Artur Bual
Hoje, se fosse viva, Natália Correia faria 90 anos. Às vezes, ouço dizer de alguém que é uma pessoa "intensa". Não conheci muito bem Natália Correia (sobre quem ontem vi que foi publicado um livro de Fernando Dacosta), mas, pelo que acompanhei da sua vida e perfil humano, acho que o epíteto se lhe aplica muito bem.
Conheci-a pessoalmente, uma noite, no final dos anos sessenta, num bar, situado numa cave, perto do mercado de Campo de Ourique, julgo que frente à igreja, um local que nunca mais consegui localizar. Nele tocava então Denis Cintra, filho de Lindley Cintra, no tempo em que as baladas "de protesto" estavam na moda. Natália entrou, com Ary dos Santos e um pequeno séquito, juntando-se à nossa mesa, onde havia amigos comuns, por pouco mais de uma hora, partindo depois para outras noites.
Anos mais tarde, já pós-abril, voltei a falar com ela algumas (muito poucas) vezes no Botequim, o bar na Graça de que era proprietária e que se tornou num dos locais icónicos para a classe política da época. Basta dizer que foi Natália Correia quem apresentou Snu Abecasis a Sá Carneiro, de quem se tornaria feroz apaniguada, o que a levou a uma passagem pelo parlamento, que abalou com a sua verbe e a sua graça.
Não sou um fã da sua escrita, como o não fui das suas opções políticas, mas reconheço-lhe uma "intensidade" única e uma presença ímpar na sociedade portuguesa, onde sempre dizia em voz bem alta o que pensava. É um lugar comum, mas apetece-me dizer que fazem-nos hoje falta figuras como Natália Correia. Quase que imagino o que ela por aí hoje diria...
Conheci-a pessoalmente, uma noite, no final dos anos sessenta, num bar, situado numa cave, perto do mercado de Campo de Ourique, julgo que frente à igreja, um local que nunca mais consegui localizar. Nele tocava então Denis Cintra, filho de Lindley Cintra, no tempo em que as baladas "de protesto" estavam na moda. Natália entrou, com Ary dos Santos e um pequeno séquito, juntando-se à nossa mesa, onde havia amigos comuns, por pouco mais de uma hora, partindo depois para outras noites.
Anos mais tarde, já pós-abril, voltei a falar com ela algumas (muito poucas) vezes no Botequim, o bar na Graça de que era proprietária e que se tornou num dos locais icónicos para a classe política da época. Basta dizer que foi Natália Correia quem apresentou Snu Abecasis a Sá Carneiro, de quem se tornaria feroz apaniguada, o que a levou a uma passagem pelo parlamento, que abalou com a sua verbe e a sua graça.
Não sou um fã da sua escrita, como o não fui das suas opções políticas, mas reconheço-lhe uma "intensidade" única e uma presença ímpar na sociedade portuguesa, onde sempre dizia em voz bem alta o que pensava. É um lugar comum, mas apetece-me dizer que fazem-nos hoje falta figuras como Natália Correia. Quase que imagino o que ela por aí hoje diria...