quarta-feira, fevereiro 11, 2015

O sentido e o Estado

Já tive oportunidade de comentar, com desgosto, o modo deselegante como o primeiro-ministro português se pronunciou sobre o programa do novo governo grego, que qualificou de "histórias de crianças". Tenho pena que o dr. Pedro Passos Coelho se tenha deixado arrastar para uma linguagem que se afasta daquela que um chefe de governo de um país responsável deve ter, em face de uma decisão democrática do eleitorado de um país amigo. O que é que deveria ter dito? Uma coisa deste género: 

"O governo português dá as boas vindas ao novo governo grego, que resultou de uma eleição livre e altamente disputada, naquele que é um país amigo e aliado de Portugal. O nosso país tomou boa nota das posições expressas pelo novo governo grego, que relevam de uma profunda preocupação do seu povo, no tocante às suas relações económico-financeiras com as instituições europeias. Portugal formula votos de que, do diálogo de Atenas com essas instituições, possa emergir um compromisso que seja mutuamente favorável à Grécia e à União Europeia no seu todo. Portugal saúda o interesse grego em permanecer na zona euro e formula votos de que as soluções de futuro possam contribuir para aliviar a difícil situação social que aquele país atravessa, as quais devem continuar a merecer ampla solidariedade por parte dos seus parceiros".

Era isto, ou algo similar, que se esperaria que o primeiro ministro português dissesse. Era nesta linha que o ministro da Economia se deveria ter pronunciado, em lugar de produzir graçolas de mau gosto sobre "um governo feito em meia hora". Era também assim que um outro dito responsável se deveria ter comportado, em lugar de andar a "twittar" chistes mariolas em língua inglesa.

Finalmente, e mais do que tudo, lamento profundamente, como cidadão português, o tom e o estilo dos comentários que hoje foram feitos sobre o assunto pelo senhor presidente da República, não obstante, neste caso, tenhamos de os contextualizar. Foi no Congresso Nacional do Milho.

21 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Subscrevo, Senhor Embaixador, o texto integralmente. Como deve ser difícil , neste momento, ser Português .

José Neto disse...

Até pode parecer bajulice mas mais uma vez tenho de felicitá-lo pelo bom senso deste postal

Anónimo disse...

Bons tempos do governo do "dr" da SciencePro, (sabe-se lá como entrou...)
Bons tempos,dizemos todos em uníssono:

Sabedoria, Racionalidade, Ética,Verticalidade, um sentido apurado (nunca visto na História de Portugal) para servir, sem qualquer benefício pessoal, todo o povo de Portugal !

Que saudades .....

Bmonteiro disse...

«O sentido e o Estado»,
tal como «O sentido de Estado» ou a falta de ambos.
Duplamentável, para os antiquados funcionários do Estado, formados no antigo regime e nem por isso incapazes de ter servido o Novo Estado.
Nos confins da Ibéria, uma paróquia de rurais? a fazer de cosmopolitas duvidosos!

Anónimo disse...

um primeiro ministro faz política, não escreve notas diplomáticas chapa tal
João Vieira

Anónimo disse...

Declarações absolutamente lamentáveis! Um PR em queda.
Joaquim Vidigueira

João Ventura disse...

Como diz o povo "O primeiro milho é para os pardais"...

filomena disse...

Exmº Sr embaixador ,os meus cumprimentos pelo seu blog ,sem duvida que a falta de diplomacia ,e não faltam
embaixadores para ensinar quem nos representa, como devem comunicar ,sem nos deixar envergonhados.
O que dizem ,não é o pensamento do povo Português ,estes sabem bem ,que os seus Representantes ,não podem circular no seu próprio País sem uma escolta a protege-los

Abraham Chévre au Lait disse...

Tenham dó do homenzinho: foram comentários produzidos "antre"o milho!

Anónimo disse...

Concordo inteiramente com o autor deste blogue. Tenho vergonha dos ir(responsáveis) políticos que temos. PR, PM e quejandos não são políticos alemães. São portugueses. Um pouco de modéstia e de solidariedade não lhes ficaria mal nesta altura. Espero que nunca precisemos do apoio da Grécia como esta precisa agora do nosso. Não lhe estamos a dar esse apoio e será natural que não o recebamos. Portugal não está bem. Tem, "inter alia", desemprego e emigração a mais e investimento a menos, a começar pela Educação. Educação que muita falta faz aos patos-bravos provincianos que infelizmente por cá abundam, a começar no mais alto nível do Estado.
JPGarcia

EGR disse...

Senhor Embaixador: ouvi esta tarde as declarações do PR; e perdoe-se-me a vaidade" mas "adivinhei" que o senhor Embaixador as iria comentar.
A medida que o tempo passa, e de cada vez que ouço o actual Chefe de Estado, se consolida em mim a ideia que, na verdade nos faz muita falta um Presidente da República.

Correia da Silva disse...


Muito bem. Subscrevo na íntegra.

Cordiais e Patrióticos cumprimentos.






Anónimo disse...

Um é um rapazola que não conhece nada da vida real; o outro, um contabilista e abominável troglodita. Tenho pena e desgosto, mas foi o que nos calhou. Infelizmente, mas assaz merecido. E para compor o ramalhete, temos ainda o srs. joãos vieiras.

Manuel do Edmundo-Filho disse...

Dos rapozolas que predominam no actual governo tudo se pode esperar. Do PR é que é se devia exigir mais. Muito mais. Mas, em minha opinião, este pr (nem as minúsculas merece), porta-voz e porta-estandarte da actual maioria, já se está a "marimbar" para a instituição Presidência da República. A sua posição é do género: quem vier que feche a porta...

Anónimo disse...

Uma boa deixa para que na próxima legislatura se realizem uns Cursos de Estudos Avançados em Primeiro-Ministro nas Novas Oportunidades. Sendo condição imperativa o aproveitamento no curso, correspondente, no mínimo, à frequência de pelo menos 51% letivo e, destes, 30% matinal…

Anónimo disse...

Caro JVieiera, isto não é uma nota diplomática, nem pouco mais ou menos.
Isto é uma nota à imprensa que o/um Primeiro Ministro poderia ter lido, mandado publicar, ou propalar em público sobre esta temática.
Sendo certo que quem lha escreveria seria, muito provavelmente, um diplomata.
Se fosse muito bom, podia ter saído este texto, que corresponde à "praxis" vigente na UE neste tipo de situações de conflito de base e que, obviamente, só poderia ter sido escrito, por quem tem daquela ainda boa memória. E quem sabe, nunca esquece!

jmc disse...

Desde que Cavaco perdeu os sentidos que o seu estado não é grande coisa

Anónimo disse...

Um PM, um PR, um Governo, uma maioria ou algo parecido, todos da mesma linha, por favor, NUNCA MAIS. Sejam de que Partido forem. É mau demais.

Anónimo disse...

Ó Freitas, que dificuldade que é! Estou aqui que nem posso, cheio de dificuldade. Mas não é de ser português: é de parar de rir do seu comentário... ridículo!

Anónimo disse...

Dos vinte e oito governos europeus quantos escreveram a "nota para a imprensa" e quantos lembraram aos gregos que as dívidas costumam pagar-se?
João Vieira

Tiago Costa disse...

Acho que é isto: http://thinkprogress.org/yglesias/2011/11/05/362083/the-global-ruling-class/

Os borregos

Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional franc...