Três histórias pessoais, verídicas.
Ia num taxi, em Paris, com um português, conhecimento muito recente. Toca o meu telefone, atendo, falo com uma amiga de Portugal. Ao desligar, o meu acompanhante pergunta: "Era 'fulana'?". Respondo que sim e pergunto: "Conhece-a?" "Fui casado com ela quase vinte anos..."
Outra história.
Almoço de trabalho em Lisboa. Falo de uma pessoa e, por uma qualquer razão, acrescento: "Ele tem várias irmãs". Resposta do meu interlocutor: "Eu sei, sou casado com uma delas".
E ainda outra.
Jantar em Brasília. Sou apresentado a um engenheiro português, que vive no Brasil há mais de três décadas. Pergunto-lhe onde se formou. No Porto. "Em que ano entrou para a faculdade?". Em 1966. Eu também frequentei Engenharia nesse ano. No Porto. Tínhamos andado no mesmo curso, nas mesmas aulas e lembrávamo-nos de histórias comuns...
Se isto não é uma aldeia...
Em tempo: Recomendo vivamente a leitura do comentário de Helena Oneto
Em tempo: Recomendo vivamente a leitura do comentário de Helena Oneto
9 comentários:
Senhor Embaixador,
Estou adorar observá-lo a verter as suas memórias...
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Bem, eu levo mais uns anitos à sua frente, mas prepare-se para quando atingir os 70 vai despejar (com a lucidez que leva) tudo de memórias, de sua infância, para o computador.
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Este fenómeno está acontecer com o "manga de alpaca" de Banguecoque que ganhou o vício de teclar e até já sonha, quando dorme, com aquilo que vai escrever.
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Saudações de Banguecoque
José Martins
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P.S. - Que entendam os mal intencionados que o "manga de alpaca", de Banguecoque, não está a dar graxa ao senhor embaixador Seixas da Costa, mas apenas, voltou (depois do Eça) o seu heroi literário
pois..... se não é uma aldeia... mas deixe que isso acontece em todos os lados. na terra dos meus pais é igual. sempre assim...
as aventuras de um empregado gourmet
http://ohpirussas.blogspot.com/
Ainda Bem...
A nostalgia advém da ausencia de raiz caule e folhas...
O anonimato em obsessão é tão snob como fóbico e fuga com razão de pecado cometido...
Por momentos pensei que ia falar da festa da aldeia...
Isabel Seixas
Se bem que há descobertas imprevistas do meu ponto de vista sempre aliciantes que podem potenciar a proximidade ou o afastamento relacional imediato... Mas isso é vida aldeia é muito melhor...
Ele há coincidências...
Em janeiro de 1973, num voo de regresso a Londres, depois de uma semana "clandestina" em Lisboa, o passageiro ao meu lado, um senhor bem parecido, ao ver-me ler o "Diário de Lisboa" começou a meter conversa. "A menina é portuguêsa?" respondi "sou". Ele "muito prazer". "Vai de férias a Londres?" respondi "não". Ele "então?", respondi "vivo là". Ele "estou com sorte, vou ter guia..." não respondi. Ele: "adoro antiguidades e todos os anos vou a Londres ver o que há para comprar". Não respondi a nenhum dos "avanços" até ao fim da viagem. Uma vez chegados a Heathrow, o galã "colou-se a mim com insistência. Quando chegou a minha vez de passar a Alfâdega "Nothing to declare" o oficial de sua majestade perguntou-me se eu tinha alguma coisa a declarar ao que respondi negativamente. Alarmada, vi-o a por as célebres luvas brancas e dizer: " Please open your suitcase". Abri. Debaixo da roupa, começaram a aparecer pacotes de cigarros... 20 ao total! O oficial de sua majestade olhou para mim surpreendido e disse-me "mentiu a um oficial de sua majestade o que é muito grave. Fiquei aflitíssima sem saber que responder quando ouvi o galã do avião dizer "esta senhora viaja comigo. Os cigarros são para nosso consumo". Depois de ouvir uma lição de moral muito britânica, agradeci a ambos e passei. Na fila dos taxis, o meu "companheiro" disse-me ao mesmo tempo que me mostrava o seu passaporte onde vi em letras gordas PIDE/DGS "um passaporte destes ajuda sempre..." fiquei aterrada! Sem "dar nas vistas" tentei esconder a etiqueta da minha mala de modo a não se ver o meu nome.
Passava da meia-noite, havia poucos taxis e a fila era longa. Um oficial de sua majestada pede-nos para partilhar-mos os taxis. Quando chegou a minha vez, o galã abriu a porta para me deixar entrar e entrou atras de mim. Fiquei gelada. Disse-lhe que ía para muito longe e ele respondeu "tenho muito prazer em acompanhá-la" e apresentou-se de mão estendida: "Pereira de Carvalho". Fiquei paralizada. Quando o taxi chegou ao princípio da Landsdowne Road pedi-lhe que parasse. Agradeci a gentileza e saí pedindo ao chauffeur para me dar a mala. Recusei a ajuda do "meu companheiro" e pedi que se fosse embora antes que me vissem chegar acompanhada... Percorri os 300 metros até casa a tremer. Nunca tive tanto medo na vida!
in fact,
lendo o comentario, história, de Helena Oneto
fica-se ainda impressionado
com aqueles tempos, personagens, actuações, métodos...
a cena dos cigarros e tudo de sequencialmente o resto da história
é really impressionante...
a ajuda providencial do pide é um requinte do regime e do que foram aqueles tempos...
Ele há taquicardias...
E Senhoras com vivências...
"Antes que me vissem chegar acompanhada..."De Mestre
Aí... Aldeia Sim senhor Embaixador
Isabel Seixas
Helena Oneto, este seu comentário é de antologia!
P.Rufino
Engenharia... Porto... Anos 60... Hum... Electrotecnia? Prof. Carlos Castro Carvalho?
Cumprimentos.
J.C. (DELITO DE OPINIÃO)
Cara Helena,
Que suspense...enquanto a li nao respirei!
Um beijinho grande para si. Estou quase a regressar à "base" depois ligo-lhe para "un petit verre de rentrée" ; )
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