Não está muito na moda citar Elia Kazan. Mas quase que me apetece colocar pontos de admiração no seu admirável "America, América" para expressar a minha perplexidade em face da pobreza (chamemos as coisas pelo seu nome) do nível do debate, sobre temáticas de política internacional, que se processa entre os candidatos à investidura republicana. O que tem sido dito nesse contexto é, no mínimo, surpreendente e chocante, no tocante à impreparação da maioria dos atores políticos que se perfilam para a corrida à Casa Branca.
Alguns dirão que isso não tem a menor importância, que, a seu tempo, o mundo republicano produzirá "wise men" que darão conteúdo programático em matéria de política externa às candidaturas e que, como se viu no passado, por menos habilitados em temas internacionais que os candidatos inicialmente se mostrem, acabarão por ser enquadrados por "think tanks" que produzirão doutrina sólida, para o caso de virem a ascender ao poder. Alguns lembrar-se-ão de Reagan, outros de George W. Bush. A alguns, isso sossegará, a outros isso preocupará.
Confesso que, com anos desta vida internacional, e com os riscos que hoje existem, o panorama atual não me sossega. Kennedy disse, em 1963, face à fronteira da Guerra Fria que eram as portas de Brandeburgo, "Ich bin ein Berliner" (um amigo meu sempre apostou em como, se estivesse em Hamburgo, ele não se atreveria a dizer "Ich bin ein Hamburger"...). Dada a importância que os Estados Unidos têm para a nossa vida, pelo peso que as suas decisões no plano internacional têm sobre todos nós, eu atrever-me-ia a dizer que, meio século depois, quando um novo presidente entrar em funções, "todos seremos americanos". Uma vez mais. Queiramos ou não. E, por essa razão, a substância dos debates a que me refiro neste post está longe de me ser indiferente.
5 comentários:
Bato palmas(*), apenas
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(*) Repetição absolutamente normal
Compreendo bem o que diz!
Completamente de acordo! A esterilidade brada aos céus! E, no tocante à corrente crise, o comportamento republicano no Senado em relação ao problema da dívida, é incompreensível.
O habitual abraço,
Gilberto Ferraz
O comportamento republicano, não só no Senado mas em todo o Congresso, em relação ao problema da dívida só é incompreensível para quem está mal informado sobre o que lá se passa... e/ou está preso aos habituais preconceitos relativamente aos dois principais partidos norte-americanos.
Pessoalmente estou mais preocupado com as próximas Presidenciais Francesas, já que o resultado terá grande influência no futura da UE e do Euro. Gostaria de ver mais posts no seu Blog sobre estas eleições, que não são tão faladas nos mídia quanto as Eleições Americanas
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