Abespinharam-se, há dias, alguns comentadores e outros atentos leitores deste blogue quando por aqui fiz uma curta listagem de quantos, na nossa imprensa, entendo que escrevem um "bom português". E logo alguns inquiriram o porquê dessa escolha.
Pode ser que esteja enganado, mas julguei detetar, em algumas dessas observações, que os juízos se estabeleciam na direta dependência da simpatia pessoal que os escribas suscitavam nesses leitores. Ora, se se olhar o conjunto dos nomes que referi, fácil é verificar que se trata de gentes de diversas e até de contraditórias orientações, o que prova que, pelo menos no que a mim me toca, julgo não poder ser suspeito desse desvio opinativo.
O que é o "bom português"? Sei lá! Para mim, é uma escrita que me agrade, por uma sábia combinação de substância e forma, alinhada de forma escorreita, não pretensiosa, sem demasiados ademanes estilísticos. Para ser sincero, é o português que melhor se aproxime do modo como eu próprio gostaria de saber escrever e que, sem qualquer inveja mas com basta admiração, me dá gosto ler. E mais não digo, porque estas coisas são assim mesmo, bem simples.
14 comentários:
Isto é certamente mau português, Senhor Embaixador: «a questão da licenciatura de Miguel Relvas em apenas um ano é "meramente assessória"» (fonte: http://www.dinheirovivo.pt/Empresas/Artigo/CIECO053753.html), sobretudo pela forma como está escrita...
O problema é que, ao fazer a minha leitura de notícias ao acordar ou agora ao final do dia, cada vez mais vejo calamidades destas.
Aqui há dias li a "última pepita".
Pensando agora, até me parece que li bom português…
ou seja, quando a forma é sem erros e o conteudo é bem exposto e claro.
Eu cá nunca me abespinho e raras vezes me amofino.
a) Feliciano da Mata, prosador, cidadão que embirra com Vasco Pulido Valente e assume
Adorei este post pela dialética.
"O que é o "bom português"? Sei lá! Para mim, é uma escrita que me agrade, por uma sábia combinação de substância e forma,"In FSC
Ora exatamente, assim de objetivo!...
Gosto d´EÇA...
Para mim atento no Sei lá, cujo relativismo me permite privilegiar a substancia/conteúdo á luz da minha subjetividade,Portuguès acrescido de química e magnetismo que me impulsione a ler, sendo que a forma tem que ir de encontro ás minhas sensibilidades estéticas, que não sei descrever, embora gostasse.
Ainda e de qualquer forma a apropriação do direito à liberdade de expressão permite-nos a seletividade indivisível...Relativizando ora pois claro, o conceito de bom e mau neste contexto.
Isabel Seixas
Haverá os que escrevem "muito bem" sem qualquer esforço mas a maioria "esforça-se" na tentativa de escrever bem e uns conseguem outros não.
Creio que Saramago disse a este propósito: "eu escrevo e o leitor que corrija"...
Mas ele tinha uma "pedalada" que lhe permitia escrever de um só jato textos que retêm o folgo do leitor horas a fio.
Também gostaria, pessoalmente, de escrever bem. Entretanto beneficio da satisfação de guargar o apego suficiente ao português para poder "saborear" os magnificos textos que a literarura portuguesa nos facilita.
José Barros
Senhor Embaixador, porque julga que é lido diariamente? Enquadra-se naquilo a que há quarenta anos se chamaria de "Norma padrão" dentro de um sistema que comportava outras nornas e níveis da lígua portuguesa. Quando se desvia da Norma é pela novidade, o pitoresco da descrição; num arranjo de imagens ou utilizando a ironia, talvez a mais inteligente das figuras literárias. O seu domínio das funções: fática e apelativa da linguagem - segundo as enunciou Roman Jakobson - levá-lo-á à publicação de alguns livros (sem enfado para os leitores) porque assuntos não lhe faltam. Assim o queira.
Caro Feliciano
Não é só V. Exa.
Reconheço-lhe a cultura, o conhecimento histórico da época, a escorreiteza literária, mas irrita-me o fundo de snobe intelectual. E assumo.
Por uma vez, estamos de acordo!
Caros comentadores: eu não dizia? Uma coisa é a escrita, outra são as embirrações (que eu também partilho, confesso!).
"Para ser sincero, é o português que melhor se aproxime do modo como EU PRÓPRIO gostaria de saber escrever".
Sr. Embaixador, olhe que a falsa modéstia é um pecado.
O senhor vai ter que ir ao confessionário logo que puder.
Pois é.... O bom português também depende do tema, do ritmo, de como o autor prende a atenção do leitor, das artes da narratologia empregues e parece-me também que depende da aderência do leitor ao discurso. Não falemos nos problemas de ortografia ou síntase. Mas.... eu não sei
Agora gosto mesmo(também) é da categoria do Sr.(com S grande deliberado)Feliciano da Mata, escreve com classe, assim um misto de ...Clareza assertiva com idoneidade inquestionável, não sei que andam a fazer os olheiros da boa imprensa... Enfim distraídos, só pode.
Ó isabelinha os olheiro ficavam cegos. Então você não vê a rapidez com que o "nosso" Feliciano muda de profissão? Mordomo, Transportador de mobílias, especialista de antenas televisivas, enfim, só lhe falta ser ministro.
Há quem o seja por menos...
Oh cara amiga doutora Helena, embora em rigor concorde, acredito que Ministro dos sacerdócios prosmeiros já o Senhor Feliciano é, coitado Ele é pau para toda a colher,o que nos dias de hoje...No mínimo uma Agregação.
Agora com tal flexibilidade punha era os olheiros "estrábicos" com as mudanças de "Olhar"...
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