Um dia, quando for contada a história da presença portuguesa na economia brasileira, o caso da Portugal Telecom (PT), e da sua parceria com a Telefónica de Espanha, na empresa Vivo, líder do mercado de telefones portáteis, fará parte de um capítulo principal. É uma história complexa, como o são todas as sagas em que o dinheiro está no posto de comando das decisões. É uma história de ambições, de rivalidades e de estratégias cruzadas. É também uma história através da qual o Brasil talvez venha a perceber, finalmente, que perdeu a hipótese de se colocar, com a PT, na liderança de um grande projeto no quadro da lusofonia, com a África incluída. Uma história que, repito, há-de ser bem contada. Um dia.
Da pequena história dessa história faz parte a Assembleia Geral da PT, ontem, onde o Estado português, através da sua "golden share", rejeitou a proposta de compra da parte que a PT tem dentro da Vivo, numa demonstração de grande coerência com a linha que sempre seguiu, no sentido de manter a PT como um instrumento de afirmação empresarial estratégica à escala global. O voto do restante capital dito nacional foi também imensamente coerente: com o lucro.
9 comentários:
Muito bem! Apoiado! Excelente post!
Parabéns, Embaixador! É bom saber que há diplomatas com corajem para dizer as coisas BEM ALTO
CSC
O Snr é que sabe, antes de Paris, esteve em Brasília.Mas se calhar a sede da VIVO é em São Paulo.
Não tenho dúvidas nenhumas que o Senhor Embaixador Seixas da Costa daqui a pouco mais de dois e meio, vai contar coisas e loisas interessantes, depois de (muito próximo) 40 anos de carreira diplomática.
E eu que ainda ande por cá (na terra) para ler interessantes histórias.
Penso, sem ponta de dúvida que vai colocar, certos factos, em pratos limpos.
Saudações de Banguecoque
Lamento discordar, mas quando entramos no jogo temos de respeitar as regras. O senhor embaixador que já foi Secretário de Estado dos Assuntos Europeus sabe melhor do que ninguém que não se podem pôr entraves à livre circulação de capitais e Portugal fê-lo. Por isso, já está a ser condenado na praça pública e sê-lo-á nos tribunais. Acresce que nos desacredita e desacredita ainda mais a Europa que queríamos e queremos construir. Não é com patriotismos bacocos e com atitudes imbecis que atingimos os nossos objectivos. Isto faz lembrar aqueles jogadores de futebol que se atiram para o chão na grande área adversária para ver se ganham o penalty. É feio, muito feio quando não se sabe perder. As regras são para cumprir. Ponto final!
Toda esta "estória" da Vivo está muito mal contada. Por todos os lados. É pena.
Já agora vamos ver os próximos capítulos e a decisão da Comissão Europeia. Não vai decerto haver outro abraço entre Durão e Sócrates e exclamação "porreiro, pá!". Desculpe Senhor Embaixador mas a frase não é minha. É deles.
Curiosamente também o PM espanhol ficou calado e mandou o seu ministro das Einanças falar...
Enquanto cidadão, sempre fui de opinião de que determinadas empresas (públicas, ao tempo em que o eram), como por exemplo a PT, a Galp, a EDP, etc, nunca deveriam ser privatizadas, ou mesmo parcialmente privatizadas, por razões de soberania económico-estratégica. Ou, pelo menos, o Estado, ao decidir pela privatização parcial, deveria manter 51% do capital. Não sendo o caso, faz-me alguma espécie a questão “ da golden share”. Acabam por ser processos artificiais de procurar defender “a honra da Dama”, ou seja, do tal interesse nacional. Com os tais, pelo menos, 51% tal recurso não seria necessário. E até haveria mais moral – e meios, ou capacidade –, por parte do Estado, para controlar melhor os salários chorudos dos administradores dessas empresas e a distribuição dos tais prémios de produtividade…entre eles.
P.Rufino
Será que Sócrates diria que sim a uma parceria com Carlos Slim? Rima e é capaz de ser verdade. Diga quem sabe...
Essa do Carlos Slim fez-me dar uma boa gargalhada...
Mas porque não Sonangol?!
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