Por uma referência cruzada na "net", encontrei, há dias, uma nota sobre uma cerimónia que, em 2006, teve lugar na localidade de Nova Mazagão, no Estado brasileiro do Amapá, junto à fronteira com a Guiana Francesa.
Num certo dia de Janeiro desse ano, recebi do governador do Estado um convite para estar presente numa solenidade, na qual iria ser feita uma homenagem aos fundadores de Nova Mazagão.
À época, eu tinha uma ideia muito vaga da história da localidade. Nova Mazagão foi criada, em 1775, para apoiar a fortaleza de S. José de Macapá, na defesa do norte do Pará. O nome advém do facto de ter sido fundada pelos antigos ocupantes da fortaleza de Mazagão (atual El Jadida), em Marrocos, a última que os portugueses haviam sido forçados a abandonar, já em 1769, dentre as várias que, desde os século XVI, haviam sido criadas na costa marroquina. É impressionante pensar, hoje, como Lisboa tomou a decisão de enviar, recém-chegado da costa africana, este contingente mais de 300 famílias, mistas de portugueses e familiares marroquinos, para o norte brasileiro. Porém, em termos práticos, pode concluir-se que terá sido a eficaz proteção dessa entrada do Amazonas que contribuiu para a preservação da soberania setentrional do que é atualmente o Brasil.
À época, eu tinha uma ideia muito vaga da história da localidade. Nova Mazagão foi criada, em 1775, para apoiar a fortaleza de S. José de Macapá, na defesa do norte do Pará. O nome advém do facto de ter sido fundada pelos antigos ocupantes da fortaleza de Mazagão (atual El Jadida), em Marrocos, a última que os portugueses haviam sido forçados a abandonar, já em 1769, dentre as várias que, desde os século XVI, haviam sido criadas na costa marroquina. É impressionante pensar, hoje, como Lisboa tomou a decisão de enviar, recém-chegado da costa africana, este contingente mais de 300 famílias, mistas de portugueses e familiares marroquinos, para o norte brasileiro. Porém, em termos práticos, pode concluir-se que terá sido a eficaz proteção dessa entrada do Amazonas que contribuiu para a preservação da soberania setentrional do que é atualmente o Brasil.
A data do evento era-me inconveniente: dia seguinte às eleições presidenciais em Portugal, o que me obrigava a sair de Brasília bastante tarde e chegar ao Amapá já bem dentro da madrugada, naqueles aviões noturnos que a insuperável imaginação brasileira crismou de "corujões". Porém, a amável pressão telefónica do governador Waldir Goes convenceu-me a ir. Cheguei a Macapá às três da manhã, acompanhado por um diplomata marroquino, e fomos brindados com uma ceia com convidados no hotel, tudo sem grandes pressas. No final, foi-nos dito que às sete (!!!) passariam a buscar-nos... Se dormi uma hora, depois do lauto repasto, foi já muito!
Hoje, sabendo o que poderia ter perdido se não fosse ao Amapá, ficaria arrependido para toda a vida. Chegar a Nova Mazagão, ido de Macapá (distante escassas dezenas de quilómetros) numa piroga, acompanhado por um músico-cantor a entoar modinhas sobre os portugueses do século XVIII, sermos recebidos por toda a população do local chefiada pelo prefeito José Carlos "Marmitão" (nome que condiz, à justa, com a dimensão da amável figura), enquadrada por garbosos cavaleiros que reproduziam as lutas entre os cristãos e os muçulmanos, num evento que culminou com a inauguração de um memorial onde ficaram os restos mortais dos portugueses e das suas famílias marroquinas - tudo isso se transformou numa experiência inesquecível.
Resta notar, como curiosidade que, em Macapá, passa o Equador, o qual é a linha divisória do estádio de futebol, que se encontra assim nos 0º de longitude. Por isso, o seu nome oficial é "Zerão"...
Sobre o evento, pode consultar aqui, referência onde cheguei através daqui.
Resta notar, como curiosidade que, em Macapá, passa o Equador, o qual é a linha divisória do estádio de futebol, que se encontra assim nos 0º de longitude. Por isso, o seu nome oficial é "Zerão"...
Sobre o evento, pode consultar aqui, referência onde cheguei através daqui.
4 comentários:
Hum...
E o fatinho opressivo no calor...Não consegui antever os ossos do ofício.
Não acredito que se tenha abstraído do protocolo.
Isabel Seixas
interessante descrição em que presente se mistura com história e o actual brasil com o colonial português em marrocos e na grande colónia bem como com marrocos. A própria designação de "nova mazagão" foi resultado duma de decisão politica e social correcta.
episódios da história que é bom divulgar, pois sendo fragmentos de um todo, só figuram em estudos muito especializados, sendo portanto desconhecidos da maioria não implicada com eles.
AH!
Requintes insidiosos de marketing...
Paisagens afrodisíacas (...)
Para a visão...
Paisagens gastronómicas subjacentes...
("Helena" posso ir(Já não é a primeira, será para si com uma mulher oferecida que paralelamente lhe falará das compatibilidades em chaves mas nem lhe passa como acrescento vida à paisagem) pela enésima vez, 1ª consigo... Proposta Honesta, claro.
Pois é Sr. Embaixador
Também temos desse enigmatismo, numa versão mais ...Mais
Agreste só viável a apreensão em passeio pedestre(contra indicado na convalescença de algumas roturas de ligamentos especialmente os cruzados)
Já não falando das rotas do presunto com ou sem melão ou manga obrigatoriamente com pão.
Ah e os Miradouros,e as visões de alpendres, e a torre de menagem, e a top model ponte romana, e os paços do concelho...E as freiras
And so son ...
Isabel Seixas
Estava a pensar que realmente o reordenamento politico/administrativo do território quase se impõe até para encetar mudanças e operacionalizar sinergias de internacionalização... por exemplo porque não é Chaves a capital de distrito...
Compreendo que para o Sr. seja difícil.
Que sorte a sua, Senhor Embaixador! adorava fazer uma expedição a nova(s) Mazagão de piroga, com ou sem "modinhas", e ter um "Marmitão" à minha espera:)... Só "piranhas" me fariam repensar tal aventura:)!
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