Hoje, dia "de reflexão", não se deve falar de eleições na comunicação social. Nem nas redes sociais, presumo que blogues incluídos, segundo a Comissão Nacional de Eleições. Um país que acreditasse na maturidade dos seus eleitores já teria posto termo a esta ridícula política de "faz-de-conta".
Não é apenas pela permanência no tempo desta iníqua disposição que se constata que a inteligência dos portugueses é tida em limitada consideração pelos partidos políticos, que teimam em manter na lei esta absurda limitação. Na noite de domingo, teremos uma outra prova disso: com a maior "lata", e fazendo dos eleitores parvos, todos os partidos cantarão vitória.
O CDS e o Bloco de Esquerda acenarão com os seus microscópicos números, comparando-os com o "benchmark" temporal que lhes der mais jeito. Confessar a sua insignificância autárquica é que nunca! O PSD, que já pôs em campo a sua máquina de comentadores com vista a almofadar o que vai ser a "vitoriosa" abada que vai levar, recorrerá ao estafado truque de afirmar que os resultados, afinal, não foram tão maus como as previsões apontavam, que as coligações não autorizam leituras "precipitadas" da expressão partidária à escala nacional e que, no fundo, "eleições locais são locais", magnificando um ou outro êxito pontual menos aguardado. Internamente incomodado com o facto da sua natural vitória ficar bem longe da expressão de "landslide" que o profundo mal-estar do país deveria justificar em seu favor, o PS cavalgará as mais estrondosas derrotas do PSD e fará a sua festa, esquecendo Évora, Braga e Matosinhos, e contando votos, mandatos, grandes cidades ou câmaras, como melhor convier ao discurso do seu êxito anunciado. O PCP, através do heterónimo grupinho que renasce nos tempos eleitorais, proclamará a "grande derrota" que a política da "troika" sofreu, dando relevo "ao forte voto de confiança que o nosso povo uma vez mais concedeu aos candidatos da CDU". E, não desiludindo expetativas, conclamará as massas para a exigência de eleições legislativas antecipadas.
Os portugueses, esses, irão deitar-se amanhã com uma sensação de "déjà-vu".
Os portugueses, esses, irão deitar-se amanhã com uma sensação de "déjà-vu".