Foi necessário que, na passada semana, Bagão Felix tivesse utilizado o seu "megafone" mediático para que as Finanças cuidassem de vir pressurosamente a terreiro, por fonte ainda assim anónima, a clarificar o que não era claro: que os funcionários públicos na reforma não estão impedidos de dar contributos que lhe sejam solicitados por entidades públicas, desde que pro bono, a título gracioso.
Sou consultor de duas universidades públicas e faço parte de um grupo de trabalho criado por um diploma interministerial. Não recebo um cêntimo por estas tarefas, mas é com grande prazer que presto esse meu contributo. Faço-o pelo que considero ser meu dever tentar ser útil ao Estado, mesmo na condição de reformado, depois de 42 anos de orgulhoso servidor ativo da "coisa pública".
Como muitas outras pessoas nas mesmas circunstâncias, interroguei-me quando vi publicada a Lei 11/14, de 6 de março. Contrariamente ao anónimo oráculo do Terreiro do Paço, não tomei o "wording" do texto legal à conta de um pretenso "excesso de zelo" (ficando por clarificar o que entendem por "zelo"). Tomei-o pelo que ele era, de facto, e que, agora e sob pressão do escândalo, o poder político teve atabalhoadamente de retificar, ainda assim com um mero "parecer": o interesse em afastar do convívio com o Estado, tão rapidamente quanto possível, os antigos servidores públicos, uns "inúteis" tidos por potenciais desafetos à nova cultura político-administrativa dominante, por forma a evitar que eles venham a "poluir" esse arejado ambiente, com as suas ideias de outrora e com a sua opinião datada.
O escriba de serviço foi longe demais? Talvez, mas não cometeu nenhum lapso, era para ser mesmo assim! Eles fazem asneiras mas não fazem erros. De quem freudianamente "matou o pai" e agora parece querer "privatizar a mãe", tudo é de esperar. Quem os não conhecer que os compre...
O escriba de serviço foi longe demais? Talvez, mas não cometeu nenhum lapso, era para ser mesmo assim! Eles fazem asneiras mas não fazem erros. De quem freudianamente "matou o pai" e agora parece querer "privatizar a mãe", tudo é de esperar. Quem os não conhecer que os compre...