quarta-feira, agosto 18, 2010

Vinicius e Eça

Com a graduação formal à categoria de embaixador, agora decidida pelo presidente Lula, o diplomata, escritor e compositor Vinicius de Moraes recuperou, postumamente, um estatuto a que poderia ter ascendido se a ditadura militar o não tivesse afastado prematuramente da carreira diplomática brasileira, numa decisão tomada à luz do odioso Ato Institucional nº 5.

Vinicius é uma daquelas figuras que - tal como Eça de Queiroz - teve a carreira diplomática como cenário de parte da sua existência mas cuja razão de vida foi uma obra literária magistral. 

Como seria a música e a poesia brasileiras sem Vinicius? Como seria a literatura portuguesa sem Eça?

O cônsul-geral José Maria Eça de Queiroz não necessita de ser ascendido a embaixador, mas, em compensação, justificava-se plenamente um movimento para colocar os seus restos mortais no Panteão Nacional. Se aí estão Almeida Garrett, Aquilino Ribeiro e Guerra Junqueiro, porque razão Eça de Queiroz não tem lá o seu túmulo? Quem quer alinhar numa campanha nacional nesse sentido?

21 comentários:

Anónimo disse...

Por mim, alinho já!
P.Rufino

Anónimo disse...

Totalmente de acordo consigo, caro Embaixador.

Eça ainda é o melhor prosador português de todos os tempos ( digo eu que li toda a sua obra enquanto sentia que estava a sonhar...


Cunha Ribeiro

Anónimo disse...

Dizia o nosso Eca: "Favas destas nem em Paris"...
Digo eu: Palavras destas desde Paris... têm o meu apoio.
Parabéns pela ideia tao brilhante.
Francisco F. Teixeira

Anónimo disse...

"O diplomata, escritor e compositor Vinicius de Moraes recuperou, postumamente".(FSC:2010)

AH! Lembraram-se Muito a tempo.

Adorei o recuperou postumamente...

Que mensagem de esperança...Para o vinicius e que não diga que vai daqui.

Ok. Não seja por isso aconcheguemos o Eça... Subscrevo o Sr. DR. P. Rufino.
Isabel Seixas

Só por curiosidade de que é que estamos a redimir-nos...

patricio branco disse...

Vinicius promovido a embaixador postumamente é um gesto generoso e louvavel do governo brasileiro actual.
Há 1 diferença entre EQ e VM no que respeita à carreira diplomatica: EQ sempre se manteve ao serviço, VM não. Mas no caso de VM não foi tanto para se dedicar à literatura escrita, como para se dedicar à musica cantada. E isso implicava deslocações frequentes(portugal italia argentina frança mexico etc)para dar os seus concertos (com chico buarque, nara leão, toquinho) assim como ensaios, gravações. Uma coisa era incompativel com a outra, coordenar a vida de artista com o serviço diplomatico. E VM optou, ou teve de optar, e ainda bem, pela sua carreira musical/artistica. Mas como artista/cantor/compositor foi o melhor embaixador que o brasil poderia ter tido e a promoção póstuma é portanto justa.
Outro escritor diplomata brasileiro foi J Guimarães rosa, que secundarizou a carreira diplomatica para se dedicar totalmente à escrita (magnífica. Quase não fala, aliás, da sua actividade profissional (algumas histórias do seu tempo de consul em hamburgo em 1939/40 e pouco mais)
já o caso de J C M Neto é diferente, teve uma carreira normal até ao fim sendo embaixador em vários países e dedicando se simultâneamente à sua construida poesia.

quanto a EQ merece o seu lugar no panteão nacional, embora não tivesse havido discriminação politica de portugal, creio. Quando os seus restos foram trasladados de frança onde durante muitos anos tinham estado sepultados, a familia decidiu levá los pró jazigo familiar no norte. Merecia no entanto estar no panteão como vários outros. EQ talvez seja, com camões, um dos 2 maiores escritores portugueses e os lusiadas e os maias 2 das maiores obras que temos na nossa história da literatura.

Anónimo disse...

Conte comigo para uma eventual petição a favor da trasladação dos restos mortais de EQ para o Panteão Nacional.

António Mascarenhas

Anónimo disse...

Totalmente de acordo.

Isabel Botelho

Guilherme Sanches disse...

Mais um, e todos aqueles a quem possa "contaminar"

ARD disse...

O diplomata Vinicius de Moraes é autor daquele que deve ser um dos mais belos ofícios da história da correpondência diplomatica.
Estando colocado no Uruguai e desejando voltar ao Itamaraty, Vinicius escreveu ao Ministério:“Preciso de fato voltar para o Rio. Não é um problema material, de dinheiro, ou de status profissional. Tudo isso é recuperável. É um problema de amor, pois o tempo do amor é irrecuperável.”
O Poetinha estava perdidamente apaixonado por Lucinha Proença, a quarta das suas nove mulheres.
Quando foi demitido pelos "gorilas" (fórmula que, nessa época, se usava para designar militares golpistas da América Latina) diz-se que estes tinham feito correr que iam limpar o Itamaraty de "vagabundos, bebâdos e homossexuais"; Vinicius comentou: "Eu sou o bebâdo."

Janus disse...

Sem qualquer espécie de dúvida!
Porque é que ninguem ainda não se tinha lembrado de tal evidência?

Anónimo disse...

Bem haja senhor Embaixador, pelo bem tem comentado e o modo como tem ordenado o somatório de portugueses que diacronicamente prepararam aquilo que de melhor temos em várias áreas e, neste particular na Lirteratura Portuguesa!

Anónimo disse...

Caro Francisco,
Sabe, em tempos idos, ainda antes do 25 de Abril, depois de meus pais se terem mudado do Porto para Lisboa (por razões da actividade profissional de meu pai) e quando vivíamos ali na Av. Duarte Pacheco, Vinicius, esse excelente e grande poeta brasileiro (e admirador das mulheres bonitas – “as feias que me perdoem”, como dizia), era visita regular de uns vizinhos no prédio onde vivíamos e tive o prazer de “conhecer” essa extraordinária personagem e meus pais chegaram a estar com ele em casa desses vizinhos. Aquilo que ainda recordo desses momentos era a sua jovialidade, boa disposição, aquela voz dele e a sua enorme simpatia! Um dia recordo-me mesmo de o ter visto a subir no elevador com uma mulher bonita, com quem ele conversou de uma forma divertidíssima.
P.Rufino

Anónimo disse...

Patrício Branco: Vinicius não "optou" por deixar a carreira diplomática; foi demitido pela ditadura brasileira.

José Martins disse...

Justíssimo o Eça de Queiróz ali repousar eternamente.
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A prosa desse homem, por algumas vezes tem animado a minha irreverência, quando me encontro deprimido, vou buscar à prateleira "Eça de Queirõs Correspondência Consular de Alan Freland".
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Vejo no Eça um humanista, a incentivar o comércio de Portugal em França e enviou para Lisboa um relatório, ilucidativo do que Portugal exportava/importava de França.
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Eu como "manga de alpaca" recomendo a leitura deste livro aos aspirantes a diplomatas e aprenderem alguma coisa com o Eça e acelerarem a Diplomacia Económica, pegando na "pasta" , fazer de pracistas na rua e oferecer o que Portugal tem para vender.
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Não cai a diplomacia portuguesa na lama!
Saudações de Banguecoque
José Martins

José Martins disse...

Cumpri o meu dever. Outros que me sigam.
VAMOS APOIAR O SENHOR EMBAIXADOR SEIXAS DA COSTA - O EÇA PARA O PANTEÃO NACIONAL

Helena Sacadura Cabral disse...

Assino já! Eça tem direito a esse lugar há muito tempo.
Bem haja pela lembrança!

Anónimo disse...

Perfeitamente de acordo, e ao seu dispor para a causa.

João Diniz Almeida

Anónimo disse...

É isso mesmo que o país precisa, um movimento para transferir Eça de Queiroz para o Panteão Nacional...
E que tal um movimento que permita aos portugueses tomarem conhecimento sobre a obra de Eça? Destas gerações mais recentes, quantos leram os Maias?

E chamar consul a Eça ou a Vinicius é diminuir as personagens.
Ninguém chamava Saramago de serralheiro. Eça foi escritor e dos melhores de sempre.

Helena Oneto disse...

Alinho e assino!

Ana Paula Fitas disse...

Fiz link, Senhor Embaixador.
Obrigado.
Um abraço amigo.

Carlos Albuquerque disse...

Alinho, com certeza!
Saúdo-o, Senhor Embaixador, pela sua ideia. Não vamos deixar que ela morra.
Um abraço

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