segunda-feira, setembro 21, 2009

Gatos

A tensão na vida político-partidária portuguesa foi subitamente atenuada pela presença de figuras políticas num programa humorístico dos "Gatos Fedorentos". Aí está a ser possível ver tais personalidades num registo mais solto e descontraído, em que a interlocução com a genialidade de Ricardo Araújo Pereira consegue, muitas vezes, trazer ao de cima algumas dimensões humanas dos entrevistados. Fico com a sensação de que, para a generalidade da opinião pública, essas "entrevistas" têm sido um bálsamo, num ambiente de crispação pré-eleitoral que não tem facilitado a normalidade do seu quotidiano.

Porém, e à revelia do que me parece ser a ideia mais generalizada, pergunto-me se esta "dessacralização" das figuras políticas, com a respectiva recondução a um ambiente de obrigatório humor, não acaba por funcionar em detrimento de uma certa dignidade da política, como se a aceitação desta tivesse necessariamente que passar por uma rendição às versões mais palatáveis da linguagem mediática.

Mas pode ser que eu esteja a ver mal as coisas, concedo.

3 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

Claro que está a ver bem as coisas. Uma parvoice pegada, estes programas.

Helena Sacadura Cabral disse...

Nem é tanto a dessacralização das figuras políticas que está em causa. Cada um deles, à sua maneira e há bastante tempo que perdeu, de moto próprio, essa "sacralização".
O que me incomoda mais é que, a coberto da eficácia da caça ao voto, ninguém tenha sido capaz de dizer não. Ninguém quiz correr esse risco, com receio de ficar mal visto. Nem Jerónimo de Sousa.
O mesmo direi do lamentável programa de mostrar "a casinha" e o "lado oculto e humano" dos políticos. Também ninguém fugiu. Em matéria de caça ao voto, vai valendo tudo! Em todos!
Ui! Até me arrepio. E isto, cá por casa já deu guerra...

Anónimo disse...

Cara HSC, permita-me uma correcção: MFLeite fugiu e em minha opinião fez muito bem. Pelo menos que eu saiba. E assim ninguém lhe viu a casinha, nem a palrar com a jornalista num qualquer passeio alegre.
P.Rufino

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