Tenho o dr. Luís Marques Mendes por uma pessoa de bem. O antigo ministro e líder do PSD é uma personalidade que fez o seu caminho político ao longo de vários anos, com mérito e inteligência. E, que eu saiba, sem "casos". O seu modelo de crónica televisiva, aos sábados na SIC, podendo não ter a graça "marota" de Marcelo Rebelo de Sousa, tem, contudo, uma regular cumplicidade com o poder que faz com que nos traga algumas novidades e a antecipação de notícias do mundo político. Podemos questionar se será legítimo que alguém que é pago para comentar o quotidiano possa ter acesso, antes do cidadão em geral, a notícias sobre o curso da governação. Mas isso é um problema que não é dele. Essa é uma questão ética do poder político que, até ver, vamos tendo.
Dito isto, há uma questão que me parece um pouco mais complicada.
Há meses, o nome do dr. Marques Mendes surgiu envolvido com uma empresa relacionada com umas "trapalhadas", relacionadas com uma ONG que causou problemas ao primeiro-ministro. Vimos então o dr. Marques Mendes usar o seu espaço televisivo para afastar as suspeitas, aliás menores e residuais, que sobre si impendiam. Não foi uma coisa óbvia e "bonita". Mas passou, pronto!
Há meses, o nome do dr. Marques Mendes surgiu envolvido com uma empresa relacionada com umas "trapalhadas", relacionadas com uma ONG que causou problemas ao primeiro-ministro. Vimos então o dr. Marques Mendes usar o seu espaço televisivo para afastar as suspeitas, aliás menores e residuais, que sobre si impendiam. Não foi uma coisa óbvia e "bonita". Mas passou, pronto!
Ontem, depois das novas "trapalhadas" dos "vistos gold", o dr. Marques Mendes aproveitou uma vez mais o seu espaço televisivo para se justificar pessoalmente, face a notícias que pareciam envolvê-lo com alguns dos acusados.
Não me parece bem! Por que diabo uma pessoa, que por uma circunstância do acaso, tem um programa de larga audiência televisiva, tem o ensejo de explicar as suas razões perante o país e um qualquer outro cidadão, nesse ou em qualquer outro processo, não tem o acesso aos mesmos meios? Trata-se ou não de uma discriminação positiva, que funciona em objetivo privilégio do dr. Marques Mendes?
Não me parece bem! Por que diabo uma pessoa, que por uma circunstância do acaso, tem um programa de larga audiência televisiva, tem o ensejo de explicar as suas razões perante o país e um qualquer outro cidadão, nesse ou em qualquer outro processo, não tem o acesso aos mesmos meios? Trata-se ou não de uma discriminação positiva, que funciona em objetivo privilégio do dr. Marques Mendes?
Tratando-se de uma pessoa que, repito, tenho por uma pessoa de bem, o dr. Marques Mendes seguramente concordará comigo em como o seu procedimento neste caso, bem como no que anteriormente referi, configura um abuso de poder mediático, que afeta a equidade da nossa justiça.