"Não me atirem com o passado porque eu meto-o ao peito" - é assim que acaba a coluna de Ferreira Fernandes, no "Diário de Notícias" de hoje, a propósito de uma recordação espertalhota que alguns decidiram trazer à praça pública.
Não me julgo ao nível do cronista, no passado ou na escrita, mas quero deixar-lhe a minha solidariedade porque, também eu, fui alvo de algumas farpas, aquando de memórias que aqui trouxe sobre as minhas ligações políticas e militares, nos idos de 60 e 70, no outro século. Por isso, aproveitando a "boleia" e para que fique tudo bem claro, deixo lavrado em post, para quem o não tivesse ainda percebido, que, do mesmo modo, não renego nenhuma das minhas heranças, mesmo as que recebi de mim mesmo. Era só o que faltava...
8 comentários:
É verdade que há pessoas que mudam radicalmente de opinião e que não merecem louvores por isso. E todos conhecem pessoas destas. Pessoalmente conheço gente que muda facilmente de opinião porque não consegue adquirir, nunca, opinião segura e gente que anda atrás de oportunidades que eventuais opiniões lhes facilitem a vida. É mais confortável ter certezas e defender as suas opiniões mas também não é crime reconhecer que se errou.
Também sabemos que há épocas e situações que nos obrigam a agir e, em certos períodos, agir precipitadamente. Com o tempo que nos distancia de 1975, continuo a pensar que um antigo revolucionário dos SUV não deveria hoje fazer promoção ao Mc Donald’s... Há distanciamentos políticos que pessoalmente não quero compreender. Já me agrada o facto de podermos afirmar que podemos meter o nosso passado no peito.
Senhor Embaixador,
Em Outubro, do ano passado (2009) num dos meus blogues escrevi:
"Há uns 17 anos o brilhante jornalistas Ferreira Fernandes veio à Tailândia reportar o "Maio Negro", mas o conflito já tinha terminado.
Para não ir com as mãos abanar, da Tailândia para Lisboa. leveio-o a Ayuthaya e aos antigos bairros portugueses em Banguecoque.
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Gostei tanto do seu trabalho de jornalista que lhe perguntei: como se desenvolvia uma reportagem e respondeu-me: "Olhamos para o que observamos e reportamo-lo tal qual como é".
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Ferreira Fernandes, pertence ao grupo dos meus velhos amigos, que por Banguecoque passaram.
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Aprendi algo com ele.
Do River Kwai
José Martins
...é sempre simples quando nao nos enganamos a nos mesmos, quando nao renegamos o nosso passado, seja ele qual for
esse passado faz parte de nos, fez-nos crescer, em bem ou em mal
Senhor Embaixador, para si e para os seus, desejo um bom, um optimo ano 2010
e, por favor, continue a conta-nos duas ou tres coisas
Bem Haja
Caro Jose Martins: os fusos horarios permitem que fale do "ano passado" quando nos, aqui por Portugal, ainda estamos nesse "passado". Um bom 2010 para si.
Este debate é só por si Pedagógico.
Há um conteúdo teórico no âmbito da "Da Escola Inclusiva, por uma Escola Integradora" Que eu nunca consegui ilustrar com exemplos...
O que é equacionado é... quando Nós estruturamos o conhecimento actual de uma Pessoa através dos Seus feitos do Passado e A reduzimos a uma insignificância castradora com juízos de valor á mistura e não A deixamos Ser... ou seja cristalizamo-la no que socialmente e dependente da opinião em voga/moda não lhe damos a oportunidade de se afirmar ou Ser diferente do passado, só a ouvimos e não a escutamos... E pior não nos apercebemos, porque precisamos de Bodes Expiatórios para amortecer também o peso das nossas vulnerabilidades...
Por isso esta Expressão é só por si "Democrática" Fascinante e Livre, porque nos dá a solução sucinta e assertiva para a justificação daqueles rabos de palha que geramos à luz de politicamente correctos à época a que se nos reportam e depois se tornam um veredicto punitivo.
Que analgésico...
"Não me atirem com o passado porque Eu meto-o ao peito"
Vou usar a expressão Qb, pagando os direitos de autor, é claro... Como se Aprende Aqui...
Quem me dera conseguir dizer Tanto em tão pouco...
Também me identifico com Os Cronistas,e com a lucidez de que não estou ao nível... Mas os pupilos também fazem falta aos Professores Doutos...
Isabel Seixas
É estranho que, quando alguém tem posições diferentes das que tinha no passado, se presuma que estava errado (no caso de mais tarde se ter aproximado das nossas) ou "traíu" (se delas se tiver afastado.
Ora, muitas vezes aconteceu apenas que foram as circunstâncias que mudaram e não a pessoa ou as suas ideias.
É por isso que concordo com o Ferreira Fernandes e também uso na lapela as minhas ideias dos anos 70, mesmo que hoje já não tenham curso no mercado das ideologias deste presente cinzento e de deprimente de pensamento único.
De José Barros, preferiria parafrasear uma das frases e comentar que a alteraria, deixando-a assim: "Com o tempo que nos distancia de 1975, continuo a pensar que não deveria hoje fazer promoção ao Mc Donald’s, mesmo que tivesse sido um militante dos SUV..."
Senhor Embaixador, muito obrigada pelo post de hoje.
E que o nosso peito possa, sempre, receber sem vergonha o passado, porque é com ele que se vive o presente e se sonha o futuro.
Ferreira Fernandes é um jornalista respeitável, quer se concorde ou não com ele. E soube conquistar esse respeito. O que nem sempre acontece!
... "do mesmo modo, não renego nenhuma das minhas heranças, mesmo as que recebi de mim mesmo."
Orgulho-me de poder dizer o mesmo de mim.
É por estas e outras coisas que o Senhor aqui escreve que este blogue é tão interessante!
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