sábado, novembro 12, 2011

O fim do MES

Éramos quase 300. Algumas caras diziam-me muito, outras alguma coisa e outras, francamente, nunca as devo ter visto. Foi o almoço com que saudámos os 30 anos passados desde que, em 1981, um jantar consagrou o termo de um partido cuja existência efetiva já era então algo duvidosa. Foi um almoço sem muitas nostalgias, sem discursos, que seriam inapropriados em gente de uma geração que seguiu percursos nem sempre comuns, mas que, de comum, terá para sempre a bela memória de um tempo magnífico. E que, em geral, não renega as suas heranças.

Alguns faltaram, por razões muito diversas, em certos casos, imperativas e definitivas. Em nome e simbolizando os que partiram, deixo a imagem de alguém que nos fez e faz muita falta: o Agostinho Roseta.

Uma jovem jornalista perguntou-me, antes do almoço, se ao país sente falta, nos dias de hoje, de um partido como o MES. Ri-me e disse-lhe, claro, que não. Embora os portugueses hoje cada vez mais se preocupem com o fim do mes...

Em tempo: aqui deixo um forte abraço de agradecimento ao núcleo organizador do almoço, que foi responsável pela sua impecável realização.

Vale a pena ver aqui um filme sobre o MES publicado no blogue dedicado a este almoço.

13 comentários:

Anónimo disse...

Bons tempos. Este era, de fa(c)to um Partido diferente, desde logo porque não ansiava ser poder. Era mais como um clube de reflexão de uma esquerda moderna, não comunista, mas que não se revia no PS. Também concordo que hoje um tal partido já não faria sentido, mas há que reconhecer em seu favor a consciência de terminar com o partido quando o seu papel de alguma forma se desvaneceu.

No entanto que saudades.

Fernando Coelho

patricio branco disse...

cronica dum almoço anunciada

margarida disse...

Conheci-o. E cheguei a almoçar com ele, tinha eu uns dezanove anos.
Era muito gentil, tinha este mesmo sorriso doce.
Bonita recordação...

Anónimo disse...

No tempo da existência do MES era pré-adolescente, mas acredito que faz falta a Portugal um partido que seja alternativa democrática aos dois maiores partidos que têm comandado os destinos do país nas últimas três décadas. Fazia-lhes muito bem!

Isabel BP

Julia Macias-Valet disse...

E claro que depois do almoço participaram todos na manifestaçao que decorreu ontem em Lisboa !? ; )

Reformados do MES ma non troppo... I hope !

Anónimo disse...

Brilhante o "pun"!
Ana

Helena Sacadura Cabral disse...

Senhor Embaixador
Como calcula conheci muitos MES. Mas quando Fernando Coelho diz que "...era, de fa(c)to um Partido diferente, desde logo porque não ansiava ser poder", tenho algumas dúvidas, porque alguns deles vieram a exercer o poder...
O BE também não ambiciona o poder. E isso é, talvez, o seu mal maior...

António P. disse...

Caro Embaixador,
Nada que agradecer.
Foi um prazer tê-lo entre os convivas.
Abraço

Helena Oneto disse...

Senhor Embaixador,

Junto aos seus os meus parabéns aos organizadores desse almoço. Foi uma excelente iniciativa que, espero, se repita.
Se, porventura, a pergunta me fosse dirigida, teria respondido à jovem jornalista SIM! que Portugal precisa, mais que nunca, de homens e mulheres de esquerda que militem pelos mesmos ideais que o levaram a si e a tantos outros a fundarem o MES.
Se tal acontecer, alinho! but I'm a fool... Am I?

Anónimo disse...

Todo o MES, na percepção de um "de fora" passou-se para o poder e extinguiu-se por isso mesmo. Negociou até essa situação com Mário Soares. É a imagem que restou, correspondente ou não à verdade.
João Vieira

Anónimo disse...

ERA UMA VEZ

Lembro aqui um casal que se dedicou com grande entusiasmo ao velho MES:

CARMO E MAURÍCIO LEVY, ambos desaparecidos tragicamente e antes de tempo...

Anónimo disse...

300?!!
O MES tinha tantos militantes?
Bom, a memória pode pregar partidas...

Isabel Seixas disse...

"Embora os portugueses hoje cada vez mais se preocupem com o fim do mes..."
In FSC
o acento no mês faz a pequena diferença.A preocupação referida é bem real, sem dúvida.

Netanyahu

Tal como vários dos seus contrapartes já fizeram, seria interessante que Luís Montenegro anunciasse que, se Benjamin Netanyahu puser um pé e...