Uma noite, creio que em meados de 1973, numas instalações da rua Viriato que eram então ocupadas pela SEDES - esse clube de reflexão político-económica, de matriz liberal, que o marcelismo deixou criar e que ainda hoje subsiste -, assisti a uma palestra de Francisco de Sá Carneiro. Recordo-me de o ver chegar ao hall, muito sereno e sério, de gabardine preta, com uma postura erecta que disfarçava a sua pequena estatura. Já não me lembro do tema da charla, mas seguramente tinha a ver com a temática das liberdades, tocada no tom reformista que era o seu.
No final, com a sala apinhada, houve algumas perguntas. Marcelo Rebelo de Sousa fez uma. Sucedeu-lhe um outro jovem, que eu não conhecia, com um discurso muito articulado, que colocou uma daquelas longas falsas perguntas que, neste tipo de eventos, substitui a intervenção que gostariam de ter feito. Perguntei quem era, a um amigo que me acompanhava: "É um católico do Técnico. Dizem que é muito esperto. Chama-se António Guterres".
Duas décadas mais tarde, eu e esse amigo integraríamos os dois governos em que António Guterres foi primeiro-ministro.
3 comentários:
Ai! Senhor Embaixador, as voltas que o mundo dá...
Mas ainda cá hei-de estar para ver outras que, preconizo, já não vão demorar muito!
Srnhor Embaixador:
Grande socialista o Dr Guterres! Que saudades dele! Foi o 1º e último Primeiro ministro( até agora), que colocou a EDUCAÇÃO no lugar onde merece estar.
Que saudades! Era um homem ético, inteligente e bom.
Boa Noite,
Cunha Ribeiro
Que carreira...É erige-se caminhando...
Interessante, o percurso, as pontes a
inclusão do cunho pessoal diferenciador, certamente genuíno, respeitador e idóneo.
Isabel Seixas
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