"Ela terá nascido cá?", perguntou aquele nosso embaixador, de visita de trabalho a Luanda, nos anos 80. E apontava para a placa "Avenida Deolinda Rodrigues". "Não era má fadista, mas daí a ter uma avenida com o nome dela...", continuou ele, bem perplexo.
Do banco de trás do meu Golf, saltou uma gargalhada sonora do funcionário do Ministério das Relações Exteriores, um querido amigo angolano. Imagino que tenha lançado também o seu imenso sorriso branco, reluzente na cara muito negra.
Deolinda Rodrigues, homónima de uma fadista lisboeta, foi uma guerrilheira e heroína do MPLA, presa e assassinada pela UPA/FNLA, em 1968. Na suposta data da sua morte é comemorado o dia da mulher angolana.
O meu colega, hoje já reformado, desfez-se em desculpas. Ainda há poucos anos me perguntava se eu achava que o diplomata angolano tinha ficado muito ofendido com a sua "gaffe". Ainda um dia tenho de perguntar isso ao meu amigo angolano.
2 comentários:
Caríssimo, amanhã o Delito de Opinião terá o enorme gosto de recebê-lo, acompanhado de uma das suas deliciosas histórias. Será uma honra estender a passadeira vermelha a tão ilustre convidado!
Lá vos esperamos também, simpáticos comentadores desta casa.
Que maravilha Senhor Embaixador. Agora foi a vez de eu dar uma gargalhada bem sonora e verificar quão culta sou. É que ao contrário do outro embaixador eu sabia das duas Deolindas...
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