O meu Sporting, um clube essencialmente católico (só ganha quando deus quiser e andou por aí ao deus dará...), deu-me ontem uma alegria. Como quase nunca vejo os jogos da equipa em direto (as eventuais derrotas, em diferido, são menos penosas), estava a entrar para um restaurante precisamente no momento em que se iniciavam os decisivos penáltis. E, porque tinha pedido às pessoas que estavam comigo que tivessem os telefones desligados, só quando se ouviu um berro - um rugido! - de contentamento leonino é que percebi que o Jamor era nosso. Assim, a primeira nostalgia estava cumprida: o Sporting, que nos últimos anos, só me havia dado homeopáticas doses de alegria (eu sei que, em matraquilhos e coisas assim, somos o máximo!), e que, há precisamente um ano, esteve prestes a ser destruído por atos de insanidade, ganhara a Taça!
A segunda nostalgia era devida ao local onde estava a comer: o Faz Frio. Há mais de meio século que, embora com grande irregularidade, sou cliente daquele espaço de tabiques decorados com figuras da história popular de Lisboa, junto ao Príncipe Real. Lembro-me de um tempo em que se ia lá pela paella, servida para grupos, que se encomendava horas antes (a paella andou na moda lisboeta dos anos 70, com a Saisa a esmerar-se então no prato). O Faz Frio teve épocas, mas, confesse-se, nunca foi um “benchmark” da restauração lisboeta. Digo isto com todo o à-vontade, porque ontem comi lá muito bem: dos pasteis de massa tenra ao bacalhau à Zé do Pipo, passando por uma bela mousse de chocolate que eu e o Pedro Falcão, o simpático (e sportinguista, o que é quase sinónimo) empregado crismámos de “mousse leonina”. A sangria estava a preceito e eu só decidi fazer um “upgrading” para um bom vinho porque o Sporting tinha acabado de ganhar. Até pensei pedir um verde!
Saídos do Faz Frio, apenas umas dezenas de metros adiante, fomos acabar a comemoração ao Snob, outra “catedral” nostálgica. Admito que estava com alguma curiosidade para ver a cara do Senhor Albino, um dos mais seguros “andrades” da capital. Cavalheiro como é, estava como se nada tivesse acontecido para os lados de Oeiras. O Snob nunca foi a minha “praia” como bar, mas, de quando em quando, calha passar por lá para um bife noturno ou apenas para um destilado das ilhas britânicas, como foi o caso de ontem. Estive mesmo para perder o amor à carteira e pedir um Johnny Walker ... Blue Label! Mas achei que era demais...
Três nostalgias cumpridas na noite de ontem, preparando-me para uma alegria ao final da tarde de domingo. Já tenho tido fins de semana bem piores...