é insuficiente o que têm feito pelos emigrantes portugueses os nossos governos sucessivos.
Ninguém contribui tanto como vós – como vós especialmente, imigrantes de França – para desagravar as finanças do país; e o que vos é dado, quer em assistência sociocultural, quer em consideração social, é pouco ou nada. Nem sequer podeis estar certos de que, na escola, os vossos filhos aprendam português”.
Quanto ao ensino do português aquelas frases eram premonitórias: o insuficiente ensino básico que a Sra. Coordenadora coordenava foi-se extinguindo, de facto, até ao quase nada.
Como tem razão, José Barros!
“Por meu lado, não deixarei de dizer, nem de escrever quanto é insuficiente o que têm feito pelos emigrantes portugueses os nossos governos sucessivos."
Mais uma Personalidade que gostei de conhecer...
Um tributo...
Isabel Seixas Martins
Como embaixador em Paris, ACM protagonizou e conduziu uma grande e importante parte das negociações iniciais entre Portugal e a China sobre a passagem de Macau para a China.
As suas memórias diplomáticas, causticas e interessantes, falam disso e doutros aspectos da sua missão em França, nos anos 70, creio.
Depois, foi deputado europeu.
Como historiador e estudioso da literatura portuguesa destacam se os seus "ensaios queirozianos"
Enviar um comentário