Às vezes é compulsivo, para se mostrar no centro da atualidade, outras é por vocação para a intriga, outras ainda é por distração irrefletida, que raia a falta de sentido de responsabilidade. É assim que alguns se tornam em promotores de indiscrições.
A França está a ser abalada por uma "crisette" provocada por uma entrevista dada ao "Le Monde" pelo Secretário-Geral da Presidência da República, Jean-Pierre Jouyet, na qual este terá revelado extratos de uma conversa com o antigo primeiro-ministro François Fillon. Segundo Jouyet, que foi secretário de Estado dos Assuntos europeus do governo Fillon em 2007, este último terá insistido, nessa conversa, em que os processos judiciais contra Sarkozy fossem acelerados, a fim de se evitar o regresso do antigo presidente aos palcos políticos - algo que seria vantajoso para François Hollande e para figuras emergentes na direita, como ele próprio, François Fillon. Não evitaram, como se viu. Fillon, que está numa guerrilha virtual com Sarkozy pelo poder, nega ter abordado o assunto e Jouyet mete um pouco os pés pelas mãos, sem se desmentir face a uma gravação da entrevista que, a ser revelada, pode ser comprometedora. Certa direita francesa exulta: "enterra" Jouyet, que sempre considerou um "traidor" (passou do governo Sarkozy a chefe político-administrativo do Eliseu, com Hollande), pretende abater Fillon pela denúncia das suas "intrigas", credibiliza as teses do "complot" contra Sarkozy e, como cereja no bolo, vê criado um imenso embaraço para François Hollande... como se ele necessitasse de mais um!
Em França, porém, este tipo de " leaks" é vulgar, embora as mais das vezes em registos temáticos muito menos polémicos. Coisas ditas em conversas telefónicas "a dois" surgem publicadas, regulamente, no "Canard Enchainé" e na "Marianne"´e aquele país já vive com isso com certa naturalidade. O que não deixa, contudo, de provocar pequenas crises.
Não é muito comum, no seio da classe política portuguesa, a propensão para provocar o surgimento na imprensa deste tipo de indiscrições. Mas já aconteceu e todos conhecemos alguns nomes que, com regularidade, ajudam a essa "festa", embora tenha desaparecido a maioria dos órgãos de imprensa onde esse vício se revelou. Não deixa de ser saudável que, pelo menos até ver, tenhamos escapado a essa cultura de indiscrição.
Em tempo: a França é também o país do humor subtil. Leia-se uma deliciosa "carta póstuma de Michel Vaillant", o volante da ficção de banda desenhada, dirigida a François Fillon, que é conhecido como um empenhado piloto amador de competições automobilística. Nesta "carta" que o "Le Figaro" hoje traz, é recordado o conselho do grande piloto que foi Juan Manuel Fangio: "A que velocidade se deve conduzir para ganhar uma corrida? O mais lentamente possível. Basta chegar antes do segundo..." Leia aqui.
Não é muito comum, no seio da classe política portuguesa, a propensão para provocar o surgimento na imprensa deste tipo de indiscrições. Mas já aconteceu e todos conhecemos alguns nomes que, com regularidade, ajudam a essa "festa", embora tenha desaparecido a maioria dos órgãos de imprensa onde esse vício se revelou. Não deixa de ser saudável que, pelo menos até ver, tenhamos escapado a essa cultura de indiscrição.
Em tempo: a França é também o país do humor subtil. Leia-se uma deliciosa "carta póstuma de Michel Vaillant", o volante da ficção de banda desenhada, dirigida a François Fillon, que é conhecido como um empenhado piloto amador de competições automobilística. Nesta "carta" que o "Le Figaro" hoje traz, é recordado o conselho do grande piloto que foi Juan Manuel Fangio: "A que velocidade se deve conduzir para ganhar uma corrida? O mais lentamente possível. Basta chegar antes do segundo..." Leia aqui.