Senti que havia qualquer coisa de Lisboa, anos 70, no Paris de hoje.
Num restaurante da "rive gauche", a animação da chegada do vendedor do "Le Monde", à hora do café, no fim do almoço, que João Gomes Cravinho e eu pudémos testemunhar, fazia lembrar (a mim, porque ele não tem idade para isso) o surgimento dos ardinas, na tarde lisboeta, a anunciar o "Diário de Lisboa" e os restantes vespertinos. Mesmo a impublicável graça com que o "Monde" foi anunciado.
Será também por isso que Paris "diz" tanto a uma certa geração portuguesa.
17 comentários:
Tem a certeza que o seu amigo é assim tao mais jovem que nao se recorda dos ardinas ? O dedo mindinho me diz que nos somos da mesma idade...e eu lembro-me bem do Sr. Antonio dos Jornais...Ahhh peço desculpa, eu vivia no Alentejo profundo : ))))
saudoso diario de lisboa (ou popular, etc) comprado no rossio às 6 da tarde a um ardina!
40 anos e lembro-me dos ardinas. Sobretudo dos que andavam com uns fatos-macaco azuis, ali perto da Gulbenkian
Júlia, somos da mesma idade (e o Doutor João Gomes Cravinho idem), sempre vivi em Lisboa e lembro-me perfeitamente dos ardinas que davam vivacidade ao quotidiano.
A "extinção" dos ardinas deveu-se, principalmente, à proliferação de quiosques (parecem cogumelos!).
Isabel BP
Ó Senhor Embaixador como é que o João Cravinho não tem idade para se lembrar dos ardinas?!
Mesmo que seja o filho - esta dança de darem aos filhos os mesmos nomes dos pais! - penso que ainda viu ardinas. Se for o pai, ai esse viu com certeza. Ou sou só eu que faço anos?
Caros comentadores: talvez eu, de facto, tenha feito mal as contas quanto à idade do conviva.
Como diz e muito bem, a nossa dear Helena SC "- esta dança de darem aos filhos os mesmos nomes dos pais!"
Na minha casa (de solteira) havia duas Julias Macias. Nas historias de Era uma vez...os principes salvam as herionas num cavalo branco...a mim foi o Valet que me salvou num aviao da Air France : ))))
PS das mais hilariantes...foi quando um colega de curso me telefonou para me convidar para jantar fora :
O telefone toca e atende a minha mae :
Colega : Julia !?
Mae : Sim...
Colega : Que tal se aceitasses jantar esta noite comigo ?
Mae : Gostaria imenso...mas tendo em conta que tenho que fazer o jantar para o meu marido e os meus filhos...penso que o convite se destina à minha filha Julia !
Colega : Gloups!!!!!!!!
Mae : : )))))
Isto para nao falar das complicaçoes com a correspondência ! Quanto aos bilhetes de aviao tinha um lado pratico, porque dava para fazer umas trocas/baldrocas : ))
"Olh'ó Lisboa, República...Popular..."
Os malandros dos ardinas de Lisboa!
Caro A. : Era "Lisboa, Capital, República, Popular"...
Eu estava num restaurante ao lado... e o ardina é uma pessoa notável e muito conhecida em Sait-Germain-des-Prés. Chama-se Ali, tem uma história vertiginosa entre a àsia e Paris, publicada em dois livros e é o único ardina que se pode sentar no " Café de Flore" e conversar com os clientes.
È verdade, mas a Capital apareceu "só" no fim dos anos 80.
De qualquer maneira, inseriu-se bem no pregão subversivo.
Porque não voltam esses 4 jornais, e tambem o seculo, o mais sugestivo nome de jornal que tivemos. Quem são os donos dos nomes?
Há uma magia nos nomes de jornais, desde os diarios, aos heraldos, aos séculos, aos folha da tarde, aos o tempo, aos noticias de;
e a oposição entre matutino e vespertino (estes acabaram infelizmente em portugal); ou entre tabloides e outros formatos.
Há os que se chamam "a sentinela", outro "a estrela da manhã", outro "a republica", outro "o correio da tarde".
A diferença de nomes é grande, mas todos têm algo de comum.
O nome mais genuino é talvêz o de "mercurio", deus mensageiro, mas hoje pouco usado para jornais
Está enganado, "A". "A Capital" surgiu, em inícios de 1968, por uma dissidência do "Diário de Lisboa", protagonizada por Norberto Lopes e Mário Neves. Recordo-me bem de ter adquirido no Porto o primeiro e ansiado número do jornal, em frente ao "Piolho". Até me recordo que, nessa noite, fui ver o "Bonnie and Clyde", sobre o qual o jornal trazia uma crítica.
E que jornal tão agradável que era "A Capital". Aqueles desenhos ("cartoons", dirão V. Exas.) do Maia eram impagáveis! :))
De todos, só tenho saudades do "Diário de Lisboa", de longe, o melhor de todos.
Queria dizer "fins dos anos 60", claro.
Acompanhei o nascimento d'A Capital, com o Daniel Ricardo e o grande fotógrafo Carlos Gil.
Quem não inter-agiu com o sr. Zé dos Jornais, ali `a Beneficência/Filipe da Mata.(café S.Carlos/Adega da Tia Matilde)?...
Saco a tiracolo, cigarro sempre aceso e o constante pregão: "Lisboa Capital República Popular"... com uma piada sempre oportuna conforme o interlocutor
Ai que saudades ...
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