Fico às vezes com a sensação que alguns deputados eleitos para o Parlamento Europeu adquirem, só por esse facto, um conhecimento, quase renascentista, que, a partir desse instante, os autoriza a falar de cátedra praticamente sobre tudo o que toca às relações internacionais. Está longe de ser o caso da maioria, mas sente-se que alguns dentre eles, qualquer que seja a sua nacionalidade, logo que eleitos para o areópago volante entre Bruxelas e Estrasburgo, se sentem ungidos por uma espécie de autoridade, não apenas pan-europeia, mas mesmo à escala global. Com a imprensa a adorar as belas e sonoras frases que podem dar títulos, está feito o "matching" ideal.
Desta vez foi a nossa agência "Lusa", que sabe-se lá por que luas, entrevistou em Bruxelas o dirigente "verde" francês Daniel Cohn-Bendit sobre a crise financeira internacional, nomeadamente sobre o caso português. O líder histórico do Maio 68, entre outros comentários, não se coibiu de dizer que pensa "que não existe consenso na sociedade portuguesa quanto aos passos que devem ser tomados, nem uma visão concreta sobre que tipo de medidas para além de uma política de austeridade e de reforma". Tendo acrescentado: "não vejo ou ouço - mas posso estar cego ou surdo - que na actual situação a sociedade portuguesa diga que é preciso arregaçar as mangas e percorrer esse caminho".
Não é verdade. O deputado Cohn-Bendit não está "cego ou surdo", está é mal informado sobre o sentido largamente maioritário da expressão do voto popular português nas eleições de 5 de junho, bem como sobre o histórico de aplicação de anteriores pacotes de reforma económico-financeira no nosso país.
Não é verdade. O deputado Cohn-Bendit não está "cego ou surdo", está é mal informado sobre o sentido largamente maioritário da expressão do voto popular português nas eleições de 5 de junho, bem como sobre o histórico de aplicação de anteriores pacotes de reforma económico-financeira no nosso país.
Se acaso estas declarações de Daniel Cohn-Bendit tivessem sido proferidas na imprensa francesa teriam tido, de imediato, a resposta pública e completa do embaixador português em França. Mas a verdade é que aqui ninguém se lembraria de o consultar sobre isto...
Em tempo: dito e confirmado o que disse, acho que o sr. Cohn-Bendit afirmou coisas interessantes sobre a política europeia na intervenção reportada no video que um comentário lembrou.
Em tempo: dito e confirmado o que disse, acho que o sr. Cohn-Bendit afirmou coisas interessantes sobre a política europeia na intervenção reportada no video que um comentário lembrou.