"Deste arroz com fava nem em Paris, Melchior amigo", dizia Jacinto, encantado com a feliz descoberta da simplicidade. Lá estive hoje, em Tormes, a ver a mesa onde Eça/Jacinto comeu um dia o celebrado arroz que o reconciliou com as favas.
Para quem possa fazê-lo, recomendo vivamente uma visita à casa de Tormes, onde hoje está a Fundação Eça de Queiroz, perto de Baião, se possível acompanhada por uma leitura calma, no local, das páginas que, em "A cidade e as serras", o escritor dedicou à paisagem e ao ambiente rústico que o terá impressionado, há quase um século e meio. Eça ter-se-ia porventura indignado com muitas edificações de discutível gosto que hoje pontuam a serra, mas, mesmo assim, a vista permanece soberba. Dê-se também um salto à estação de Aregos/Tormes, onde já não pontifica o Pimentinha e onde o Silvério, pela certa, nos não esperará. E, por gratidão e respeito por quem nos proporcionou o prazer dessa escrita ímpar, não se esqueça de deixar uma flor na campa de Eça de Queirós, no pequeno cemitério de Santa Cruz do Douro.
Tenho um amigo que costuma dizer, com alguma sobranceria, que gostar de Eça de Queirós é uma das mais banais expressões culturais de qualquer português. Pode ser que assim seja, mas, nesse caso, eu vergo-me sem custo a "eça" banalidade.
(Este post é dedicado ao meu amigo e incomparável queirosiano Luis Santos Ferro)
(Este post é dedicado ao meu amigo e incomparável queirosiano Luis Santos Ferro)
13 comentários:
Ora Eça, todos os seus comentadores sabem/sentem que o Senhor é um dos descendentes literários de Eça,está-lhe nos neurónios...
Eça agora!...
PS Aliás porque é que Vossa ex.a acha que foi para Paris? Ninguém me tira da ideia que foi o dedinho do Eça a puxar os cordelinhos, Eça é que é Eça...
É engraçado ver que aos "puristas" da língua nada incomoda que QueirOZ se tenha transformado em QueirÓS. Isto sim, é respeito pelo PortuguÊS/EZ...
Sem dúvida uma viagem que pretendo fazer logo que seja possível. Voltei a ler Eça este ano e começei exactamente com o 'A cidade e as serras', um espectáculo!
Cara Isabel Seixas: não me ridicularize com essas comparações, pf
É bom não esquecer o escritor porque pelo que por aí se diz,esse tipo de literatura estará a desaparecer do ensino das escolas portuguesas.
Bem haja por este post celebrando Eça, o arroz de favas, Tormes e o nosso comum amigo Luís, de quem tenho imensas saudades, agora que o vejo menos!
Que livro!
A cidade e a serras.
Delicia!
Sabor puro de Portugal.
Cada vez que releio, encontro novos aromas, sabores novas surpresas.
Isso é Eça.
Boa entrada, falar de eça de queiroz vem sempre a propósito.
Já que se fala de Eça e de «A Cidade e as Serras», uma palavra de grata recordação a Helena Cidade Moura, falecida esta semana em Lisboa. Foi ela grande estudiosa de Eça de Queiroz, que fixou o texto e prefaciou muitas das suas obras, inclusive esta. Infelizmente, mais uma figura grande da nossa cultura, desaparecida na semana que passou.
Gostei muito deste post.
Fiquei com vontade de reler "A Cidade e as Serras". Uma visita a Tormes e à Casa-Museu de Eça de Queirós, talvez para o ano. Estas férias já está decidido vamos para o Minho.
Gostei "d'eça" lembrança! E, sem sobranceria...
Acho que um Blogue pode traduzir e expressar um "cidade e serras" dinâmico, também eventualmente mais cidades que serras ou vice versa.Por vezes são cidades serras e outras serras cidades...
Acredito que Eça vive em qualquer das modalidades.
Isabel Seixas
Com esse livro, nunca é tarde para amar PORTUGAL!
do Brasil
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