quarta-feira, agosto 25, 2010

Remessas

A comunidade portuguesa ou luso-descendente em França continua a ser aquela que, em volume, envia mais remessas de dinheiro para Portugal, de acordo com números agora divulgados. Tais remessas cresceram mesmo 1,8% no primeiro semestre de 2010, se comparado com idêntico semestre do ano anterior, representando 407 milhões de euros. 

Em geral, os portugueses no exterior enviaram, na primeira metade do ano, mais 5,2% do que no período homólogo de 2009, o que repercute uma forte inversão da tendência de decréscimo que vinha a registar-se desde 2007. Os portugueses na Suíça continuam a ser aqueles que, per capita, enviam um volume de remessas mais significativo.

O perfil da presença portuguesa em França - com uma maior taxa de fixação, em especial na 2ª e 3ª gerações - pode ajudar a justificar este comportamento diferenciado face à comunidade na Suíça.

4 comentários:

Anónimo disse...

É um fenómeno interessante, revelador do poder da esperança da construção da qualidade de vida,do regresso ao País de origem e da vinculação à afetividade da"Terra"para muitos, primeiro, grande e perpétuo amor.
Isabel Seixas

patricio branco disse...

sera que os juros em portugal sao mais altos? claro que nao.
Confianca nos bancos portugueses?
Medo de gastar (mais poupanccas devido aa crise?)

Helena Sacadura Cabral disse...

Senhor Embaixador,
De forma legal e através dos bancos há dinheiro a fugir do país desde que o IRS cobrado aos depósitos a prazo subiu para 21,5%.
Se for a Badajoz come um belo almoço, enche o depósito do carro com gasolina mais barata, que dá para pagar a excelente refeição, abre uma conta e tem taxas acima dos 3%. E tudo em bancos que operam em Portugal e lhe permitem, através da net, fazer todos os movimentos que entenda.
Chama-se a isto livre circulação de pessoas e capitais...ou o capital vai para onde é melhor tratado!

Anónimo disse...

Senhor Embaixador,
As remessas têm vindo a aumentar sistematicamente há vários anos.

Claro que os Portugueses de França praticamente deixaram de construir em Portugal e quase todos compram propriedade em França.

Se o dinheiro continua a ser enviado para Portugal é porque há despesas correntes com os bens que têm em Portugal. Ter casa em Portugal implica sempre obras constantes: uma porta que tem de ser mudada, necessário pintar o exterior, umas novas grades por aqui, uma mudança de azulejo acolá,... que o digam os comerciantes locais!

É também porque continuam a ir massivamente de férias a Portugal e necessitam de lá gastar dinheiro.
A este propósito, é necessário acrescentar que dos números que o Senhor Embaixador transcreve, não constam os milhares de euros que são retirados durante as férias com os cartões de crédito pelos muitos emigrantes que não têm conta bancária em Portugal ou que, tendo-a continuam a utilizar os cartões de crédito franceses.

Finalmente, é porque continua a haver uma solidariedade forte para com a família que está em Portugal. Muitos idosos estão nos lares pagos pelos filhos que moram no estrangeiro...

Mas se as remessas continuam a aumentar é sobretudo porque continua também a aumentar a emigração portuguesa para França.
E as pessoas que emigram agora, emigram porque estão endividadas. Vêm para cá ganhar dinheiro para reembolsar créditos que têm em Portugal.

Claro que não há dados. Não se pode contabilizar esta nova emigração. Não há Observatório que possa ‘medir’ este fluxo. Hoje já não é necessário ter a “Carte de Séjour” (que custou muito a obter aos que cá chegaram nos anos 60 e 70). Chega-se aqui com o Bilhete de identidade e pode começar a trabalhar no dia seguinte. Os únicos observadores somos nós, que estamos por cá, e que os vemos chegar todos os meses!

Estou convencidissimo que as remessas vão continuar a aumentar.

Até porque, mesmo se o ‘Estado’ não viu ainda a necessidade de captar o investimento dos emigrantes (é curioso, sobretudo em tempo de crise!), as Câmaras municipais já compreenderam que esse é o caminho. Muitos Presidentes de Câmaras deslocam-se regularmente a França, ao encontro dos seus conterrâneos, procurando convencê-los a investir nas terras de origem. Um restaurante, um hotel, uma pequena unidade fabril, uma quinta de turismo rural, uma fábrica de conservas, para uma aldeia é sempre sinal de emprego.

Deixo um desafio:
Seria interessante comparar os montantes das remessas dos emigrantes com os investimentos captados pela AICEP (não esquecer, claro, os custos orgânicos da AICEP e as ajudas estatais aos investimentos conseguidos).

Carlos Pereira

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