Há dias, ainda antes da degradação da nota francesa pela agência de notação "Standard & Poor's", dizia-se aqui que esse facto, a vir a ter lugar, constituiria uma má notícia, não apenas para a França, mas, em geral, para toda a Europa. Confesso que, na altura, não quis acrescentar, embora o pensasse: também para Portugal.
A realidade aí está a prová-lo. A importância da França no Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) fez com que este instrumento sofresse, por virtude da nova notação francesa, uma consequente desqualificação. E, somado isto a mais uma degradação da nota portuguesa pela S&P ("cirurgicamente", na véspera de uma ida aos mercados do tesouro português) e à possibilidade de um "default" grego (que, para alguns mais pessimistas, pode indiciar o início de um cenário de "purga" da zona euro), aí temos perante nós, em alguma imprensa internacional, uma nova onda de desconfiança sobre a capacidade de Portugal inverter a situação que atravessa.
Resta esperar que o "tratado intergovernamental" que sairá da cimeira europeia do fim deste mês possa dar algum alento à confiança dos mercados e aliviar a pressão que hoje se projeta sobre alguns países - muito embora, em certos casos, a pressão desses mercados esteja a ser mais benévola do que esperado. É muito importante que as mensagens políticas que vierem a acompanhar esse acordo não surjam, como aconteceu no passado, matizadas por reticências que fragilizem o objetivo comum. Já vimos, algumas vezes, que considerações de política interna têm levado líderes europeus a assumir, de regresso às suas capitais, atitudes que são lidas como detrimentais para o que se acorda em Bruxelas - ou a deixar que isso possa emergir de posteriores reuniões do "eurogrupo" ou do Ecofin.
No caso de Portugal, um país que está a fazer um esforço notável de reconversão da sua situação macroeconómica, um ambiente europeu negativo funciona em claro contra-ciclo desse mesmo esforço. O que o tornará mais difícil de aceitação, porque é complicado manter a esperança quando os alvos se movem cada vez que trabalhamos mais para deles nos aproximarmos.
5 comentários:
Para muitos abutres, interessa mesmo manter viva essa desconfiança, pois os dividendos daí retirados são imensos.
Como disse Mário Soares essas agências são lixo e do pior.
A propósito de
"...a pressão desses mercados esteja a ser mais benévola do que esperado", não será antes a mão invisível do BCE que não receia o perigo moral dos bancos e lhes emprestou recentemente imenso dinheiro a 3 anos a um juro muito baixo?
Já agora visitem www.imensosul.pt
Portugal não "está a fazer um esforço notável de reconversão da sua situação macroeconómica".
Se estivesse, teria em consideração quem mais sofre com tudo isto. Portugal (este Governo) está sim é preocupado com o que esses abutres das Agências de "Rating" dizem a seu respeito. É nesse sentido que vai governando e, de caminho, afundando tudo e todos. Todos os dias vão empresas à falência, o desemprego sobe, o consumo desce, a qualidade de vida perde-se, há mais miséria, há mais "boys and girls for the new jobs", há mais tráfico de influências, há menos qualidade hospitalar, a energia, água, gaz e combustiveís estão mais caros, afectando pessoas singulares e colectivas e há também cada vez mais priviligiados. E vende-se o país a pataco. A chineses, angolanos, e quem melhor e mais pagar ("mais" é relativo, pois o preço de venda é já de si barato. Vamos de mal a pior e vem aqui o embaixador fazer a defesa patriótica desta gente que nos está, aos poucos, a levar para um enterro e peras! Ouvindo, por exemplo, o que o Ministro Alvaro disse ontem na entrevista a Judite de Sousa, fica-se, como dizia e bem Constança Cunha e Sá, com a ideia de que na verdade não existe nenhum plano coerente para salvar esta triste e estagnada economia. E no final de 2012 e depois 2013, ver-se-á se de facto foi feito o tal "esforço notável". Portugal estará pior do que agora. E com as tais Agências a continuarem a denegrir a nossa imagem económica. Sem piedade! Este seu patriotismo governamental era absolutamente desnecessário.
Um embaixador não tem que vir a terreiro defender o Governo e as suas erradas medidas num Blogue. Fá-lo, é a sua obrigação, no terreno apropriado, nas reuniões em que representa o seu país. Este Post, com o seu último parágrafo, acaba por ter um carácter propagandístico deste Governo. O que lhe fica mal. Seria caso para se dizer que este Blogue já teve melhores dias.
Julgo não ter ofendido ninguém, nem quem nos governa nem a si.
Anónimo Crítico
Sr. Embaixador,
a desorientação das pessoas é grande, teme-se até pelo desaparecimento das nossas raízes,
por este andar, até os Jerónimos poderão um dia ser postos à venda!
ninguém sabe em quem acreditar:
Só para transmitir um estado de espírito...
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