sábado, fevereiro 14, 2015

Medeiros Ferreira

A "Tinta da China" acaba de editar "A Liberdade Interventiva", um conjunto muito variado de testemunhos sobre a vida, obra e pessoa de José Medeiros Ferreira, que nos deixou no ano passado.
 
Tive o gosto de participar nessa homenagem àquele que foi uma grande figura da vida cívica e académica portuguesa, cuja voz livre e desassombrada muita falta nos faz nos dias cinzentos que por aí andam.

sexta-feira, fevereiro 13, 2015

Azar

Hoje, sexta-feira 13, o senhor primeiro-ministro teve azar. Disse que Portugal foi dos países que mais contribuiu na ajuda europeia à Grécia. O Dr. Passos Coelho, no seu militante empolgamento contra o novo governo de Atenas (confessou também que, no Conselho Europeu, não se cruzou com o seu colega grego, o que é uma coisa no mínimo estranha), passou ao lado da verdade - e custa-me ter de admitir que deveria saber que o fazia deliberadamente, porque a alternativa era estar mal informado, o que não sei se não seria pior. O chefe do governo tinha a obrigação de dizer aos portugueses a verdade. E a verdade é muito simples. Por um lado, Portugal não contribuiu para a Grécia com nem menos nem mais do que aquilo que todos contribuíram: de acordo com o peso do seu PIB. Por outro lado, essa contribuição portuguesa fez-se na simples obediência aos tratados europeus, que Portugal, tal como a Grécia, subscreveu. A contribuição portuguesa nada teve a ver com a "bondade" da posição nacional, isto é, não derivou de qualquer decisão tomada pelo executivo de Lisboa. 
 
Podem não acreditar, mas custa-me bastante ver o chefe do governo do meu país a mentir. Eu sei que a palavra é forte, mas é a que me ocorre para qualificar a não observância da verdade dos factos. Se alguém me provar que o que aqui digo é falso, não terei a menor dificuldade em me penitenciar e apresentar um pedido de desculpas ao dr. Passos Coelho.

quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Humberto Delgado

A ideia de conferir o nome de Humberto Delgado ao aeroporto da Portela, proposta pela Câmara Municipal de Lisboa. no ano em que se comemora a passagem de meio século sobre o bárbaro assassinato do "general sem medo", que ousou afrontar a ditadura nas "eleições" presidenciais de 1958, é um gesto de grande significado.

Oriundo das hostes do Estado Novo, com um papel determinante na criação da aviação em Portugal, tendo sido diretor-geral da Aeronáutica Civil, Delgado viria a dissociar-se de Salazar nos anos 50, depois de ter exercido funções como Adido Militar na embaixada portuguesa em Washington. Por iniciativa de setores não comunistas da oposição democrática (que antes já haviam pensado em nomes como Cunha Leal, Jaime Cortesão ou Mário de Azevedo Gomes), o nome de Humberto Delgado acabou por ser aceite por toda a oposição, depois das forças próximas do PCP terem prescindido da candidatura de Arlindo Vicente.

Derrotado numas "eleições" provadamente fraudadas, num ambiente de aberta repressão e intimidação, Delgado viria a ser demitido das funções públicas, exilando-se inicialmente no Brasil e, posteriormente, na Argélia, de onde seria atraído a uma cilada montada pela polícia política portuguesa, no lugar de Los Palos, em Villanueva del Fresno, junto a Olivença, em Espanha, onde seria barbaramente assassinado, em 13 de fevereiro de 1965.

Esperamos agora que o governo português siga esta recomendação da Câmara Municipal de Lisboa. Ficava-lhe bem.

Em tempo: deputados de todos, repito, todos os partidos subscreveram uma proposta no mesmo sentido. Aguarda-se, com interesse a posição do executivo.

SIC Notícias

                           
Hoje, a partir das 22 horas, estarei na SIC Notícias para abordar o Conselho Europeu que hoje tem lugar.

quarta-feira, fevereiro 11, 2015

O sentido e o Estado

Já tive oportunidade de comentar, com desgosto, o modo deselegante como o primeiro-ministro português se pronunciou sobre o programa do novo governo grego, que qualificou de "histórias de crianças". Tenho pena que o dr. Pedro Passos Coelho se tenha deixado arrastar para uma linguagem que se afasta daquela que um chefe de governo de um país responsável deve ter, em face de uma decisão democrática do eleitorado de um país amigo. O que é que deveria ter dito? Uma coisa deste género: 

"O governo português dá as boas vindas ao novo governo grego, que resultou de uma eleição livre e altamente disputada, naquele que é um país amigo e aliado de Portugal. O nosso país tomou boa nota das posições expressas pelo novo governo grego, que relevam de uma profunda preocupação do seu povo, no tocante às suas relações económico-financeiras com as instituições europeias. Portugal formula votos de que, do diálogo de Atenas com essas instituições, possa emergir um compromisso que seja mutuamente favorável à Grécia e à União Europeia no seu todo. Portugal saúda o interesse grego em permanecer na zona euro e formula votos de que as soluções de futuro possam contribuir para aliviar a difícil situação social que aquele país atravessa, as quais devem continuar a merecer ampla solidariedade por parte dos seus parceiros".

Era isto, ou algo similar, que se esperaria que o primeiro ministro português dissesse. Era nesta linha que o ministro da Economia se deveria ter pronunciado, em lugar de produzir graçolas de mau gosto sobre "um governo feito em meia hora". Era também assim que um outro dito responsável se deveria ter comportado, em lugar de andar a "twittar" chistes mariolas em língua inglesa.

Finalmente, e mais do que tudo, lamento profundamente, como cidadão português, o tom e o estilo dos comentários que hoje foram feitos sobre o assunto pelo senhor presidente da República, não obstante, neste caso, tenhamos de os contextualizar. Foi no Congresso Nacional do Milho.

A verdade e as notícias

Nunca fui um grande fã de Brian Williams, o "anchor" dos noticiários da NBC que agora caiu em desgraça, por ter mentido. Sempre achei irritante aquele género de apresentação demasiado "certinha", aquele seu estilo muito anos 50, cabelo "à Cary Grant", voz grave e uma certa sobranceria. Mas, enfim, esta é apenas a minha opinião e ela nada vale face aos mais de nove milhões de espetadores que diariamente o apreciavam. 
 
Brian Williams mentiu. A mentira, na sociedade americana, é o mais devastadores dos crimes, no que toca aos efeitos de avaliação de caráter (recordemos Bill Clinton). Brian Williams "inventou" que esteve envolvido na queda de um helicóptero militar, atingido no Iraque. Era falso, não esteve. Foi agora suspenso, seis meses, sem salário, ele que ganha 10 milhões de dólares por ano...
 
O jornalismo universal está cheio de mentiras, umas vezes punidas, outras vezes não. Por cá, os nossos jornalistas vivem muito num ambiente de auto-proteção de classe, que raramente os leva a excluírem os seus pares prevaricadores. O que é pena, porque também qualifica a classe. Há dias, na televisão, lado a lado com jornalistas credenciados, lá estava, a dar opiniões com ar credível, uma figura do nosso jornalismo que foi condenada, com trânsito da sentença em julgado, por ter inventado uma falsa prova num processo mediático.
 
No início do século, um então célebre jornalista português "cobriu" a Revolução russa a partir de Paris, fazendo, do conforto dos "boulevards", reportagens das quais transparecia a sua "vivência" dos episódios que se passavam em S. Petersburgo, quase lado a lado com John Reed. Nos anos 60, uma pena notável da nossa comunicação social arrancou lágrimas com as suas descrições dos corpos que emergiam das ruínas de Agadir, depois do terramoto, muito embora não tivesse abandonado a comodidade do bar do hotel em Casablanca, onde alimentava a imaginação e bebia o que ouvia. Há anos, dava aulas de jornalismo numa universidade um "profissional" que descreveu, com pormenores, uma reunião do Conselho da Revolução que, afinal, não se tinha realizado, o que o levou a desculpar-se como se tivesse tratado de um "erro técnico" - explicando que, se acaso a reunião se tivesse realizado, as posições a assumir por cada interveniente teriam sido aquelas que ele descrevera. E outros casos conheço, até por experiência pessoal. E não me recordo que sobre algum deles tenha caído o opróbrio deontológico de uma classe em que há gente da maior qualidade, profissional e humana.
 
A mentira e o jornalismo são um par fascinante. 

Minhas Senhoras!

A polémica entre Ana Gomes e Isabel Moreira é um momento infeliz na vida política portuguesa. Sendo deputadas do mesmo partido, devem a sua evidência pública a essa mesma formação, a qual lhes oferece o "palco" e até uma impunidade institucional face àquilo que dizem. 

Por essa razão, não lhes ficaria mal cuidarem menos dos seus egos e da afirmação das suas idiossincrasias, em reforço curricular do seu histórico público, e preocuparem-se um pouco mais com o interesse do partido que tão generosamente as acolhe no seu seio e as não escolheu para as funções que ocupam para andarem "às turras" no espaço mediático. 

Digo isto, sendo grande amigo de Ana Gomes e nunca tendo falado com Isabel Moreira.

terça-feira, fevereiro 10, 2015

Destruição criativa

Há meses, num "Prós e Contras" em que eu participava, um dos parceiros de debate ficou chocado com a utilização do termo "destruição criativa", empregue por outro dos intervenientes. A conversa não era diretamente comigo, pelo que me coibi de clarificar que o conceito era bem antigo, de Schumpeter, e que estava longe de ser uma "trouvaille" neoliberal, embora fosse esta corrente quem obscenamente o utilizava. A ideia é simples: numa economia de mercado, o velho e inadequado sacrifica-se para dar lugar ao novo e mais criativo.

Hoje, ao passear por uma rua lisboeta, lembrei-me muito da "destruição criativa". Lojas de toda a espécie, com poucos anos ou mesmo meses, que não há muito faziam as colunas do "Time Out", estão irremediavelmente fechadas. Fui andando pela rua e o ambiente era estarrecedor.

Pus-me a pensar no que será feito dessa gente, quase sempre jovem, que investiu numa ideia para logo se dar conta que o mercado não respondia positivamente. Terão sido suficientemente cautelosos? Terão avaliado bem as hipóteses de sucesso daquilo em que se envolviam? Onde estão hoje? Na lógica da "destruição criativa", já deverão ter aberto um novo espaço? Mas será assim? Ou terão emigrado? Que aconteceu às suas famílias? E às suas dívidas?

Um dia, numa conversa transatlântica, tive uma longa conversa com um liberal lusitano, entretanto já desaparecido. Fiquei surpreendido com o seu entusiasmo, quase lírico, pelo futuro, com a sua crença na inevitabilidade do sucesso das suas ideias, numa lógica imparável de raciocínio que não tinha tempo a perder com ceticismos, que considerava como retrógrados e tributários de uma categoria inferior de abordagem. Ele era um homem maduro, com experiência, com bastante sucesso. Não se tratava de um miúdo voluntarista, desses que pululam pelos blogues, que têm o "Observador" como bíblia sintética, saídos das "business schools" e que se vestem como acham que os "yuppies" da City ou daWall Street se vestem.

Devo dizer que fiquei siderado com o tom da sua conversa. No fundo, ao ouvi-lo, via-me a mim nos meus vinte anos, com as ilusões do meu marxismo radical de então, na minha crença, também ela inabalável, nos inevitáveis "amanhãs que cantam". Num outro modelo, também eu acreditava então que uma certa "destruição criativa" era essencial, para a sociedade poder dar um salto em frente. À época, eu pensava que o caminho para o futuro implicava, necessariamente, queimar etapas, sacrificar gerações, para pavimentar esses dias radiosos e regeneradores.

Hoje, congratulo-me com o facto dessas minhas ideias não terem vingado, ciente de como elas eram perigosas e cruéis, por  muito generosas que fossem (e eram). Tal como os liberais que por aí andam, por alguns meses ainda com responsabilidades de poder doméstico, eu tinha por justo que a geração em que eu próprio vivia fosse sacrificada no altar de um futuro salvífico. Hoje não acredito em nada disso e, no que toca à "destruição criativa", acho mesmo que devemos atender em prioridade aos "destruídos" (desempregados, reformados, falidos, emigrados). O amanhã é amanhã e os nossos concidadãos têm de comer hoje.

Ascenso Simões


A utilização pelo Partido Socialista das "eleições primárias" como método de escolha do seu "candidato a primeiro-ministro" já estão arquivadas na memória política do país. Derrotado nesse exercício que teve o mérito de proporcionar, António José Seguro saiu de cena como secretário-geral do PS e António Costa sucedeu-lhe em congresso. Com a avalanche quotidiana da nossa vida política, em que a espuma dos dias tudo esconde, dá ideia que isto já foi há séculos...
 
Ascenso Simões, um antigo secretário de Estado, interveio nesse debate através de várias tomadas de posição, colocando-se abertamente ao lado de António Costa. Fê-lo, porém, com uma elegância na forma de intervir que marcaram alguma diferença face a outros que, empolgados com a escolha interna, passaram algumas marcas. Dos dois lados, há que dizê-lo.
 
Ascenso Simões publicou há pouco as peças dessa sua intervenção num pequeno livro, significativamente intitulado "O Bom Combate", que julgo que não pretende ser mais do que um testemunho cívico, aprofundando algumas temáticas trazidas ao debate. O volume é apresentado pelo professor José Adelino Maltez. Sem esconder a sua opção, Ascenso Simões apresenta nesses textos um raro equilíbrio na análise. Essa é a razão que me leva a destacar aqui esse livro, de um tempo já longínquo, mas que fixa alguns dos seus capítulos essenciais. E que, muito em particular, releva esse exercício único de cidadania que foram as "eleições primárias" dentro do PS.     

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

A sinfonia europeia


Se estiverem com atenção, nos discursos dos dirigentes gregos que por estes dias se ouvem, surge por vezes a palavra "sinfonia". 

Aprendi nas negociações europeias: em grego, a sonoridade "sinfonia" significa "acordo".

Heverá uma sinfonia europeia? 

O derby

O meu amigo José Ferreira Fernandes escreve, quase todos os dias, na última página do "Diário de Notícias", uma das mais lidas colunas do país. Culta e erudita, divertida e incisiva, a sua crónica faz com que eu leia sempre o jornal como um livro em árabe: da última para a primeira página.

Ferreira Fernandes não se esconde no politicamente correto mas, por vezes, quando um certo viés o achaca, "encarna" a escrita e a sua tecla, até aí subtil e livre, resvala para uma ambiguidade que o desmerece. 

Hoje, o seu espaço é inspirado pelo jogo que ontem teve lugar no estádio do Sporting Club de Portugal e tem por título "O derby que me iluminou o fim de semana". O autor não esclarece como essa iluminação se processou, mas, sabendo-se a luz que o persegue, acho que, paradoxalmente, poderá ter sido à sombra de um lampião.

Tenho grandes cumplicidades com Ferreira Fernandes. Partilhamos muitas afinidades e, por conseguinte, temos várias "desafinidades" em comum. Mas, discordamos, saudavelmente, em matérias essenciais da vida, em temas telúricos, chãos, coisas rente à relva, a qual, por sinal, é e será sempre verde. Por isso, há pouco, ao ler o título do seu (sempre excelente) texto, lamentei que nos não tratássemos por tu. Porquê? Porque me apetecia dizer-lhe: o que tu queres sei eu!   

Rui Brito e Cunha (1937-2015)


Acabo de saber, pela charla televisiva de Marcelo Rebelo de Sousa, da morte de Rui Brito e Cunha.

Mais de uma década de idade e algo mais em anos de carreira nos separava. Porém, desde que nos conhecemos, beneficiei da parte dele de uma atitude de generosa atenção, que cedo nos trouxe uma boa amizade.

O Rui era um "public relations" excecional, com uma grande elegância e "savoir-faire". Foi um magnífico chefe do Protocolo do Estado, posto que começou por ocupar interinamente no auge do período revolucionário, tempo em que o bom senso e o equilíbrio eram aí mais do que essenciais.
 
Recordarei para sempre a sua imagem a recolher a bandeira nacional, em S. Tomé e Príncipe, no dia que consagrou a independência daquele país. Lamento que ele não tenha passado a escrito as histórias deliciosas que testemunhou ao longo da sua multifacetada carreira, de Paris a Tóquio, de Belgrado a Islamabad, de Madrid a Argel, de Maputo a Rabat. Recordava esses episódios com graça, mas sempre com a discrição que a deontologia lhe recomendava.
 
Um dia de 1989, entrou esbaforido pelo meu gabinete das Necessidades. Soubera que o ministro de então tinha a intenção de nomeá-lo para o cargo de Inspetor Diplomático e Consular. A ideia de ter de instaurar processos disciplinares a colegas aterrava-o. Pediu-me se o podia ajudar a evitar ser nomeado para esse cargo - uma importante Direção-geral das Necessidades. Não se importava de assumir na casa uma função hierarquicamente inferior, mas nunca aquele lugar. Com algumas artes, astúcias e cumplicidades, conseguiu-se o que pretendia. Celebrámos mais tarde, num almoço, o êxito dessa "operação".  
 
O Rui Brito e Cunha deixa uma grande saudade nos seus amigos. Daí a pouco, às 13.30 horas, estaremos na igreja da Estrela a despedirmo-nos dele.

domingo, fevereiro 08, 2015

Notas domingueiras

 
1. Tenho simpatia pelo Real de Madrid, enquanto o Ronaldo por lá andar. Mas o fascínio do futebol é feito por coisas como a "abada" que ontem o Atlético da cidade lhe deu.
 
2. A ministra da Justiça declara-se a favor da descriminalização da venda de drogas leves, O primeiro ministro diz que é uma posição pessoal da ministra e não do governo. Tem lógica, não tem?
 
3. Em França, a direita democrática francesa recusou-se a seguir a regra "republicana" de aconselhar o voto no opositor a um candidato da extrema-direita. Apesar disso, o candidato socialista ganhou. Mas perdeu a democracia francesa.
 
4. A SIC Notícias deu cinco minutos, em direto, de um discurso do primeiro-ministro na inauguração de um quartel de bombeiros. O fim anunciado da RTP que a nova administração prenuncia merece reconhecimento.
 
5. Não gosto de filas, de pré-pagamento, de self-service ou de mesas coletivas nos espaços de restauração. Acho, aliás, que ninguém gosta, mas poucos têm a coragem de o dizer alto.
 
6. "Quando tiver dinheiro, compro este livro", comentava uma senhora com ar triste, numa livraria. Cobardemente, tive vergonha de lho oferecer.
 
7. Há quem diga que uma das razões pela qual Angela Merkel não flexibiliza a sua posição face aos gregos é por temer ser zurzida pelo batalhão liberal dos cronistas da "Opinião" do "Observador".
 
8. Longe de mim a ideia de querer dar conselhos ao Largo do Rato, mas fico com a sensação de que ainda não se deram conta de que, para o governo, a campanha eleitoral já começou.
 
9. Que se passa com o Reino Unido? Mesmo numa questão tão importante para os Estados Unidos como é a Ucrânia, Londres exclui-se de uma iniciativa europeia.
 
10. O Sporting provou que se mantém um clube essencialmente católico: só ganha quando deus quiser. E parece que este não quer...

Campo de Ourique


Tenho um fascínio assumido pelo bairro lisboeta de Campo de Ourique. Aprecio a sua cultura de bairro, as lojas paradas no tempo, a planura que permite passear, os cafés e até os poucos espaços livreiros. Só detesto o tráfego e a concomitante dificuldade de estacionamento.
 
Come-se bem - e também assim-assim - em Campo de Ourique. Fiz um pequeno guia gastronómico do bairro, com restaurantes de diferente qualidade e preço. É claro que esta é apenas a minha opinião. Ela aqui fica.

sábado, fevereiro 07, 2015

Manuel de Lucena


No dia em que faria 77 anos, morreu Manuel de Lucena. 

Era um pensamento livre, uma figura heterodoxa. Nos anos 60, esteve ligado ao ativismo académico e àquilo que era a modernidade do pensamento cultural e político da época, como a revista "O Tempo e o Modo". Na política, depois de integrar o efémero "Movimento de Ação Revolucionária" e ajudar a criar, no exílio, a revista "Polémica", viria, após o 25 de abril, a ser seduzido por Sá Carneiro e pela sua Aliança Democrática. Em 1996, apoiaria o seu antigo colega de lutas académicas, Jorge Sampaio, na sua candidatura à presidência da República. 

Manuel de Lucena foi autor de uma importante obra de investigação na área da Ciência Política, com vários livros publicados, neles tendo dado especial atenção ao período e figuras do Estado Novo.

sexta-feira, fevereiro 06, 2015

Onde está a Europa ?


Há uns anos, se bem se lembram, a União Europeia dispunha de presidências rotativas com alguma visibilidade. Nas crises e nas relações, acompanhada do Alto Representante para a Política Externa e de Segurança, a presidência desenvolvia as diligências necessárias, às vezes com a colaboração da Comissão Europeia e da presidência seguinte.

Um dia, a União Europeia inventou o Tratado de Lisboa. O alargamento tornava a UE difícil de dominar pelos poucos que a isso se tinham habituado. Criou a figura do presidente do Conselho Europeu, fez desaparecer os ministros dos Negócios Estrangeiros das reuniões dos Conselhos Europeus e converteu a Comissão Europeia no seu órgão executivo e no seu "polícia financeiro", dando-lhe como função ser uma espécie de "ASAE" do comportamento macro-económico dos países. Era a vitória despudorada do "diretório" das potências que, pela Europa, se dão ares de grandes. Coisa, aliás, que durou pouco: a Alemanha rapidamente tomou conta "das operações". Para disfarçar essa solidão, fez a cooptação da França, que sempre adora os momentos em que julga poder recriar o "eixo Paris-Berlim", tentando fazer esquecer que o verdadeiro eixo que hoje existe é Berlim-Frankfurt. Primeiro foi Sarkozy, agora é Hollande.

E lá foram eles hoje, em nome sabe-se lá de quem, tentar a mediação na Ucrânia. O pessoal de Bruxelas já deve estar de fim-de-semana...

Europa de costas voltadas


Um bom fim de semana!

Aos domingos!

Terreiro do Paço


Uma extraordinária fotografia de Clara Azevedo, que acho importante ser conhecida.

36, Quai des Orfèvres

Foi detido o diretor da Polícia Judiciária francesa, por violação do segredo de justiça. Há meses, no mítico nº 36 do Quai des Orfèvres, em Paris, sede dessa instituição, vários agentes violaram uma mulher nas próprias instalações..
 
Um abraço saudoso, caro comissário Maigret!

Dia 25 deste mês

Helena Pereira, no editorial do "Público" de hoje, a dizer o que precisa de ser dito sem meias palavras.  Já agora: à atenção do P...