quinta-feira, novembro 24, 2011

America! America!

Não está muito na moda citar Elia Kazan. Mas quase que me apetece colocar pontos de admiração no seu admirável "America, América" para expressar a minha perplexidade em face da pobreza (chamemos as coisas pelo seu nome) do nível do debate, sobre temáticas de política internacional, que se processa entre os candidatos à investidura republicana. O que tem sido dito nesse contexto é, no mínimo, surpreendente e chocante, no tocante à impreparação da maioria dos atores políticos que se perfilam para a corrida à Casa Branca.

Alguns dirão que isso não tem a menor importância, que, a seu tempo, o mundo republicano produzirá "wise men" que darão conteúdo programático em matéria de política externa às candidaturas e que, como se viu no passado, por menos habilitados em temas internacionais que os candidatos inicialmente se mostrem, acabarão por ser enquadrados por "think tanks" que produzirão doutrina sólida, para o caso de virem a ascender ao poder. Alguns lembrar-se-ão de Reagan, outros de George W. Bush. A alguns, isso sossegará, a outros isso preocupará.

Confesso que, com anos desta vida internacional, e com os riscos que hoje existem, o panorama atual não me sossega. Kennedy disse, em 1963, face à fronteira da Guerra Fria que eram as portas de Brandeburgo, "Ich bin ein Berliner" (um amigo meu sempre apostou em como, se estivesse em Hamburgo, ele não se atreveria a dizer "Ich bin ein Hamburger"...). Dada a importância que os Estados Unidos têm para a nossa vida, pelo peso que as suas decisões no plano internacional têm sobre todos nós, eu atrever-me-ia a dizer que, meio século depois, quando um novo presidente entrar em funções, "todos seremos americanos". Uma vez mais. Queiramos ou não. E, por essa razão, a substância dos debates a que me refiro neste post está longe de me ser indiferente.

5 comentários:

Anónimo disse...

Bato palmas(*), apenas

_______
(*) Repetição absolutamente normal

Helena Sacadura Cabral disse...

Compreendo bem o que diz!

gherkin disse...

Completamente de acordo! A esterilidade brada aos céus! E, no tocante à corrente crise, o comportamento republicano no Senado em relação ao problema da dívida, é incompreensível.
O habitual abraço,
Gilberto Ferraz

OCTÁVIO DOS SANTOS disse...

O comportamento republicano, não só no Senado mas em todo o Congresso, em relação ao problema da dívida só é incompreensível para quem está mal informado sobre o que lá se passa... e/ou está preso aos habituais preconceitos relativamente aos dois principais partidos norte-americanos.

Anónimo disse...

Pessoalmente estou mais preocupado com as próximas Presidenciais Francesas, já que o resultado terá grande influência no futura da UE e do Euro. Gostaria de ver mais posts no seu Blog sobre estas eleições, que não são tão faladas nos mídia quanto as Eleições Americanas

Sócrates

Por que será que, neste dia que assinalam os dez anos sobre a noite em que José Sócrates foi preso à chegada ao aeroporto de Lisboa, hesitei...