quinta-feira, junho 30, 2011

Árabes

O salão árabe do Palácio da Bolsa, no Porto, é uma das grandes curiosidades daquele belo edifício. Várias vezes estive por lá em eventos ou refeições e sempre me havia perguntado o que significavam as inscrições que estão repetidas por todas as paredes. No passado sábado, fotografei uma delas.

Ontem, perguntei a uma amiga do Bahrein o que aquilo queria dizer. Eis a sua leitura, fruto da diversidade com que o árabe é lido nos vários países: "Alá proteja a segunda sultana mariana". Mais tarde, esclareci melhor o mistério. Os responsáveis pelo palácio pretenderam homenagear a raínha dona Maria II, que autorizou a construção daquela sala (entre 1862 e 1880), a qual foi inspirada no palácio de Alhambra. Assim, o que o texto procura significar é "que Deus proteja a rainha Maria II". 

Tudo acaba por ter uma explicação.

8 comentários:

Rui Franco disse...

Uma beleza moura...

Helena Sacadura Cabral disse...

Não pude deixar de sorrir à ideis de D. MariaII sultana...

Helena Oneto disse...

... e todas as Marias deste mundo!

Julia Macias-Valet disse...

Inch'Allah...

Anónimo disse...

E eu a pensar que os arabescos eram alguma excentricidade do arquiteto ...

Também podem servir de mote à Inspiração de Infanção e afins(...)

Hum...Agora um P ereto
que começa a decair e a dar origem a uUUs que se vão fragmentando e culminam num vetusto cisnezinho...

Espero bem espero que não seja um aviso premonitório...

oh...na minha vida subscrevo a Helena Oneto


Isabel Seixas

Nuno Sotto Mayor Ferrao disse...

Caríssimo Embaixador Francisco Seixas da Costa,

Na verdade, há falta de especialistas em estudos árabes em Portugal, tanto mais quanto o contributo islâmico na Península Ibérica foi historicamente tão importante. Bem-haja por este esclarecimento.

O revivalismo arquitectónico, de tom arabizante, concede a monumentos como o dito Salão do Palácio da Bolsa do Porto ou o Palácio de Monserrate, em Sintra, um ambiente feérico tão próprio do Romantismo.

Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

Anónimo disse...

Quero gradecer-lhe em primeiro lugar por nos dar a conhecer uma inscrição em árabe de um dos momentos mais significativos da nossa história,não só pela sua autenticidade, mas sobretudo pela beleza da inscrição, e que nos revela um período que não é tão bem conhecido da história de Portugal e que revela as relações de Portugal com o império otomano. Estamos sobretudo entre 1848, e essa relação entre D . Maria II e o sultãoAbdul Hamid II. Durante este período Portugal saído das revoluções liberais e da sua guerra civil , necessita de capital económico para se reerguer ,e para isso assina um tratado em Paris , onde se estabelece uma relação cordial das duas partes, que sejam portugueses ou otomanos a comercializar e a cultivar em terras otomanas e em terras portuguesas lhe seja dada autonomia, e não sejam transformados em escravos como havia acontecido durante muito tempo. Além disso Portugal tinha pela primeira vez uma forte presença portuguesa em Instambul , coisa que não acontecia desde Filipe II, haviam os dragomans , homens que sabiam grego, e que faziam a ponte entre os diplomatas otomanos e os europeus , segundo um acordo indicavam durante o período em que os representantes desses países estivessem naquele canto do mundo que nada lhes acontecesse . Na mesma altura em que sofre com uma guerra civil devastadora, e que põe Portugal em banca rota ...Os diplomatas portugueses instruídos pela rainha assinaram um tratado em Paris, e nessa altura o farsi,( o persa ) deixa de ser a língua diplomática , e passa a ser o francês. Tudo isso se deve a um período denominado de Tanzimat ( a que os historiadores turcos e europeus falam de um período de transformação na história do império otomano e que se tenta modernizar o país de um atraso abismal culminou numa série de pactos com diferentes países europeus e que um deles seria Portugal , numa altura em que o império otomano e as suas comunidades otomanas , ou ainda antigos judeus portugueses e não só poderiam voltar a Portugal sendo perdoados , já que os judeus neste período acabavam de perder alguns dos seus privilégios . Assim sendo , D . Maria II é homenageada com esta placa indicando e dando-lhe o título de sultana , pois era o cargo mais alto de uma mulher que poderia ter e raras vezes estiveram no topo da hierarquia política , e sendo também a mulher que conseguiu estar no poder , assumindo o cargo de chefe de estado , em períodos de transição de poder , em que um dos filhos foi afastado do poder por uma crise , e mais tarde , no período de regência do neto. Portanto , o termo Sultana Maria podemos ter parceiros muito distintos , e que durante muito tempo o império português e o império otomano viveram de costas viradas e sendo ao mesmo tempo concorrentes . Chegou a uma altura que que qualquer estratega ,militar , diplomata e tendo os conhecimentos da política do livro de Maquiavel sabe muito bem a que me estou referir . E a sultana Maria , soube muito bem e essas relações económicas continuam até hoje , se não fosse isso porque estaria essa inscrição no palácio da Bolsa ou uma cópia do tratado na embaixada da Turquia em não é um grande disparate se virmos que num caso de resgate económico e banca rota , é necessário unir relações com um velho inimigo e em períodos de crise , Portugal?

Anónimo disse...

Bom dia, antes de mais obrigada por partilhar a informação sobre um dos mais emblemáticos monumentos históricos da Cidade do Porto. Aproveito para partilhar também a existência de um programa Visita Guiada (RTP2) sobre o mesmo, que também achei muitíssimo interessante e que certamente apreciará, se ainda não tiver visto obviamente. Também gostei muito de ler o comentário anterior, sucinto e esclarecedor no enquadramento apresentado. Muito obrigada.

A lei da bomba

Acho de uma naïveté simplória os raciocínios que levam a sério a letra da doutrina nuclear russa. Como se a Rússia, no dia em que lhe der na...